Dificuldades do cantor sertanejo capixaba no Estado

Kathleen Vieira

É inegável que o sertanejo faz muito sucesso dentro do estado do Espírito Santo, mas esse sucesso acontece em relação ao trabalho de cantores de outras regiões do Brasil. O sertanejo tipicamente capixaba ainda encontra dificuldade para ter um bom alcance entre o público do próprio Estado.

O cantor Ismail Gonçalves afirma que o cenário musical capixaba é extremamente rico com seus ritmos regionais. Há o Congo e os ritmos de periferia, como o hip hop e o funk, que estão tornando-se cada vez mais populares. Contudo o cantor acredita que o sertanejo capixaba ainda não alcançou uma expressão nacional. São vários os artistas talentosos, mas o investimento e a valorização ainda são pequenos.

Gonçalves conta ainda que estava trabalhando para viver integralmente de música, porém, com a pandemia e a baixa nos shows, os planos precisaram ser mudados.

O mercado musical aqui no Estado é bem difícil. As casas de shows pagam pouco e o reconhecimento é baixo. Para viver integralmente da música é necessário ter uma boa estrutura, network e muita coragem

Ismail Gonçalves

O cantor Jeferson Geraldo é formado em Publicidade e Propaganda e também não vive integralmente de música, mas reconhece que foi por meio dela que muitas portas foram abertas para a vida. “Fiz a faculdade e sempre tocava à noite. Eu não vivo integralmente de música e preciso ter uma outra renda para suprir as necessidades. A música sozinha, hoje, no meu caso, não dá para suportar um mês vivendo só com a renda dela”, afirma Jeferson Geraldo.

O produtor Diego Garcez, que já viajou para diferentes Estados do País, afirma que em outras regiões encontra uma maior irmandade entre os músicos, enquanto que no Espírito Santo é mais difícil o capixaba se ajudar.

O capixaba tem uma musicalidade incomparável. Músicos de primeiríssima classe, mas, infelizmente, a irmandade entre os cantores e bandas é pequena. Eu vejo isso como a maior dificuldade não só no sertanejo, mas nos diferentes estilos musicais presentes no Espírito Santo

Diego Garcez

Diego Garcez acredita que o fato da classe musical no Espírito Santo ser tão desunida perde-se a oportunidade de criar eventos que poderiam fomentar o próprio sertanejo que é produzido no Estado. “É um ‘vírus’ que acaba atingindo e não colocando em prática muitos projetos que poderiam dar certo, como, por exemplo, eventos em casa de shows juntando diferentes cantores”, finaliza Garcez.

Edição: Sofia Galois

Imagem em destaque: Reprodução/Alto Astral