SEGUE A DICA – RAÍSSA RODRIGUES

José Modenesi

Raíssa é professora e psicóloga clínica (Foto: Arquivo Pessoal)

No “Segue a Dica” da semana, vamos conhecer as indicações da psicóloga e professora universitária Raíssa Rodrigues. Formada em psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Raíssa conta que a curiosidade e a vontade de entender sobre a psicologia veio por meio da terapia, que ela já havia feito antes mesmo de saber que poderia ser tornar psicóloga no futuro. Atualmente, além de psicóloga clínica, ela também é professora na FAESA Centro Universitário e concilia a docência com atendimentos psicoterapêuticos.

Raíssa conta que sempre foi muito interessada pela leitura e que, ainda criança, a mãe lia para ela. Depois que aprendeu a ler, o papel se inverteu: ela lia para a mãe. Apesar de gostar muito de literatura policial, a saga de Harry Potter tem um lugar de afeto na vida de Raíssa.

A saga de livros Harry Potter é composta por 7 obras (Foto/Reprodução: Internet)

Harry Potter é uma criança órfã que morava com os tios, num quartinho em baixo da escada da casa. Filho de pais bruxos, a vida de Harry muda completamente quando recebe uma carta o convidando para ingressar em Hogwarts, uma escola especializada na formação de jovens bruxos.

Depois de se tornar aluno de Hogwarts, Harry Potter passa a viver aventuras ao longo dos livros da saga, sempre acompanhado dos amigos Rony Weasley e Hermione Granger e da magia.

Raíssa conta que acompanhou cada lançamento da saga e sempre se impressionou com as personagens femininas fortes e corajosas que a produção retrata. Além disso, ela fala também da valorização dos laços de amizade e da forma como a morte é apresentada como algo natural.

Por outro lado, Raíssa lembra das problemáticas que envolvem a autora da saga. Ela explica que é difícil ter que separar o afeto com a obra da decepção que sente ao ver os posicionamentos da autora. JK Rowling, autora da saga de Harry Potter, tem se posicionado com ideias transfóbicas que fomentam o preconceito contra pessoas trans e travestis.

Filme

Quando o assunto é filme, Raíssa fala que curte muito assistir suspenses policiais, por ter, muitas vezes, uma ligação direta com questões de saúde mental. Ela conta também que é muito fã de animações porque essas produções tem uma lado lúdico e despretensioso, mas sempre com o objetivo que transmitir uma mensagem especial.

Por isso, a dica de filme da Raíssa é a animação “Moana – Um Mar de Aventuras”, produzida pelos estúdios Disney. O filme é baseado na mitologia polinésia e se passa na ilha fictícia de Motonui. O semideus Maui rouba o coração da deusa da vida Te Fiti, que se transforma em Te Ka, oposto da deusa da vida. Por conta disso, a ilha de Motonui corre perigo. Moana é uma escolhida do mar e, na animação, a missão dela é navegar para restaurar o coração de Te Fiti.

Raíssa explica que o encantamento com o filme se dá pela força que a personagem principal Moana traz e pela maneira que ela desafia as normas sociais. Além disso, Raíssa fala também da valorização da ancestralidade feminina, que ganha destaque no filme com a relação da Moana com a avó.

Série

A dica de série da Raíssa é RuPaul´s Drag Race, produzida pela Netflix. A série é um reality show de competição, disputado entre Drag Queens e com provas e desafios para maquiagem, desfile, dança, música e atuação. O reality também coloca em pauta a vivência de pessoas LGBTQIA+, produzindo reflexões sobre preconceito e sobre superação.

Elenco da 14ª temporada de RuPaul’s Drag Race (Foto/Reprodução: Internet)

Apesar de ser um programa de entretenimento, RuPaul´s Drag Race é também um programa de resistência. Isso foi o que chamou atenção da Raíssa ao assistir o reality show. Ela relata que, além da parte divertida, é muito interessante conhecer a história de cada pessoa que participa da competição.

RuPaul´s tem o lado performático, mas fala também de militância pelo direito de gostar de quem você gosta e de ser quem você é

Raíssa Rodrigues

Música

Cássia Eller, intérprete brasileira (Foto/Reprodução: Internet)

Apesar de não ter uma ligação muito forte com o lado musical, Raíssa diz que gosta muito de música. Ela lembra do afeto que tem com a cantora Cássia Eller e com as músicas que ela gravou durante a carreira.

Cássia Eller se interessou pela música a partir dos 14 anos, quando ganhou um violão de presente e começou a fazer sucesso na década de 90, aos 28 anos. Cássia faleceu em 2001, mas até hoje é conhecida por ser uma intérprete espetacular e é lembrada pela voz rouca e marcante.

Dentre as músicas gravadas pela artista, a dica da Raíssa foi a canção “Luz dos Olhos”, composta pelo cantor e compositor Nando Reis, grande amigo de Cássia. Ela gosta do ritmo bom que a música tem e da mensagem que passa ao falar sobre a busca por aquilo que é desejado.

Profissional Inspiradora

Médica psiquiátrica Nise da Silveira revolucionou a psicoterapia no Brasil (Foto/Reprodução: Internet)

Nise da Silveira é a inspiração profissional da Raíssa. Ela foi uma médica psiquiátrica alagoana que revolucionou a forma de aplicar os tratamentos mentais no Brasil. Durante o governo de Getúlio Vargas, Nise foi denunciada pela posse de livros marxistas e ficou presa durante 1 ano e meio. Ela foi pioneira de inúmeras formas de terapia e dedicou a vida aos estudos nesse ramo.

Raíssa fala da inspiração ao ver uma profissional tão à frente do tempo que se utilizava da arte para colaborar com a psicoterapia. Para mais, ela fala também do pioneirismo de Nise da Silveira como a única mulher da turma de medicina e da força que ela teve ao revolucionar o ramo da saúde mental no Brasil.

Recado Profissional

A dica da Raíssa para quem quer, da mesma maneira que ela, trabalhar no ramo da psicologia é se preparar para um curso que não ensina somente sobre a técnica, mas, principalmente, sobre o desenvolvimento pessoal e profissional.

Para ela, ao entrar em contato com o universo de possibilidades que a psicologia apresenta, é importante estar completamente aberto ao novo e ao diferente. Além disso, ela fala de como é importante utilizar a credibilidade profissional para promover a igualdade, o combate ao preconceito e a valorização da vida.

A gente não entra na psicologia e sai da mesma forma

Raíssa Rodrigues

Recado para o Mundo

(Foto: Arquivo pessoal)

Raíssa explica que no Brasil atual é preciso juntar novamente aquilo que ficou separado nos últimos tempos. Ela lembra, especialmente, da polarização gerada pelos posicionamentos políticos de cada um e do quanto as pessoas têm se distanciado da capacidade de conviver com o diferente.

A professora acredita que a união entre as pessoas do Brasil será necessária para que o País possa se reerguer e possa voltar a prosperar. Raíssa fala ainda do quanto olhar para o outro faz a diferença e tem esperança de que tudo vai ficar melhor.

A gente vai precisar de força, de empatia e de acolhimento. A gente vai precisar sair das nossas bolhas e voltar para o diálogo com o outro

Raíssa Rodrigues

Edição: José Modenesi

Foto/Imagem do Destaque: José Modenesi