A cultura machista presente na sociedade
Ebran Huntington
O machismo é algo enraizado na sociedade e que afeta diretamente a vida das mulheres. Esse tipo de comportamento que enaltece o sexo masculino, o colocando numa posição de opressor, tem consequências severas. Isso faz com que mulheres sejam estupradas, violentadas fisicamente, patrimonialmente e, na pior das situações, mortas.
A socióloga e servidora pública Nelice de Andrade Carvalho explica que o machismo é algo estrutural que foi construído pela sociedade historicamente. Com isso, o homem é tido como um ser superior e que se sente na liberdade de inferiorizar a mulher. Nelice afirma também que essa atitude é considerada algo natural e é reproduzida pelas pessoas no cotidiano de todos os espaços, como, por exemplo, o da política, da cultura e também da educação.
Nelice destaca que para acabar com o machismo é preciso debater o assunto em todos os níveis.
É preciso que parem de nos objetificar nas músicas, nas propagandas e nos programas de televisão
Nelice de Andrade Carvalho
Além disso, a socióloga ainda aponta ser necessário que o poder público desenvolva meios efetivos para inclusão das mulheres na política, assim como políticas para igualdade de salários e condições no mercado de trabalho.
Para a advogada Isabela Pelicioni, a equidade entre gêneros somente será possível a longo prazo. “A sociedade precisa rever os padrões machistas enraizados, reproduzidos e ensinados às crianças”. Para enfrentar isso, o feminismo defende o direito das mulheres. Ainda assim, é preciso que a coletividade dê voz e legitimidade às demandas das mulheres, atuando, então, como aliados da causa.
Segundo a advogada, o machismo vem sendo perpetuado continuadamente na sociedade pela estrutura patriarcal defendida pelo conservadorismo. Isso atinge as mulheres tanto no âmbito social quanto individual, gerando desigualdade de gênero e variadas violências. Além disso, há, ainda, a forma velada do preconceito: aquela que impõe um padrão de beleza impossível de ser alcançado. O resultado disso é o desdobramento grave de enfermidades físicas e psicológicas pela busca incessante de pertencer a um padrão.
A estudante do curso de psicologia G.V foi vítima de machismo no antigo trabalho dela. Quando começou a trabalhar no local, era a única mulher na empresa. Duas semanas após iniciar no cargo, teria uma reunião com a equipe a respeito de alguns problemas na parte financeira. Ela teria que fazer uma explicação sobre um erro que ocorreu, mas foi surpreendida minutos antes por um colega. “Esse homem disse que ele é quem deveria relatar o erro ocorrido no setor, pois uma mulher não saberia se impor para os chefes da empresa”, declara.
Outro caso de machismo na vida de G.V aconteceu numa roda de amigos. Eles conversavam sobre um show que ela foi na noite anterior. Ao mostrar as fotos no evento, um amigo disse que ela não precisava usar “um decote daquele jeito” porque ninguém iria respeitá-la e a mesma seria facilmente confundida com uma prostituta. Tanto nessa situação como na do antigo emprego, a estudante se posicionou diante dos comentários ofensivos e preconceituosos.
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