‘Tempo Quente’: quando um novo público exige um novo jornalismo

Janderson Vicente Júnior

O podcast jornalístico “Tempo Quente” é uma produção da Rádio Novelo publicado em 2022 em várias plataformas de áudio, como, por exemplo, Youtube Music e Spotify. Durante os 8 episódios lançados, a jornalista Giovanna Girardi viaja pelo Brasil para entender os motivos que levam o País a caminhar na direção oposta da conservação e preservação do meio ambiente. Além da narrativa envolvente e temas abordados, algo muito importante desse podcast é o uso de elementos do jornalismo multimídia.

O jornalismo multimídia reúne vários formatos (vídeo, texto, imagem e áudio) em uma ou várias plataformas e veículos. O objetivo é criar um conteúdo que aproveite as particularidades de cada mídia para dar a notícia mais qualidade. Além de um bom conteúdo, outra meta é chamar a atenção do público consumidor criando produções que vão atender aos gostos e às necessidades dos consumidores.

“Tempo Quente” é um ótimo exemplo dessa área. Fora o áudio, as pessoas responsáveis pela produção utilizaram, no podcast, outros formatos e plataformas para complementar os assuntos desenvolvidos. Em todos aplicativos que alocam o programa há um link que redireciona o ouvinte para o site da Rádio Novelo. Dentro do website, é possível ouvir cada episódio, mas ele não tem apenas essa função.

Em cada página dedicada a um episódio, há um resumo escrito que apresenta o assunto a ser abordado, uma galeria de fotos, alguns links de fontes usadas na criação do produto sonoro e um material de transcrição do áudio em texto. Junto com tudo isso, as páginas possuem um sistema que possibilita a recomendação e o compartilhamento de conteúdos presentes na plataforma da produtora. Tudo isso em apenas um lugar.

Benefícios para os Meios de Comunicação

Mas não é somente o “Tempo Quente” que se beneficia com esses elementos. Os meios de comunicação como um todo perceberam a importância de variar os formatos, pois o público atual não consome mais notícia como antigamente. A nova audiência “exigiu” à mídia a adotar um novo jeito de pensar e fazer jornalismo.

O telefone celular ajuda o usuário a consumir notícias (Foto: Getty Images)

No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023, há mais de 160 milhões de pessoas que utilizam o celular para uso pessoal. O alto número de usuários leva, então, o indivíduo a ter acesso a variados conteúdos e de várias formas: texto, áudio, vídeo, fotos etc. São outros tempos e o consumidor não espera mais o impresso de amanhã para se informar do acontecimento de ontem.

A professora da FAESA CENTRO UNIVERSITÁRIO Lara Rosado, 30 anos, reforça essa transformação. Além da profissão de docente, ela trabalha dentro de uma redação como editora adjunta e percebe as mudanças que o espaço de trabalho teve por causa da nova forma de consumir notícias.

Professora Lara Rosado (Foto: Arquivo Pessoal)

As redações precisaram se reorganizar e tudo foi acontecendo de forma muito natural. Não foi uma mudança de dentro para fora, mas uma mudança de comportamento da sociedade para consumir informações

Lara Rosado

Nesse novo cenário apresentado, há muitos benefícios para os veículos de comunicação. Por trabalharem com uma maior disponibilidade de artifícios, o jornalista consegue produzir conteúdos com maior criatividade e maior interatividade porque há mais recursos a se explorar e não apenas o tradicional texto e imagem. Isso torna o conteúdo jornalístico muito mais interessante para quem o consome, pois desperta a vontade de ler, ouvir e ver aquilo que foi produzido.

Hoje, um jornalista que se forma precisa estar disposto a escrever em formato de texto, a gravar áudios e vídeos, saber fotografia e conhecer edição. Aqueles que têm sede de aprender certamente se diferenciam e saem na frente no mercado de trabalho

Lara Rosado

Mesmo com essa necessidade comentada pela professora, não é preciso que os profissionais do momento e os do futuro se preocupem tanto, pois essa mudança proporcionada pelo multimídia gera outro benefício que é a integração dos vários setores que compõe uma empresa de comunicação. Ao trabalharem com múltiplas formas de contar uma história, foi necessário integrar as várias mídias, como rádio, televisão e websites, que estão presentes em uma empresa jornalística para tornar mais eficiente a produção e compartilhamento dos conteúdos produzidos.

Benefícios para o público

Eu gosto bastante do formato multimídia que vai para várias plataformas, pois vai atender diferentes necessidades da pessoa

Natan de Oliveira
Natan de Oliveira (Foto: Arquivo Pessoal)

O aluno do curso de Jornalismo da FAESA CENTRO UNIVERSITÁRIO e estagiário do Núcleo de Jornalismo do LACOS Natan de Oliveira, 20 anos, relata que o jornalismo multimídia tem como diferencial atender as necessidades diárias de quem acessa as notícias, pois o cotidiano das pessoas é inconstante. Em um momento, estão em casa realizando tarefas domésticas. Já, em outro instante, encontram-se sentados no banco de um ônibus. São várias situações com particularidades muito próprias.

A mídia, então, mudou e passou a explorar outras formas de produzir uma narrativa jornalística. Ao explorar cada elemento multiformato e a disponibilidade de plataformas que se pode veicular uma notícia, ela consegue suprir as demandas produzidas pela correria diária de cada indivíduo e, assim, permite a ele ter acesso aos fatos noticiados pela imprensa.

Natan explica ainda que, fora as demandas, cada leitor, ouvinte e telespectador possuí preferências quando o assunto é consumo de informações. Então, já que, nos dias atuais, o jornalismo saiu do padrão dos impressos e experimenta outros formatos e plataformas na hora de produzir os conteúdos, o consumidor tem a possibilidade de ter acesso à informação em um formato que atenda aos gostos pessoais.


Edição: Janderson Vicente Júnior

Imagem do Destaque (Home): Montagem feita com fotos de “Rádio Novelo“, “Unsplash” e “Getty Images”/Janderson Vicente Junior