Os desafios da descoberta da orientação sexual e da identidade de gênero

Fernanda Kely (Foto: Arquivo pessoal)

Ester Tavares

O processo de autodescoberta é individual, além de ser uma construção constante, pois os seres humanos sempre estão em desenvolvimento. Descobrir quem você é pode ser difícil, mas adicionar a complexidade da identidade de gênero e da orientação sexual pode tornar o processo ainda mais desafiador. A falta de representatividade pode levar a sentimentos de vergonha, culpa e isolamento, impedindo as pessoas de explorarem e entenderem sua orientação sexual e sua identidade de gênero.

Com o avanço da informação, termos que estão relacionados a sigla da comunidade LGBTQIAP+ começaram a se tornar comuns para as pessoas: transgênero, cisgênero, não binários, heterossexual, homossexual, bissexual, assexual. A psicóloga Fernanda Kely explica que a relação da sociedade com a sexualidade humana está sofrendo grandes mudanças por influência da mídia e do marketing.

As mudanças dizem respeito à forma como a sexualidade está sendo na atualidade. E uma das consequências disso é o despertar da curiosidade sobre o assunto cada vez mais cedo

Fernanda Kely
Maria Gabriela Vieira (Foto: Arquivo pessoal)

É fundamental saber a diferença entre orientação sexual e identidade de gênero. A orientação sexual está ligada ao que a pessoa busca em relacionamentos afetivos e sexuais. Por outro lado, a identidade de gênero se refere a como a pessoa se identifica. O cisgênero é quem se identifica com o gênero que lhe foi atribuído ao nascimento e o transgênero é o que se identifica com um gênero diferente do que lhe foi dado ao nascimento.

Há uma pressão para que todos se sintam em uma caixa predefinida de gênero e sexualidade. A técnica em informática Maria Gabriela Vieira dos Santos conta como o processo para se assumir sendo uma mulher lésbica foi difícil pelo fato de ter crescido em um ambiente religioso. Aquilo acabou afetando-a e a fazia pensar que ela era anormal, mas, com o apoio da família, a jovem conseguiu se sentir mais confortável consigo mesma.

Nataly Kuplich (Foto: Arquivo pessoal)

No entanto, muitas pessoas ainda não têm acesso a um ambiente seguro para refletir e esclarecer as dúvidas e as preocupações. A editora de mídias visuais Nataly Kuplich fala sobre como é o processo de descoberta é cheio de obstáculos e que por isso a rede de apoio é importante.

A editora mora na cidade de Vila Velha, que segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), é o lugar com um dos maiores índices de violência geral do Espírito Santo, representando 25% dos homicídios em todo o Estado.

Ser travesti não-binária e viver em meio a violência é um movimento político e de resistência

Nataly Kuplich

Edição: Cauã Vieira

Imagem do destaque: Freepik