Sofia Galois

O contraste entre religião e ciência é alvo de discussões desde séculos passados. Em um contexto de Estado laico, a impressão causada é a de que esses dois temas estejam se afastando cada vez mais. Contudo, novas pesquisas cientificas têm validado a fé em diferentes áreas, especialmente analisando os benefícios trazidos por ela à saúde física e mental dos fiéis, abrindo a discussão sobre os efeitos psicológicos da espiritualidade.

Diante da incerteza, a fé torna-se fonte de energia para aqueles que estão enfrentando problemas de saúde. Por terem algo para depositar a esperança, é notável a melhor resposta a tratamentos em alguns casos. É possível observar a atitude diferenciada até mesmo em pacientes terminais. Apesar das manifestações físicas, a fé produz uma mudança na mentalidade dos pacientes, tornando-os mais suscetíveis a um estilo de vida positivo e os motivando a seguir em frente.

A respeito desse fenômeno, a psicóloga Márcia dos Reis analisou os efeitos da fé no indivíduo. De acordo com Márcia, o homem é um ser integral com diversas necessidades, entre elas a espiritual. A abordagem psicológica da Terapia Cognitiva Comportamental afirma que todo comportamento é iniciado no pensamento, com base nas crenças centrais do indivíduo.

Márcia explica ainda que é possível dizer que a fé influencia diretamente a mentalidade do ser humano, pois produz uma visão de mundo diferente, o que se manifesta fisicamente. “A fé contribui tanto em relação a recuperação, quanto na forma pela qual as pessoas enfrentam a dor, produzindo maior qualidade de vida nos pacientes”, observou.

Ao observar pela perspectiva religiosa, o teólogo e pastor Arão Lobato apontou informações importantes. O pastor afirma que a experiência religiosa e as várias expressões dela estão cheias de relatos que traduzem a riqueza do elemento da fé como sendo um suporte para que os fiéis possam encarar os desafios impostos pelas dores e traumas que eles enfrentam, situações comuns de serem encontradas na própria Bíblia Sagrada.

“Em linhas gerais, podemos dizer que a compreensão que cada um faz da fé irá determinar o modo como o indivíduo reagirá diante de situações de doenças, sejam elas físicas ou psicossomáticas”, afirmou Arão Lobato.

No ano de 2021, o engenheiro de produção Maikel Margoto passou por uma experiência de alto risco após ficar internado por um mês devido a Covid-19. Maikel precisou ficar na UTI em consequência do estado grave. Apesar da incerteza, a família do engenheiro permaneceu firme por meio da oração e acreditando em um melhor resultado. Maikel permanece sem nenhuma sequela grave e já voltou a rotina diária, porém faz questão de lembrar do impacto que a fé teve durante o tratamento da doença.

Eu tinha uma certeza dentro de mim que iria vencer, pois sentia que Deus estava sempre comigo

Maikel Margoto

Outra experiência marcante foi a vivenciada pela estudante Layla Guimarães, 19 anos, após sofrer de fortes episódios de ansiedade. Layla conta que a fé a ajudou a manter a mente centrada apesar da extrema angústia. “Talvez uma pessoa descrente não entenda, o que é compreensível. Contudo a esperança na fé em Jesus Cristo foi o que me fez continuar viva, pois sei que Ele tem um propósito para mim”, destacou.

Diante da dor, a estudante lembra que a fé foi o único combustível que deu esperanças para ela continuar a viver. Da mesma maneira que Layla, muitas pessoas ainda escolhem se apoiar nessa perspectiva para enfrentar situações devastadoras e têm na fé um escudo de infinita esperança e única razão de vida.

Edição: Sofia Galois

Imagem em destaque: Thiago Soares