OPINIÃO – O Harry ‘s House mereceu a premiação de melhor álbum do ano no Grammy de 2023? NÃO
Bruna de Holanda
Na 65ª edição do Grammy Awards, grandes nomes da atualidade foram cotados para ganhar o troféu de melhor álbum do ano. Um desses nomes foi o da artista Beyoncé, que pelo público era a favorita a receber o prêmio pelo álbum “Renaissance”. Contudo, todos foram pegos de surpresa quando anunciaram o nome do cantor pop Harry Styles pelo o álbum “Harry ‘s House”. Isso nos leva a pensar que a academia está privilegiando artistas brancos.
No discurso de agradecimento, Harry Styles disse que ganhar o prêmio de melhor álbum do ano não costuma acontecer com muita frequência para “pessoas como ele”. Esse discurso soou no mínimo controverso. O Grammy sempre deixou explícito dar mais privilégios para artistas brancos do que negros.
Voltando para Beyoncé: na maioria das vezes em que ela foi indicada a melhor álbum do ano, perdeu para um artista branco. Entre as quatro categorias principais, apenas uma vez a diva pop levou o gramofone: na categoria música do ano. Os outros foram divididos nas categorias secundárias.

Não podemos culpar 100% Harry Styles por ter levado o prêmio, culpamos apenas pelo discurso mal colocado. Obviamente, ele fez um bom trabalho construindo o álbum. O foco aqui são os erros da própria academia do Grammy. A premiação foi criada por empresários dos Estados Unidos na década de 1950 e, é claro, sabemos que nesta época o ramo empresarial era predominantemente branco. Até hoje, o Grammy é comandado por pessoas brancas elitizadas.
Por falar no grande domínio de brancos, Deborah Dugan foi presidente da academia em 2019 e 2020. A ex-presidente foi demitida em 2021 depois de ter exposto que dentro do Grammy acontecem muitas ações consideradas antiéticas com casos de corrupção, racismo e até abuso sexual.
Beyoncé emplacou todas as músicas do álbum “Renaissance” na Billboard Hot 100 logo depois do lançamento. Todas as 16 músicas entraram no ranking, inclusive o single “Breaky My Soul” que ficou em primeiro lugar.
Só “Breaky My Soul” teve 61,7 milhões de reproduções na rádio, 18,9 milhões de streams nas plataformas digitais e mais de 13.000 downloads foram vendidos nos Estados Unidos. Vale destacar que isso tudo foi apenas na semana de lançamento do “Renaissance”. A Diva do Pop também ficou nas paradas da Billboard 200 com 32 mil unidades de álbuns vendidos somente nos Estados Unidos, sendo a primeira mulher a estar na liderança em 2022.
Por mais que grandes nomes de cantores negros já levaram a categoria de melhor álbum do ano, como Michael Jackson e Whitney Houston, apenas doze artistas negros ganharam o prêmio. Mas o que mais intriga é que o Grammy já está na 65ª edição e, em apenas doze delas, os cantores pretos levaram o mérito. Além disso, uma mulher negra não ganha nessa categoria desde Lauryn Hill, que recebeu o prêmio por seu álbum de estreia, em 1999.
Não é a primeira vez que situações como essa acontece com Beyoncé. Em 2017, a cantora foi indicada para o prêmio de melhor álbum do ano por “Lemonade”, mas perdeu para a cantora britânica Adele. Além disso, outra artista negra, Rihanna, que também estava concorrendo na categoria, teve o álbum “ANTI” ignorado por grande parte da academia.
Outros artistas negros também foram boicotados no Grammy, um deles foi o cantor The Weeknd. No Grammy de 2021, várias pessoas questionaram a falta de indicações pelo álbum “After Hours”. O público já esperava que ele fosse concorrer ao menos com o single “Blinding Lights”, mas não aconteceu.
Levando em consideração toda a trajetória de vida e carreira da Beyoncé: mulher, preta, mãe e que está há mais de vinte anos no ramo da música fazendo um sucesso atrás do outro, nunca ter levado o prêmio de melhor álbum do ano pelo o Grammy é algo revoltante e injusto para a população negra e vergonhoso para a academia que privilegia brancos ao invés de levar em consideração a trajetória de cada um.
>>> Esse texto faz parte de uma série de conteúdos elaborados pelos estudantes do 5º período de Jornalismo da FAESA Centro Universitário durante as aulas da disciplina de Jornalismo Opinativo. Os conteúdos tiveram a orientação do professor Fabiano Mazzini.
Imagem do Destaque: Chart Express/Reprodução