As influências de Rubem Braga sobre os trabalhos acadêmicos
Eric Zanotelli
Sendo pesquisada em trabalhos, eventos e mostras acadêmicas, a vida do “Sabiá da Crônica”, como também é conhecido Rubem Braga, continua atemporal. O jornalista Daniel Zanella faz parte dos profissionais que pesquisaram Rubem Braga. O artigo, intitulado “O jornalista Rubem Braga: animal político, correspondente de guerra”, apresentado dentro do Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo, analisa duas fases profissionais do cronista: Política, em que observa a participação em movimentações ideologicamente históricas pelo país, explorando sua vivência jornalística; e Correspondente de Guerra, mostrando a cobertura do autor durante a Segunda Guerra Mundial.
Confira os outros dois textos que fazem parte da série especial “Rubem Braga”. O primeiro texto da reportagem apresentou a vida do autor: Rubem Braga: o Inventor da Crônica Moderna. Já o segundo texto abordou os espaços culturais que carregam o legado do cronista: Rubem Braga e a Terra Natal
O jornalista Daniel Zanella “conheceu” Rubem Braga na adolescência por indicação de um amigo. A obra literária que o inspirou a estudar Braga foi “200 Crônicas Escolhidas”.
O livro me pegou. Era como se ali estivesse, em cada crônica, a chave que elucidava o mundo. E isso tudo com leveza, humor, perspicácia e com uma malandragem que nunca tinha lido
Daniel Zanella
Para Zanella, sem a existência do autor, a crônica certamente não seria a mesma. “Não dá nem pra dizer que ela tomaria rumos diferentes. Possivelmente, nem seria um gênero tão popular e tão praticado no Brasil. Rubem Braga é o primeiro escritor brasileiro a se dedicar exclusivamente à crônica e a sobreviver disso”.
O jornalista Daniel Zanella relembra como a intensa vida, entre idas e vindas por diversos estados do Brasil, influenciou a carreira de Braga.
O cronista é, sobretudo, um ladrão do cotidiano. Tudo o que o Velho Braga viveu escoa na sua literatura. Um olhar atento e um certo modo de estar no mundo. O misto de lirismo, observação fina da vida e estudos desapegados da natureza humana se apresentam como reflexo e resultado de suas vivências
Daniel Zanella
A espontaneidade das crônicas de Rubem Braga também influenciou a vida do professor José Geraldo Batista. Ele estudou o cronista na graduação e, mais tarde, no doutorado. O artigo, “Casa dos Braga, de Rubem Braga: retratos de uma morte feliz”, é uma análise da casa do autor por meio de suas crônicas e da capacidade fotográfica em suas histórias. José Geraldo visitou Cachoeiro de Itapemirim e a Casa dos Braga. Na ocasião, teve a oportunidade de se conectar ainda mais ao objeto de estudo. “Se ele ainda estivesse vivo, talvez eu o convidasse para tomar um chope e ouvir os cantos dos passarinhos”, completa.
Edição: Eric Zanotelli
Imagem do destaque: Rubem Braga na Avenida Beira Rio, em Cachoeiro de Itapemirim. Ao fundo, é possível ver o Pico do Itabira, uma formação rochosa famosa na região sul do Espírito Santo (Foto: Divulgação)