Escrita em forma de versos: o livro ‘Meu outono se foi’ é um convite a múltiplos sentimentos

Ana Clara Fucci e Loren Peterli

Talento quando visto, é reconhecido e fácil de ser identificado. Isso aconteceu dentro da sala de aula de uma turma do 3° período de jornalismo da FAESA Centro Universitário. A aluna, poeta e escritora, Leticia Vilaronga, apresentou seu primeiro livro publicado: “Meu outono se foi”. O livro é uma coletânea de poesias e sentimentos distribuídos de forma harmônica e cativante ao longo de 84 páginas. E para comemorar o Dia Mundial da Poesia, 21 de Março, a autora nos leva entre as linhas como as folhas de outono são levadas pelo vento e nos permite entrar no universo da poesia e não querer sair mais.

“Meu outono se foi” foi o primeiro livro publicado pela Aluna de Jornalismo Letícia Vilaronga (Foto: Loren Peterli)

Vilaronga nasceu em 2002, em São Paulo. Despertou a veia artística aos nove anos, quando começou a escrever os primeiros poemas. Desde então, cativa a todos com versos emocionantes e comoventes. “Meu outono se foi” junta sentimentos e ideias suficientes para produzir algo tão único e especial. A obra conta com diversas poesias que expelem a personalidade da autora de maneira sutil, caracterizada por uma fase de mudanças e intimidade com o “seu outono” que se foi.

Dentro da obra, é possível encontrar o sorriso, o choro, a dor, o desespero, a alegria, a dúvida… todos com seu momento de protagonismo, mas, de alguma forma, sempre conectados, fazendo com que o leitor acompanhe a prosa como uma verdadeira narrativa.

É possível identificar uma história sendo contada, mas não necessariamente de forma explícita, deixando a imaginação de quem está lendo fluir de acordo com a leitura, proporcionando, assim, um ponto de vista diferente para cada leitor. A cada página, a imersão na narrativa se fortalece cada vez mais, dando a chance da revolta, da identificação, da emoção e da euforia, dando a sensação de que os versos foram ali colocados com a plena consciência e conhecimento dos corações que iria tocar.

A cada rima, é possível enxergar o amor e o carinho dedicados nesse trabalho tão lindo. É uma leitura feita para ser apreciada por todos, a qualquer hora e lugar. Ela tem a magia de transportar o leitor para o mundo cativante e acolhedor de seus poemas, que possuem o poder de transformar a realidade em algo muito mais saboroso de se viver.

Com certeza é uma indicação certeira para aqueles que se permitem dar uma risada em uma página e soltar uma lágrima em outra. Não se sabe o que é poesia até conhecer o outono de Letícia Vilaronga, até conhecer o que essa mente brilhante é capaz. Palavras casadas com outras que exemplificam a naturalidade e o dom natural da escrita é o que mais impressiona.

Informações sobre a autora

A futura jornalista e poetisa Letícia Vilaronga (Foto: Loren Peterli)

Letícia Vilaronga tem, atualmente, 20 anos e mora na cidade de Vila Velha, no Espírito Santo. Tudo começou no Ensino Fundamental. A professora tinha um projeto de produção textual com a turma, sempre lia uma história e pedia para os alunos fazerem uma releitura textual depois. Um dia, a professora leu a fábula “A Cigarra e a Formiga“. Depois explicou o que era e como se construía uma poesia: os versos, as estrofes, como funcionavam as rimas, etc. Então, pediu para que transformassem a fábula em uma poesia.

Letícia explica que foi quase que um amor à primeira vista quando viu a poesia pronta. A partir disso, a busca foi intensa para escrever sempre mais. Agora, ela busca se aperfeiçoar, encontrando novas formas de escrever poesia e de sentir a poesia. Além de poesias, a jovem também escreve romance, fantasia e crônicas.

A poetisa diz que não pode afirmar que sempre teve vontade de escrever e publicar um livro, pois, até uma certa época, isso ainda era visto como algo muito distante. Contudo o desejo começou a aparecer quando iniciou a pesquisa sobre o assunto e percebeu que era possível. Ela começou a escrever, reuniu e selecionou os poemas para serem colocados no livro. Até então, por mais que tivesse esse interesse, os poemas que escrevia era apenas para ela ou para mostrar a algumas poucas pessoas.

Logo depois da publicação do primeiro livro, em 2018, no dia do lançamento na Bienal do Livro de São Paulo, nasceu quase que instantaneamente o querer escrever e de publicar o segundo livro. Para ela, as duas partes que envolviam esse trabalho, por mais que sejam entrelaçados, traziam à tona sentimentos distintos de si com particularidades.

Escrever um livro foi como me lembrar de tudo o que eu sinto e sou capaz de sentir. E publicar o livro e mostrar o que escrevo para as pessoas, foi como se eu as lembrasse que todas as pessoas têm esse direito de sentir

Letícia Vilaronga

Letícia afirma que a sensação de terminar uma obra é uma mistura de sentimentos, pois só a autora sabe de tudo o que passou e sentiu para poder terminar aquela história, aquele livro. Ela conta que, sem dúvidas, é um percurso mágico e que foi uma das melhores coisas que já sentiu. Ela é convicta que o sentimento nunca vai acabar, já que quanto mais escreve, mais ele floresce.

Insegurança e aprendizado

Por mais que tenha um enorme talento, Letícia não era muito de mostrar o seu trabalho. Às vezes, por motivo de insegurança de não gostarem ou por não acreditar que está bom o suficiente, já que sempre foi perfeccionista e muito dura consigo mesma. A “virada de chave” para o início de tudo se deu a partir de quando ela começou a entender que cada um tem uma interpretação para tudo e está tudo bem. Apesar do significado estar explícito ou ter sido dito pelo próprio escritor, a mesma obra vai tocar o leitor em intensidades diferentes e de maneira singular.

Enquanto para uns, um poema meu pode ser um aconchego e uma identificação, para outros, pode ser um incômodo. Por mais que um poema meu tivesse um significado exato, que foi o que eu quis transmitir com ele, as pessoas não são iguais. Então, por que o poema iria tocá-las de forma igual? Foi nesse pensamento que tentei me segurar

Letícia Vilaronga

No próximo lançamento há um poema reservado para falar sobre o medo de colocar em apreciação as obras. A escritora demonstra o seu receio de mostrar algo que escreve ou qualquer outra arte que produz e acabar por ser interpretada de forma errada. O aprendizado a levou a escrever mais dois livros a serem publicados: um neste ano e o outro que será escrito em 2023.

Toda história tem uma linha que alguém vai precisar ler naquele exato momento da vida dela. Então, toda história merece ser contada, inclusive a sua. E lembre-se de escrever, principalmente, por você

Letícia Vilaronga

Primeiro livro: “Meu Outono se Foi”

(Imagem: Divulgação/All Print Editora)

Sinopse: Outono. Transição entre verão e inverno. Tempo de mudanças em que percebemos que nada é eterno. Para que você pudesse chegar, tive de deixar o verão. E, então, depois de um tempo você se foi, mas, tudo bem, novas estações virão. Se eu não tivesse passado por você, eu não me tornaria resistente à próxima estação. Obrigada, meu Outono, por deixar meu coração.

Apesar do livro trazer 71 poemas sobre diversas questões, a temática principal é sobre perceber que chegou o momento de deixar algo ir para que o leitor possa estar aberto à novas coisas que, eventualmente, irão surgir.

Por isso, a relação com o outono. O outono é uma estação de transição entre o verão e o inverno e é marcada por profundas mudanças na vegetação para que com a chegada do inverno, elas suportem essa nova estação. Com os seres humanos, não seria diferente.

O leitor percebe, ao decorrer do livro e com o passar das poesias, que é possível, sim, ir deixando aos poucos alguma coisa de lado, coisa esta que possa ter o ferido. É possível perceber, também, que nada é eterno e, por este motivo, também estamos suscetíveis a conhecer novas coisas. Ele encontrará uma certa beleza no imprevisível e no saber se conhecer ao ponto de entender que as coisas são efêmeras, nada é permanente, e o quão empolgante isso também pode ser.

Perdida

Eu me perdi
Me perdi porque perdi você
Depois de sua partida
Eu esqueci como era realmente
A essência do meu ser

E sem saber o quê
Sem saber como
E por quê
Permiti me perder
E esquecer
Da ex razão do meu viver

Página 44

Próximos livros:

Atualmente, Letícia está trabalhando em dois livros. O próximo a ser publicado será outro livro do gênero poesia. Ainda não tem uma data certa de publicação, pois está em processo de finalização de diagramação e criação de capa. De início, ele será publicado como e-book, na Amazon, e, posteriormente, em versão física, também por enquanto sem data certa.

O próximo livro de poesia contém um conceito diferente do primeiro. Enquanto “Meu Outono se Foi” trata apenas de um único momento na vida de uma pessoa, o novo livro trata de três momentos diferentes, podendo acontecer simultaneamente ou consecutivamente.

A poetisa aborda tanto alguns assuntos novos e diferentes (não encontrados no primeiro livro), como, também, alguns iguais, mas, desta vez, com um olhar mais maduro sobre a situação. Os poemas inclusive apresentam um estilo mais maduro e rebuscado, muitas vezes retomando a valores antigos ao que se refere à forma de escrever poesia. Além disso, outros temas relacionados ao misticismo e subconsciente, trazendo, também, aspectos e referências de história, literatura e mitologia.

O terceiro livro que está escrevendo é de gênero de Romance e Fantasia. Está programado para ser publicado até o final do ano de 2023.

Liberdade ilusória
[...]
Disseram-me: “Não se engane, será apenas ilusória!
A prisão que te colocam é feita da saudade
E das eternas lembranças que não apagam a história”

Trecho do poema “Liberdade ilusória”, que estará no próximo lançamento

Serviços: Onde e como posso adquirir os livros?

O livro pode ser encontrado nas principais livrarias online:

Também pode ser obtido entrando em contato direto com a artista Letícia Vilaronga por meio do:

  • Instagram pessoal @lee.vilaronga
  • Instagram profissional @estacao.de.versos
  • E-mail: estacaodeversos@hotmail.com

Edição: Loren Peterli

Imagem do Destaque: Loren Peterli