Opinião – O controle das massas e o sequestro das mentes

Nayra Loureiro

O documentário “A lavagem cerebral do meu pai” permitiu-me estabelecer um paralelo com o contexto social e político vivenciado pelos brasileiros nos últimos cinco anos. Desde a corrida pelo Palácio do Planalto em 2018 e, em consequência, o surgimento e ascensão do Bolsonarismo no Brasil, podemos fazer uma analogia, a partir desse marco, do processo que pode ser chamado de: “a lavagem cerebral de parcela da população brasileira”.

Partindo desse princípio, nos primeiros minutos do documentário, surpreendeu-me o fato de que a situação apresentada ali ser, quase em sua totalidade, a mesma que estamos vivenciando hoje no Brasil. Uma parcela considerável da população brasileira teve suas mentes sequestradas nos últimos anos, não por um jornal específico ou por um locutor de uma rádio, mas por um líder populista que incentiva e legitima discursos de ódio e comportamentos agressivos, tornando todos aqueles que pensam diferente dele, automaticamente, seus inimigos.

O documentário, lançado em 2015, já mostrava um fenômeno que estava por vir. A chamada era da pós-verdade, termo escolhido como “palavra do ano” da língua inglesa em 2016 pelo Dicionário Oxford. O termo define muito bem os dias atuais, não só no Brasil, mas, também, em outras partes do mundo. Vivemos um momento em que os fatos perderam a sua importância. A verdade clara e objetiva perdeu o valor já que o que realmente importa são as crenças pessoais de cada um e aquilo que escolhem acreditar.

Em meio a esse cenário, a chamada grande mídia e jornalistas do mundo todo vêm enfrentando o descrédito de uma fração da população, influenciada por líderes políticos que rotulam como “fake News” tudo aquilo que não é palatável a eles e como “jornalistas comunistas” todos os profissionais da imprensa que não optam por agradar a maior parte dos leitores e os governantes da vez, mas, sim, por cumprir com uma das principais funções do jornalismo que é investigar, criticar e fiscalizar os governos, sejam eles de direita ou de esquerda.

Mas, por que os meios de comunicação e os jornalistas profissionais são alvos constantes de discursos de ódio e retaliação? É comprovado o poder que os meios de comunicação possuem de influenciar a população e, por conseguinte, manipular e moldar a opinião pública acerca de temas sociais, políticos, econômicos ou culturais. No documentário, isso é exemplificado pelas pessoas que tiveram seu comportamento e sua forma de pensar totalmente mudadas a partir do momento que passaram a assistir o canal de televisão “Fox News” e, também, a ouvir por horas seguidas o locutor Rush Limbaugh.

E, então, surge o questionamento: como a população deve ser educada com relação aos meios de comunicação a ponto de conseguir fazer uma leitura crítica do que está assistindo, ouvindo ou lendo?

Acredito que a solução está na formação educacional dos indivíduos. Poucas escolas se preocupam em formar sujeitos pensantes capazes de questionar a realidade a sua volta e, por conseguinte, aptos a pensarem criticamente a respeito das milhares de informações que lhes chegam diariamente por meio dos meios de comunicação. Somente a partir dessa mudança formar-se-iam indivíduos “vacinados” contra discursos que visam apenas controlar as massas e sequestrar as mentes.

SERVIÇOS:

Documentário: A lavagem cerebral do meu pai

Diretora: Jen Senko

Roteiro: Jen Senko

Elenco: Matthew Modine

País: Estados Unidos

Duração: 1h29


Imagem do Destaque: Reprodução no Documentário/Bill Plympton