DIA NACIONAL DO TEATRO: a arte que atravessa gerações e transforma vidas

Da censura à resistência cultural, o palco brasileiro segue reinventando-se, conectando os artistas e o público em experiências transformadoras. 

O teatro é o espetáculo da cultura em movimento, onde cada ato é escrito coletivamente e o futuro ainda está sendo escrito para ser encenado. (Foto: Monica Silvestre/ Pexels- 2025)

Estefany Benachio

O Dia Nacional do Teatro é comemorado no mês de setembro e celebra a história de um país inteiro que se expressa por meio dessa arte. Ele representa a força de uma manifestação que atravessa séculos e continua essencial para a cultura brasileira. Ao mesmo tempo em que preserva memórias e tradições, o teatro abre espaço para a crítica social, a formação do pensamento crítico e a valorização da diversidade. Essa data é destinada, em especial, aos artistas que fazem do palco um espaço de resistência e transformação.

Para o professor de teatro Vinícius Couti, a arte cênica funciona como um espelho da sociedade, revelando virtudes, falhas e contradições. Ele explica que o palco tem o poder de levantar debates, estimular pensamentos críticos e promover inclusão cultural, dando voz a temas que muitas vezes não encontram espaço em outros lugares. O professor destaca, ainda, que em uma sociedade cada vez mais conectada às telas, a dramaturgia resgata a presença humana, o contato corporal e o olhar direto, elementos que despertam o diálogo e a empatia.

Vinícius Couti também é ator, diretor e coreógrafo, levando o teatro para diferentes públicos. (Foto: Arquivo Pessoal) 

O teatro no Brasil surgiu no século XVI com objetivo de disseminar a crença religiosa, mas ganhou força apenas no século XIX, após a chegada da Família Real Portuguesa. Mais tarde, enfrentou a censura da ditadura militar, período em que se consolidou como espaço de resistência e liberdade. Hoje, na visão do professor, o maior desafio é a valorização da arte, já que ainda falta investimento público e privado. Ele ressalta, ainda, que poucas pessoas têm acesso a assistir a uma peça ou a fazer aulas, pois a ausência de leis que garantam o acesso da população a essa arte e o avanço da era digital contribuem diretamente para a desconsideração do teatro.

Em cena, Vinícius dá vida ao personagem Mufasa da peça O Rei Leão. (Foto: Arquivo Pessoal)

A estudante de jornalismo Isadora Favoreto, que já participou de um curso de teatro, relata que estar no palco é esquecer a multidão e viver o personagem. Além disso, ela conta como a experiência impactou os diferentes âmbitos da sua vida. “O teatro representa pra mim, tanto pessoalmente quanto profissionalmente, a base do que eu sou hoje. Eu tenho um apego pessoal enorme nessa expressão artística. Na minha vida pessoal, ele moldou quem sou. Eu não seria a Isadora de hoje, se não tivesse feito teatro”. 

Isadora já interpretou a Megera Domada de Shakespeare, sensação que foi um misto de ansiedade, adrenalina e entrega ao papel. (Foto: Arquivo Pessoal)

Para a estudante, subir ao palco foi mais do que interpretar personagens: foi descobrir a própria voz e desenvolver habilidades sociais, como a empatia para se colocar no lugar do personagem. Já para o professor Vinícius, a mensagem é clara: “ O teatro é um espaço de descobertas, em que se desenvolvem senso crítico, consciência social e diálogo. Ele quebra barreiras e, numa sociedade cada vez mais digital, resgata o valor do contato humano, do olhar e da presença”.