As Descobertas de um “Eu” Artista
Jessica Roberts, 33 anos, começou a se envolver com a música por meio do apoio de uma professora em uma apresentação na escola em que estudava. Em 2012, realizou o primeiro lançamento musical e, atualmente, participa de eventos musicais e é compositora
Kathleen Vieira
Jessica Roberts, 32 anos, é uma cantora capixaba nascida e criada na cidade de Vitória. Em 2004, começou a se envolver com a música por meio do apoio de uma professora em uma apresentação na escola em que estudava. Em 2012, lançou a primeira música, intitulada “Essa é a Hora”, na rádio Tribuna AM 590. Em 2018, veio o CD “Intrínseco”, que possui quatorze faixas autorais, sendo quatro em espanhol. Atualmente, Jessica participa de eventos musicais, trabalha na composição de músicas para o repertório próprio e na produção audiovisual das próprias obras.
Quem observa a cantora capixaba Jessica Roberts apresentando-se em eventos, cantando em shows, lives ou fazendo brincadeiras nas redes sociais não imagina que por trás dessa imagem segura e de ótima autoestima existe uma pessoa que para encontrar-se no nível artístico atual, precisou, primeiro, descobrir-se como artista.
A habilidade musical foi realmente comprovada em 2004, quando, com o apoio de uma professora de Língua Portuguesa, participou de um projeto em que cantou uma canção autoral na escola em que estudava. Desde então, Jessica resolveu mostrar a arte para o mundo por meio da música. Foi a partir desse momento que, a então estudante, começou a entender e a ver uma possibilidade de carreira na área.
Jessica relata que teve muitos questionamentos, pois veio de um meio religioso, que “podava” esses desejos de artes e ela, sendo filha de pastor, sentia uma maior pressão social. A artista conta, ainda, que nunca pensou em seguir na carreira gospel, pois na religião em que foi criada não tem um gospel, há hinos e cânticos que não são popularizados, mas, somente cantados, durante os cultos
Eu sempre quis ser artista. Contudo, por causa dessas questões religiosas e por estar nesse contexto de filha de pastor, eu acabei anulando meus sonhos e objetivos para viver uma vida que idealizaram para mim
Jessica Roberts
Nessa de não seguir os sonhos, Jessica terminou o ensino médio e foi fazer um intercâmbio no Peru para melhorar o espanhol. Após ficar dois meses no país, retornou ao Brasil e começou a estudar no curso de letras português. “Eu pensei: vou ter uma carreira convencional por mais que eu me prive da arte. Vou trabalhar com o plano B que eu gosto também”, relata.
Jessica resolveu expandir os conhecimento além da língua portuguesa e fez cursos externos (extracurricular) sobre o idioma espanhol. Assim, ampliou a formação, começou a ministrar aulas e inseriu músicas nos projetos. De modo bem tímido, iniciou uma atividade artística, aos 21 anos, mesmo que de forma involuntária, dentro da sala de aula. Foi ali que conquistou os primeiros fãs: os alunos. Apesar de compor músicas desde os 14 anos, somente aos 21 lançou a primeira composição que foi intitulada “Essa é a Hora”.
A Música “Essa é a Hora” foi escolhida para ser lançada antes das outras, pois serviu de campanha para um movimento que os fãs do grupo Rouge, uma girl band de grande sucesso no Brasil em 2002, fizeram que ficou intitulado como “Volta Rouge” em 2012. “Rouge estava fazendo 10 anos, em 2012, e ‘Essa é a Hora’ tem mais de quinze títulos das músicas do Rouge na letra todinha dela”, conta Jessica.
Eu sempre quis ser artista, só que por causa dessas questões todas, principalmente a questão religiosa, por estar nesse contexto de filha de pastor, de alguém muito proeminente ali no meio religioso eu acabei anulando meus sonhos e objetivos para viver uma vida que idealizaram para mim
Jessica Roberts
O lançamento do primeiro disco da Jessica aconteceu somente após seis anos de “Essa é a Hora”. O álbum “Intrínseco” foi lançado no mercado em 2018 e apresenta 14 faixas totalmente autorais, sendo quatro cantadas em espanhol. O disco sempre foi um grande sonho para Jessica, que, mesmo sem ter um patrocinador para o álbum, juntou um dinheiro do trabalho como professora de espanhol e conseguiu gravar em um estúdio profissional.
Ao invés de ficar pensando nos meus problemas, vou arranjar uma terapia que vai me fazer bem. Eu não estava com dinheiro para psicólogo e resolvi investir todo o meu tempo nas músicas para compor e para repaginar algumas letras que eu já possuía
Jessica Roberts
Em 2019, foi o ano que ela fez o primeiro show autoral na “GUAVA Lab” e, naquele momento, ela pôde ver pessoalmente uma galera cantando todas as suas composições e começou a entender que a música tem o poder de conectá-la às pessoas. Mesmo após lançar um álbum e fazer um show em que várias pessoas cantaram as suas músicas, Jessica relata que ainda não se sentia uma verdadeira artista, mas uma amadora que lançou músicas para ter as próprias composições registradas.
Esse pensamento mudou quando ela ganhou o primeiro prêmio que deu a oportunidade de se apresentar na Casa Bravo. Foi a partir desse prêmio que ela percebeu que estava no nível de uma artista profissional e não no de uma amadora. No meio dessa descoberta de ser uma verdadeira artista, Jessica deparou-se com uma pandemia que obrigou a todos darem uma “pausa” nas vidas.
Para muitos, isso poderia ser motivo para desistir ou repensar a carreira, mas para a jovem cantora foi um período difícil, porém foi uma época em que ela pode estudar mais sobre o mercado fonográfico. Jessica conta que os cursos que fez a ajudaram a desenvolver uma criatividade para ter ideias na hora de produzir um produto audiovisual.
Eu criei muito, estou com várias músicas para gravar, algumas já gravadas que ainda não lancei. Nisso também me despertei para estudar mais a questão dos algoritmos para as plataformas digitais, então investi em cursos tanto para entender os algoritmos quanto para compreender a produção artística. Com isso posso entender o conceito que quero nas minhas obras como também posso ajudar outros artistas em ascensão
Jessica Roberts
Ao olhar para a história de Jessica, é possível ver que a carreira dela e o próprio entendimento como artista não aconteceu da noite para o dia, mas foi algo construído aos poucos. Hoje, quando se pergunta para Jessica Roberts o que ela espera do futuro, a artista capixaba se vê como uma futura profissional do audiovisual. “Hoje, me defino como uma artista multiplataforma. Quero ganhar dinheiro com o audiovisual. Englobando tudo, quero ser roteirista, diretora, documentarista. Eu não me vejo como uma cantora de todo mês ter show, mas de trabalhar nas diferentes áreas do audiovisual”, finaliza.
>>>> Esse conteúdo faz parte da série “Vidas que Contam”. Os textos apresentados descrevem o Perfil de pessoas anônimas e foram elaborados por estudantes do curso de Jornalismo da FAESA Centro Universitário. As produções tiveram a orientação do professor Fabiano Mazzini na disciplina de Jornalismo Literário e Livro-reportagem.
Edição: Vitória Fernandes
Imagem do Destaque: Núcleo de Publicidade do Lacos/Alysson Ferreira