Livro, câmera e ação: das páginas para as telas

Isabela Borges

A transformação de livros em obras cinematográficas divide a opinião dos fãs. Enquanto as adaptações para a tela do cinema são o sonho de escritores e fãs, um resultado negativo pode se tornar o maior pesadelo entre o público e levantar debates sobre o tema.

Um dos grandes obstáculos para diretores e roteiristas é a imaginação e as expectativas dos fãs, já que cada leitor cria na própria mente uma versão exclusiva daquele universo. Contudo, não existe uma receita a ser seguida para que as produções cinematográficas recebam críticas positivas e, consequentemente, sejam um sucesso de bilheteria.

Uma desvantagem sofrida pelo cinema são os detalhes que, na maioria das vezes, apenas os livros conseguem transmitir. Por exemplo, poder ficar imerso na mente de cada personagem, sendo capaz de entender sentimentos e pensamentos. A descrição detalhada de cenários na narração é um outro ponto à frente que os livros possuem. Para o cinema essas partes são mais complicadas, já que o mesmo é quase que por completo uma mídia visual, mas, mesmo assim, muitas obras são leais e recebem críticas positivas.

A estudante Isandra Baptista conta que a produção do filme “Jogos Vorazes” a fez querer conhecer os livros da trilogia. A estudante afirma que o filme foi muito fiel ao livro, desde a escolha dos atores e as cenas. Isso deixou a Isandra bastante contente e surpresa.

Foi maravilhoso como eles adaptaram tudo tão bem, como tudo foi feito. Para mim é a melhor adaptação, a mais fiel e eu simplesmente amo

Isandra Baptista

O crítico de cinema Flávio Pizol relata que livros e cinema são duas mídias diferentes e para a realização de uma boa obra cinematográfica é preciso fazer alterações nas peças originais. “O fã costuma ser apegado a obra original e não quer ver mudança, mas o cinema exige isso”, explica Pizol. Ele ressalta que é preciso cortar cenas, mudar cenários e personagens. Esses fatores podem ocasionar revolta nos fãs, mas que manter a essência do livro é uma forma certeira de agradar a maioria do público e leitores das obras.

Existem adaptações que são unanimemente aclamadas pelo público. As sagas “Harry Potter” e “Senhor dos Anéis” são exemplos bem-sucedidos nas telas e nos livros. Por outro lado, existem adaptações que não agradam nem mesmo os escritores. Esse é o caso do autor Roald Dahl criador do livro “A fantástica fábrica de chocolate”. Durante elaboração da primeira adaptação da obra para o cinema em 1971, o escritor fazia parte do time de produção, mas por não cumprir alguns prazos exigidos foi substituído na equipe. O resultado final não agradou Dahl, que rotulou o filme como “podre”, além de criticar a atuação de alguns dos atores.  

A produção dos filmes são desejadas pelos escritores por atraírem o interesse do grande público para as obras originais. Geralmente, os livros voltam a circular e são mais vendidos após o lançamento dos filmes. Devido a divulgação da história para despertar o interesse do público alvo para o filme, a consciência sobre a existência da obra surge e chama a atenção de potenciais novos leitores. Muitos dos livros recebem uma nova atenção das editoras ao lançamento dos filmes que chegam a ganhar uma nova capa com o cartaz apresentado no cinema.

Edição: Fernanda Gonçalves Sant’Anna

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