O impacto das novas tecnologias nas relações interpessoais
Michel Lisboa
O crescimento das redes sociais causou uma transformação nas relações interpessoais, pois a maioria delas é medida por imagens. Elas mudaram a forma das pessoas interagirem e se relacionarem. As mídias sociais permitiram aos indivíduos aproximarem o que está longe e afastarem o que está perto. Esse cenário pode ser altamente prejudicial para o convívio e a realidade fora da internet, pois muitos podem não estar mais aptos a lidar com conflitos, rejeições e qualquer tipo de desaprovação.
Num aspecto geral, ao fazer uma visita as redes sociais, pode-se observar que muitos usuários não aceitam ser corrigidos, estão quase sempre em conflito por diversas questões e acreditam que possuem conhecimento sobre todas as situações, sendo que, no acúmulo de informação, é possível gerar aumento de desinformação. Para poder entender o que se passa no imaginário coletivo, o psicólogo Felipe Meirelles, 31, diz que se trata de uma nova percepção de enxergar o outro.
Felipe explica que a problemática consiste em reduzir os aspectos sociais a simples eventos de interação por meio de um condutor que no caso seria a internet. E isso, então, diminui a responsabilidade afetiva entre as pessoas.
Quando eu não quero ter mais contato com alguém ou não aceito uma opinião divergente da minha, eu bloqueio ou excluo o perfil de quem pensa diferente de mim
Felipe Meirelles
O psicólogo relata ainda que as relações perderam a solidez, se tornando frágeis porque não existem contatos reais que excedem o tecnológico. A humanidade está se tornando uma espécie de “ciborgues” e os celulares já são extensões do nosso corpo. “Desvincular o ser humano desse processo é quase impossível, mas há maneiras de solucionar esse problema: debatendo e aprofundando sobre o assunto e humanizando as relações virtuais”, assegura Felipe.
Já a aposentada Ruth de Souza, 62, acredita que as tecnologias trazem muitos benefícios, mas a humanidade sempre deturpa o bom em troca de algo pior. “Eu sou de uma outra geração, mas vejo que o amor se esfriou. As pessoas não possuem empatia uma pelas outras e isso se dá por conta dessas interações não sociais”, conta.
Ruth acredita ainda que o ser humano deve mudar a forma de ver o mundo, pois precisa procurar fugir das bolhas em que é colocado.
Entender o progresso do mundo é compreender a si mesmo. E sem evolução não há transformação. A melhor forma de lidar com novas tecnologias é não supervalorizando-as acima do humano. Do contrário, o convívio será cada vez mais complexo e prejudicial. Para isso deve-se haver maior cuidado quando se trata de internet e os meios de comunicação
Ruth de Souza
Edição: Gabriela Jucá
Imagem do destaque: Pexels