Opinião – De Minneapolis à Umbaúba: não conseguimos respirar

Caciane Sousa

Em uma abordagem realizada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no dia 25 de maio de 2022 em Umbaúba, litoral sul de Sergipe, Genivaldo de Jesus Santos, 38 anos, morreu após ser preso em uma espécie de “câmara de gás” dentro do porta malas de uma viatura da PRF.

Arte em protesto contra a morte de George Floyd (Reprodução: Alamy)

O fato ocorreu no mesmo mês em que o caso de George Floyd, ocorrido nos Estados Unidos, completa dois anos. Floyd, 40 anos, foi abordado pela policia local de Minnesota por, suspostamente, utilizar uma nota falsa de vinte dólares em um supermercado. O policial, ao imobilizá-lo, ajoelhou no pescoço dele por mais de dez minutos, deixando-o sem ar enquanto George repetia que não conseguia respirar.

Em Umbaúba, Genivaldo foi abordado pelos policiais por estar conduzindo uma moto sem capacete. Após utilizarem de violência para imobilizá-lo, mesmo sob protestos e avisos de que o mesmo sofria de transtornos mentais, o colocaram dentro do porta-malas da viatura e jogaram uma grande quantidade de gás lacrimogênio dentro do espaço fechado. Nessa mesma semana, ocorreu a Operação na Vila Cruzeiro que deixou 25 mortos, todos moradores da comunidade.

Em ambos os casos, a violência extrema utilizada na abordagem a pessoas comuns nos à reflexão: existem dois pesos e duas medidas quanto à aplicação da lei, ainda mais quando se tratam de pobres e negros?

Charge em referência à morte de Genivaldo e à Operação na Vila Cruzeiro (Foto/Reprodução: Humor Político)

Instituições que foram criadas para defender direitos e garantir a aplicabilidade das leis perdem a credibilidade quando fatos, como o ocorrido em Sergipe, inundam as redes sociais e causam comoção e indignação na população ante a brutalidade das ações. É preciso um maior acompanhamento dos órgãos fiscalizadores e melhor treinamento da própria polícia para que atos como esse não voltem a ocorrer ou caiam no esquecimento da população, sendo lembrados apenas quando noticiados.

De Minneapolis à Vila Cruzeiro e Umbaúba: precisamos respirar e, ainda mais, precisamos ter a certeza que de não irão nos matar!

Edição: Karol Costa
Imagem Destaque: Geledés