Novembro Azul: Cuidar também é coisa de homem

Campanha que surgiu em 2003 alerta para os cuidados com a saúde integral masculina e a importância de romper estigmas e preconceitos

O bigode se tornou símbolo da campanha após ser adotado como forma de chamar a atenção para a saúde masculina (Foto: Freepik 2025)

Heitor Robers

O mês de novembro tornou-se um marco do cuidado com a saúde masculina. A campanha do Novembro Azul surgiu na Austrália, a partir do movimento Movember (moustache+november), que incentivava os homens a deixarem o bigode crescer durante o mês como símbolo de apoio à saúde masculina. A ideia era quebrar o silêncio sobre temas como o câncer de próstata, a depressão e o suicídio dos homens que, historicamente, evitam discutir esses assuntos.

A campanha do Novembro Azul realizada em 2023 pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) e o Ministério da Saúde faz uma previsão sobre o número de casos de câncer de próstata no Brasil. Estimam-se 71.730 novos casos por ano para o triênio de 2023 a 2025. O câncer de próstata é o segundo tipo mais incidente na população masculina em todas as regiões do país. A idade é o principal fator de risco, especialmente em homens a partir dos 60 anos, mas também se destacam o histórico familiar com a doença e a obesidade.

O médico urologista Diego Cóbe explica que o exame do toque retal — procedimento em que o médico insere um dedo lubrificado no ânus do paciente para avaliar a próstata e outras estruturas pélvicas — carrega um estigma cultural, associado a piadas, ao medo do desconforto e à falsa ideia de que “fere a masculinidade”.

Apesar do foco da campanha na prevenção do câncer de próstata, o médico destaca a importância do Novembro Azul como porta de entrada para tratar de outros temas (Foto: Heitor Robers)

Diego completa fazendo um alerta sobre a desinformação espalhada. De acordo com o médico, as informações falsas sobre o tema levam muitos homens a pensarem, de forma errada, que o toque é doloroso, perigoso e humilhante.

O psicólogo Paulo Kleber Dutra atende, principalmente, homens no consultório em que atua e explica que as principais estigmatizações sobre o tema existem por conta da ignorância e da falta da cultura do cuidado com a saúde no Brasil. Na visão dele, as campanhas de conscientização precisam ser ainda mais incisivas e o tratamento dos médicos com os pacientes mais humanizado.

O psicólogo entende que as campanhas de cuidado com a saúde masculina precisam ser fortalecidas (Foto: Arquivo Pessoal)

O estudante universitário Guilherme Caetano, 21 anos, ainda não está na idade recomendada para fazer o exame, mas entende a importância dele para a prevenção do câncer de próstata — segunda principal causa de morte por câncer no sexo masculino de acordo com o Inca. Para ele, o tema deve ser enxergado com seriedade e maturidade, pois se trata de uma das maneiras de garantir a qualidade de vida e prolongar a longevidade.

Guilherme entende que o tema deve ser tratado com maturidade e, apesar de ser jovem, já se atenta para os cuidados (Foto: Arquivo Pessoal)

O aposentado Carlos Henrique Motta, 57 anos, faz o exame como forma de prevenção desde os 50. Apesar da resistência dos homens em idades mais avançadas em buscar os tratamentos, Carlos explica que não liga para possíveis piadas sobre o tema. Para ele, o exame é uma das mais importantes maneiras de garantir a saúde e valorizar a vida.

Carlos enxerga a prevenção do câncer de próstata como uma forma de valorização da vida (Foto: Arquivo Pessoal)

Foto do destaque: Freepik 2025