Artesanato para renda e apoio emocional

Ana Clara Gonçalves

Ganhando inicialmente importância como ferramenta registrável de observação, o artesanato se consolidou ao longo dos anos como uma técnica artística pura por não possuir processos automatizados. Hoje, essa antiga arte se transformou, por meio de grupos de artesãos, como um dos mais fortes meios para a geração de trabalho e renda, sendo usado, também, como lugar de acolhimento e escuta para as pessoas.

Auditora fiscal Tânia (Foto: Ana Clara Gonçalves)

A assistente social e atuante na Política de Trabalho, principalmente nas áreas de qualificação profissional e formação/assessoria a grupos produtivos e empreendedores individuais na Prefeitura de Vitória, Fabiana Santos de Oliveira, explica que os artesanatos são peças únicas que trazem no fazer a vida de cada produtor e, com isso, se tornam parte da cultura e da história de uma sociedade. A gestora de projetos diz ainda que acompanha e avalia as atividades desenvolvidas, bem como os resultados alcançados, comprovando as mudanças realizadas nos aspectos pessoal e profissional.

A auditora fiscal aposentada Tânia conta que, apesar de ter aprendido bordado ainda no colegial, optou por fazer aulas presenciais em grupo por se sentir acolhida no ambiente, para sair de casa e cuidar da cabeça. Completando o pensamento da aposentada, Fabiana Santos explica que essa redescoberta de potencialidades e habilidades traz autonomia, empoderamento e fortalecimento de vínculos para melhoria da saúde mental e física.

O mesmo acontece com a estudante de artes plásticas Fernanda Fassarella que começou a bordar aos 5 anos e a pintar aos 10 anos por incentivo da família que fundou o projeto “Bordadeiras de Burarama”. Apesar do contato direto com o manual, Fernanda conta que apenas em 2016 começou a levar a arte como meio de viver e, ainda hoje, vê como uma renda-extra e uma terapia, mesmo quando é feita de forma individual, pois, para ela, a arte desembaralha os pensamentos, traz clareza e calmaria.

Mulheres da periferia da Grande Vitória participando do projeto Fazendo Arte Vitória (Foto: Ana Clara Gonçalves)

Fabiana argumenta que a descrença ou desvalorização financeira do artesanato se dá porque é uma fonte de renda que não exige muito conhecimento técnico científico, pré-requisito escolar ou grandes gastos com equipamentos. Assim, muitos pensam o trabalho junto ao artesão de forma assistencialista, não profissional, não havendo preocupação com a qualidade do produto e do atendimento. Para a assistente social, ultrapassar essa situação significa investir em projetos que qualifiquem as habilidades técnicas e de gestão e comercialização sem a perda das raízes culturais.

Edição: Karol Costa

Imagem Destaque: Ana Clara Gonçalves