Jovens e adolescentes ‘abandonam’ as estantes
Eduardo Maia
Com o aumento das tecnologias instantâneas e o alto preço dos livros, pesquisas recentes dos institutos Pró Livro e Ibope demonstraram que os jovens, nas faixas etárias de 14 aos 24 anos, estão comprando livros com menos frequência. As novas tecnologias, vistas como sedutoras por esse grupo de pessoas, ganharam a preferência delas.
De acordo o escritor Sérgio Blank, 54 anos, o problema não está somente nessa geração, mas na população em geral. Ele aponta que as pessoas estão atualmente mais acomodadas e dificilmente irão procurar livros para realizar alguma pesquisa acadêmica. Preferem usar o Google e na maioria das vezes não chegam a ler as obras para confirmar as informações encontradas na internet. Dados como esses fazem com que as pessoas pensem que o livro físico irá desaparecer. Contudo o escritor afirma não acreditar nisso.
Quando o cinema apareceu as pessoas acharam que a fotografia iria sumir. E quando a fotografia surgiu pensaram que a pintura iria acabar. As linguagens se adaptam e convivem entre si
Sérgio Blank
O discurso que as livrarias irão acabar é levantado no Brasil desde a década de 90. Conforme Sérgio Blank, elas estão em menor escala, mas não chagará a esse ponto. Paralelo ao desaparecimento de grandes redes, as livrarias de bairro têm voltado à ativa por todo o Brasil. Em Belo Horizonte, por exemplo, existe uma rua cheia delas.
A questão é: o livro é caro, mas as pessoas preferem ir ao shopping comprar tênis e roupas
Sérgio Blank
Apesar das grandes livrarias fecharem as lojas, os projetos como a “Biblioteca Transcol”, realizado pelo Governo do Estado, enchem os olhos dos leitores. A instalação de uma biblioteca no terminal iniciou em 2007 e atualmente, está presente nos nove terminais de ônibus da Grande Vitória. Em 2018, em somatória com todas as unidades, foi registrado um total de 15.131 empréstimos.
A funcionária da biblioteca do Terminal de Vila Velha, Inês de Fátima, 59, afirma que o objetivo é aumentar o acesso à leitura dos capixabas. De acordo com ela, os frequentadores da Biblioteca Transcol estão nas faixas etárias infantis e acima dos 40 anos. Os leitores de 20 a 40 têm o índice mais baixo de empréstimo
A estudante e cliente da biblioteca Hana Avancine, 18, diz que os jovens da idade dela focam as atenções em jogos e redes sociais e acabam esquecendo os livros.
Eu gostaria que meus amigos lessem mais. Assim, eu iria conseguir trocar meus livros com eles, mas, infelizmente, poucos têm esse hábito
Hana Avancine
As Bibliotecas Transcol estão abertas todos os dias, exceto domingo, das 8 às 18 horas.
EDIÇÃO: Andressa Alves/Núcleo de Jornalismo
FOTO DO DESTAQUE: Eduardo Maia