INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS AUMENTAM ENTRE JOVENS
Ana Carolina Effgem e Fernanda Sant’Anna
Esta é a quarta matéria da série de reportagem sobre o HIV e Aids. Confira também as matérias anteriores: Retrato da epidemia de aids nos anos 80 no Brasil, Preconceito contra soropositivos ainda é presente na sociedade e Avanços no tratamento melhoram a qualidade de vida de pessoas que convivem com HIV.
Hoje, 1º de dezembro, é marcado pelo Dia Mundial de Luta contra a Aids. É uma ocasião para refletir e apoiar aqueles que vivem com o HIV e lutam pela causa. A campanha serve também para conscientizar a respeito da importância da prevenção e o entendimento do vírus como um problema de saúde que atinge o mundo todo.
O problema é realmente global e está distante de um final feliz, pois, da mesma maneira que o HIV, outras infecções compartilham das mesmas vias de transmissão, como a sífilis, gonorreia, clamídia e tricomoníase, que são englobadas no grupo de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), há uma estimativa de que sejam notificados cerca de 1 milhão de novos casos de ISTs curáveis entre pessoas de 15 a 45 anos em todo mundo. Segundo dados do Ministério da Saúde, a maior concentração de casos de HIV está entre jovens de 25 a 39 anos, sendo 52,4% homens e 48,4%, mulheres.
A enfermeira Maryanni Camargo explica que o vírus HIV, por exemplo, pode ser passado em diversos momentos. Ela diz que pode haver contaminação no ato sexual e, por isso, o uso do preservativo é a melhor maneira para se prevenir. Os preservativos são distribuídos gratuitamente pelo SUS. A enfermeira também cita como exemplo de contaminação pessoas que fazem uso de drogas injetáveis e que não podem compartilhar agulhas porque é um meio de infecção.
Outra maneira de se prevenir do HIV que a profissional também destaca é não fazer o compartilhamento de materiais como alicate e agulha, pois tem material genético, orgânico, como o sangue. Ela destaca o cuidado que se deve ter em locais com uso de objetos compartilhados, como salões de beleza. “Nós que fazemos unha no salão temos que levar nosso material ou investigar se nesse local os materiais são esterilizados corretamente”, destaca Maryanni.
Recentemente, o que mais preocupa os especialistas é o aumento do número de casos de ISTs entre os jovens. Em entrevista para o Jornal da USP, a infectologista Fabiana Lopes Custodio diz que as relações sexuais estão iniciando cada vez mais cedo nas novas gerações e a falta da sensibilização adequada e a pouca preocupação com o tratamento, que graças aos avanços científicos, está cada vez mais acessível, influencia diretamente no crescimento dos números. A médica ressalta que mesmo existindo a cura para muitas ISTs, as consequências causadas pelos vírus não são confortáveis.
A estudante de nutrição Bruna Gomes, 21 anos, entende a importância da prevenção e cuidados, mas acredita que tentaria lidar da melhor forma possível caso fosse infectada. “Não seria o fim do mundo, já que existe tratamento para elas”, afirma Bruna.
Segundo uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) feita em 2020, homens adultos sabem como se prevenir das ISTs, mas 80% deles não acreditam que possam pegar alguma infecção e apenas 11% consideram que correm perigo de se contaminar. Essa situação é conhecida popularmente como “Síndrome do Super-homem”. São homens que vivem uma situação confortável em infecções sexualmente transmissíveis e inúmeros outros males da humanidade e acreditam que é uma realidade distante e que jamais acontecerá com eles.
O jovem Evandro Marvila, 23 anos, se enquadra nas estatísticas da pesquisa. Ele afirma saber como se prevenir e a importância do comportamento. Contudo, relata que no grupo de amigos não existe a preocupação de contrair uma IST por acreditarem que é uma realidade distante, mas Evandro reconhece que é uma atitude perigosa. “É aquela ideia de que pode acontecer com os outros, mas comigo não”, explica Marvila.
Edição: Fernanda Sant’Anna
Imagem de Destaque: Fernanda Sant’Anna