Vícios do mundo online na adolescência

Sofia Galois e Yasmin Oggioni

A adolescência é um período de novas fases na vida do ser humano. Nesse tempo, o jovem se sente mais independente, aberto a conhecer novas pessoas, sentimentos e experiências que a vida pode proporcionar. Com isso, também surgem novos medos, inseguranças e incertezas de assuntos relacionados aos estudos, à família e ao convívio social.

Em determinado momento da vida, os adolescentes passam a ter novos meios e conhecimentos para a diversão e a distração. Atualmente, as redes sociais e o mundo online são os que mais se destacam com variados tipos de jogos e redes onde se pode acompanhar algum famoso, assuntos que a pessoa goste e diversas outras acessibilidades que tornam o dia a dia e a distração mais práticas. Contudo o uso das redes sociais e de jogos online pode ser prejudicial sendo praticado em excesso.

Todos os tipos de vício criam uma conexão de dependência do indivíduo com o objeto ou ação e isso pode causar descontrole emocional (Imagem: Freepik)

Henrique, 17 anos, nome fictício, passa grande parte do dia no computador. O jovem estuda à noite e diariamente joga online até o horário de ir para a aula. Henrique cita que reconhece que o vício nos jogos atrapalha em diversas situações. Segundo o jovem, os jogos atrapalham o relacionamento de convívio com amigos, familiares e até mesmo com meninas que ele se interessa.

Diante da situação, não é apenas o jovem que percebe os malefícios que os jogos proporcionam, mas quem convive com ele também observa de perto os danos do consumo excessivo dos games. Joana, 14 anos, irmã de Henrique, conta que já viu o irmão tendo dificuldades em se relacionar com pessoas, fazer amizades e até mesmo perder oportunidades de emprego. Dentre essas situações, Joana cita que sempre havia um desconforto por parte dela e da mãe devido ao irmão ficar grande parte do tempo trancado no quarto jogando.

As redes sociais representam um espaço livre para o jovem se divertir e se expressar sem necessariamente encarar a pressão social (Imagem: Freepik)

Para a psicóloga Juliana Mignone, 23 anos, o uso excessivo das redes sociais e de jogos tem afetado os adolescentes do convívio social, afetivo e cognitivo. Segundo a psicóloga, grande parte dos adolescentes correm o maior risco de estarem ligados a todo tempo nas redes pelo fato de haver a necessidade de pertencer a um grupo e ter uma influência social entre os demais jovens.

Juliana Mignone cita que os responsáveis devem sempre estar atentos quanto a questão do tempo de uso dos aparelhos, sendo a forma de maior eficácia o estabelecimento de horários específicos da não utilização dos dispositivos como café, janta e almoço. Os responsáveis também devem estimular os jovens a desenvolver atividades fora do mundo virtual como a prática de esportes, leitura, música, convívio social com os amigos e familiares. Todas essas atividades capazes de gerar a dopamina que atua no sistema nervoso com reações como humor e prazer.

A psicóloga relata, ainda, que, se logo no início o vício se torna constante devido ao uso descontrolado das redes, e, caso nenhuma providência seja tomada para combater esse vício logo no início, futuramente o jovem pode apresentar ansiedade e depressão, que são os transtornos mais comuns juntamente com sono excessivo, angústia, estresse e agressividade. Existem estudos que apontam sintomas de abstinência quando o adolescente não tem acesso ao celular no período de vício, causando uma sensação de vazio e tensão. Nesses casos, deve-se procurar profissionais aptos a essas situações, como o acompanhamento psicológico ou psiquiátrico.

Juliana Mignone explica também que deve haver um controle do uso de aparelhos celulares e computadores por parte dos responsáveis do adolescente, estabelecendo horários para os estudos, para as atividades diárias e para o momento de lazer para diminuir os efeitos causados pelo uso descontrolado dos eletrônicos. A família, então, deve-se ter muita atenção para saber observar quando os jogos são apenas diversão ou quando já se tornaram um vício.

Edição: Sofia Galois

Imagem em destaque: Freepik