‘Os espiões’: romance policial de Luis Fernando Verissimo traz humor, segredos e muitos mistérios

Bruno Caetano

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“Os Espiões”, escrito por Luis Fernando Verissimo e publicado em 2009, traz o que há de melhor em suas crônicas para um romance misterioso, que utiliza uma narrativa que convence e convida os leitores a irem juntos atrás dos segredos de Ariadne e da cidade de Frondosa.

O protagonista da obra é um funcionário de uma editora responsável por analisar manuscritos iniciais de livros enviados, avaliando se são adequados para publicação. Um dia, ele recebe um envelope em branco que contém um manuscrito intrigante que narra a história de Ariadne, uma mulher que supostamente planeja cometer suicídio.

Absorvido pela envolvente narrativa, o mistério da confissão de Ariadne entrelaça-se habilmente. Em uma mesa de bar, quatro amigos iniciam uma verdadeira investigação para descobrir quem é Ariadne que deseja publicar um livro tão expositivo. E a partir disso, Verissimo nos apresenta um mundo da espionagem que somente ele pode fazer. 

O Autor se arrisca em um novo romance policial no estilo brasileiro, uma pegada real, crível. Os personagens são facilmente imaginados por nós em cenas comuns, com toda uma leveza na escrita que ele conhece e que torna a leitura prazerosa e afeita. Os personagens têm o toque de ora carismáticos, ora apáticos, ora falhos. E essa dinâmica funciona entre eles e se desenvolve ao longo da história.

O escritor Luis Fernando Verissimo escreveu o romance policial “Os Espiões” (Foto: Luiz Carlos Felizardo/Divulgação Unisinos)

Verissimo, como um bom cronista, utiliza abundantemente os elementos que domina. A escrita é repleta de metalinguagem na construção narrativa, enquanto o uso da ironia molda o contorno dos personagens, aproximando-nos da história e da cidade fictícia. Nos sentimos, ao longo da leitura da obra, espiões também.

A narrativa segue linearmente e a leitura flui, despertando em nós o desejo de desvendar mais mistérios envolvendo a Cidade. O livro é curto, com apenas 140 páginas, o que permite lê-lo em cerca de 3 horas. No entanto, ao terminar, sentimos que havia mais história a ser contada. O ritmo da narrativa, que acelera no final, deixa um sabor agridoce em um desfecho proposital, afinal, isso é característico do Verissimo.

Por fim, “Os espiões” é uma obra que produz o mesmo efeito com que a personagem Ariadne nos faz, nos prende, nos ambienta a um mundo perigoso, mas extraordinariamente criativo e produz um desfecho que para alguns é decepcionante, mas para outros é surpreendentemente genial. Luis Fernando Verissimo é o maior ou se não um dos maiores cronistas vivos e nessa obra vemos mais uma vez o poder da escrita dele. E na condição de fã das obras de Verissimo, vejo como ele se arrisca em um novo gênero e o torna diferente de tudo.


Edição: Bruno Caetano

Imagem do Destaque: Núcleo de Publicidade do Lacos / Bruna Firmes