Da Terra à Mesa: a História das Mulheres que Fazem do Cooperativismo um Negócio de Sucesso
O Grupo 7 Mulheres, em parceria com a Cooperativa de Agricultores Familiares de Cariacica (CAFC-ES), transforma o cultivo da banana em produtos inovadores, fortalecendo a agricultura e ampliando o protagonismo feminino no município

Jacyara Oliveira e Letícia Santos
Entre a plantação, a colheita da banana, a dedicação e a correria da produção surgem produtos que contam histórias. São pelas mãos do “Grupo 7M – 7 Mulheres“, da Cooperativa de Agricultores Familiares de Cariacica (CAFC-ES), localizada em Cariacica-sede, que surgem da fruta recém colhida deliciosos bombons, banana chips, farinhas e massas. É durante essa produção que Vera Lúcia Monteiro, Lenicelia Silva e Evanilda Barcelos aprendem que os princípios do cooperativismo constituem o trabalho diário delas, seja cultivando solidariedade e ampliando o protagonismo feminino no município.
A CCAFC-ES conta com 320 cooperados, que atuam com o propósito comum: fortalecer a agricultura familiar e ampliar as oportunidades para os produtores da região. Nesse contexto, nasce o Grupo 7M, formado, atualmente, por três mulheres, uma iniciativa voltada para impulsionar o protagonismo feminino no campo. O grupo surgiu a partir de um curso oferecido pela a Prefeitura de Cariacica, que tinha como objetivo capacitar mulheres a se posicionarem no ambiente da agricultura, promovendo, assim, mais autonomia, conhecimento técnico e participação ativa nas decisões da cooperativa.

Com a oportunidade dada pela Cooperativa e pela Prefeitura, as agricultoras conquistaram espaço para empreender, compartilhar experiências e contribuir para o desenvolvimento sustentável da comunidade, mostrando que o Cooperativismo também é um caminho para a valorização da mulher na agropecuária. No início, as mulheres se reuniam em um colégio para realizarem a produção de banana-chips e mariola, mas, logo, o grupo cresceu e ganhou uma sede própria na localidade de Cachoeirinha e expandiu sua produção, com novos itens, incluindo a banana-passa, farinha de banana, macarrão de casca de banana, bombons de banana e biscoitos.

Vera Lucia Monteiro, líder do Grupo 7M, explica como foram os primeiros passos para o sucesso do grupo.
Como a banana sempre foi um produto abundante no município, eu e outras mulheres decidimos colocar em prática o que aprendemos no curso. No início, nós aproveitamos as frutas que sobravam nos bananais, aquelas que os atravessadores não levavam e acabavam ficando no chão. Em vez de deixar estragar, passamos a produzir banana chips
Vera Lucia Monteiro
Apesar dos avanços conquistados, o caminho até a consolidação do Grupo 7M não foi simples. No início, as mulheres precisaram lidar com a falta de estrutura adequada para a produção, trabalhando em espaços improvisados. Além disso, a ausência de equipamentos próprios dificultava a continuidade do trabalho. Outro desafio constante foi conciliar a rotina da agricultura e da produção com as responsabilidades familiares.
A gente enfrentou muita coisa. A falta de transporte, a pouca experiência em gestão, compras e vendas, devido a baixa escolaridade das mulheres do grupo. A gente ficava meio perdida na administração do negócio e no controle financeiro. Mas, graças ao apoio da Cooperativa e da Prefeitura, conseguimos aprender bastante, construir nossa própria fábrica, adquirir novos equipamentos e até um caminhão para logística
Vera Lucia Monteiro

Hoje, com a produção consolidada e a marca já reconhecida na região, as mulheres do Grupo 7M também se tornaram inspiração para outras trabalhadoras rurais. Elas mostraram que, mesmo diante das dificuldades, é possível transformar o que antes era visto como sobra ou descarte em fonte de renda e independência. Essa conquista representa mais do que o crescimento de um negócio: simboliza a quebra de barreiras culturais que, por muito tempo, limitaram a atuação das mulheres no campo a papéis secundários.
O protagonismo feminino dentro da Cooperativa vai além da geração de renda. Ele abre espaço para que essas agricultoras participem ativamente das decisões estratégicas, opinem sobre os rumos da produção e tenham voz na gestão do empreendimento. Essa participação não fortalece somente o grupo como, também, amplia a representatividade das mulheres em espaços antes ocupados majoritariamente por homens. Diante disso, elas passam a ser reconhecidas não apenas como trabalhadoras, mas como lideranças fundamentais para o desenvolvimento rural.
Para o presidente da cooperativa, Davi Dutra, o laço do projeto com a cooperativa está alinhado aos princípios cooperativos. “A parceria com o Grupo 7M mostra a força do Cooperativismo. Quando unimos a experiência da cooperativa com a dedicação e a criatividade dessas mulheres, conseguimos transformar a banana em oportunidade, gerar renda e fortalecer a agricultura familiar. Esse é um trabalho que valoriza a comunidade e inspira outras iniciativas pelo Espírito Santo. Poder contribuir para o protagonismo dessas mulheres significa muito para a nossa cooperativa”, pontua.
A jornada dessas mulheres é marcada por superação e força de vontade. Por meio do Cooperativismo e da união, elas superaram a dificuldade de se sentirem sem voz e sem poder de decisão no campo para se tornarem agentes de transformação, capazes de gerar renda, opinar e inspirar outras mulheres. Vera Lucia ressalta que o movimento não se trata apenas de produção agrícola, como a banana, mas de empoderamento feminino.
Confira o vídeo de Vera Lucia falando sobre como o grupo contribui para o fortalecimento feminino no meio rural:
Produção da Banana Transformada pelo Cooperativismo
Segundo os dados da Prefeitura Municipal de Cariacica (PMC), em 2024, a cidade registrou um aumento de 20% na produção de banana orgânica. De acordo com a dados disponibilizados pela Cooperativa da Agricultura Familiar do município, foram produzidas mais de 3 mil toneladas da fruta ao longo do ano de 2024, 500 toneladas a mais em relação a 2023.
Além disso, a banana é o principal produto agropecuário de Cariacica em termos de valor produzido. Em 2022, a produção alcançou R$ 12,6 milhões, correspondendo a 32,86% do Valor Bruto da Produção Agropecuária do município, de acordo com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).

Esses dados ajudam a dimensionar o potencial da fruta que, nas mãos das cooperadas, ganha um novo significado. Do plantio à colheita, cada etapa é feita com dedicação, mas é na transformação que o cooperativismo mostra a força. O processo começa ainda na roça, com a seleção das melhores bananas. Em seguida, na sede do Grupo 7M, as frutas passam por higienização, corte e preparo, ganhando novas formas e sabores.
Vera Lucia explica que a banana utilizada pelo Grupo é colhida diretamente do bananal, muitas vezes já despencada e madura de forma natural, sem a utilização de produtos químicos. Após a colheita, as frutas seguem para a Cooperativa, onde passam por um processo de limpeza e secagem das frutas, que se transforma em diferentes produtos como banana passas, bombons, banana chips e farinha. Para ela, esse trabalho vai além da agricultura, pois representa aprendizado, empoderamento e oportunidade, tornando a banana um elemento valioso tanto para as produtoras quanto para a comunidade.

Entre as mulheres, que fazem da banana um produto de sucesso, está Lenicelia Silva, 47 anos, filha de agricultores e nascida na Paraíba, onde cresceu acompanhando os pais no cultivo da roça. Aos 22 anos, decidiu mudar-se para o Espírito Santo, morar em Cachoeira, na busca de melhores oportunidades de trabalho. Durante anos, a rotina foi marcada por madrugadas ainda antes do nascer do sol, dividindo-se entre os cuidados com a casa, a criação dos filhos e a jornada como babá.
O desejo de conquistar autonomia e ser protagonista do próprio negócio a levou a aceitar, em 2019, um convite especial: trabalhar ao lado de Vera Lucia, que a procurou em um momento de necessidade. “Quando a Vera bateu na minha porta pedindo ajuda, eu senti que era Deus abrindo um caminho novo para mim. Desde aquele dia, nunca mais soltei a mão delas. Hoje, olho para trás e vejo como essa Cooperativa mudou minha vida, me deu força e esperança para acreditar em mim mesma”, emociona-se.
Atualmente, Lenicelia é uma das responsáveis pela produção das farinhas e massas à base de banana. Na fábrica, as mãos firmes e cuidadosas cortam, peneiram e preparam cada lote com dedicação. Para ela, o trabalho vai muito além da renda, é símbolo de independência, autoestima renovada e orgulho. Foi ali que encontrou seu lugar, passou a contribuir ainda mais para o sustento da família e transformou-se em inspiração para outras mulheres que dedicam a vida ao trabalho agrícola.
Eu sempre quis ser independente e ajudar em casa. Sempre gostei de trabalhar, especialmente preparando comidas. Apesar de meu marido não me apoiar, eu não ligo e trabalho mesmo assim. Isso me faz bem, gosto de estar aqui com as meninas, pois esse não é um ambiente comum de trabalho. Aqui a gente ri, chora e vivemos todos os momentos juntas
Lenicelia Silva

Quem também faz dessa parte dessa produção é a agricultora Evanilda Barcelos, 43 anos, também moradora de Cachoeirinha. Ela carrega na trajetória da vida marcas de luta e superação que se transformam em inspiração para muitas mulheres da comunidade. Mãe dedicada, ela enfrentou o abandono e criou a filha, Vitória Barcelos, com o apoio fundamental dos pais, encontrando na agricultura familiar, não apenas uma fonte de sustento, mas, também, um caminho de reconstrução e fortalecimento.
“Quando pensei que não teria forças para seguir, encontrei na roça e na Cooperativa o acolhimento que precisava. Aqui no grupo 7M descobri que não sou só uma mulher tentando sobreviver, mas alguém que pode inspirar. O mais bonito é ver minha filha crescer sabendo que a mãe dela não desistiu, que lutou e que hoje tem voz e valor. Isso me dá esperança de que ela nunca precise passar pelo que eu passei”, compartilha Evanilda.
Hoje, Evanilda participa ativamente da produção do Grupo 7M e se tornou referência para outras mulheres da comunidade. Mais do que trabalho agrícola, a atuação representa resiliência, empoderamento e a prova de que recomeçar é possível. Realizada, Evanilda mostra que o protagonismo feminino no campo transforma vidas dentro e fora da roça. O fortalecimento do papel da mulher também é um princípio presente no Cooperativismo. No Grupo 7M, não se trata apenas de transformar a banana em novos produtos, mas de garantir voz, autonomia e protagonismo às agricultoras.
Evanilda ressalta ainda que o seu desejo é ver cada vez mais mulheres inovadoras, liderando e ajudando a transformar o setor agrícola. Ela diz que é essencial que as mulheres estejam onde desejam e façam aquilo que querem, pois são dignas, capazes e competentes para realizar o mesmo trabalho que um homem pode fazer. Evanilda relata também que as mulheres são exemplos de determinação e criatividade, abrindo caminho para um futuro mais empoderado, sustentável e inclusivo.
Sempre escutei de alguns homens que o meu lugar é na cozinha e que isso não é serviço para mim. Durante algum tempo, isso me chateou, mas depois percebi que não preciso de validação de nenhum homem para exercer o meu trabalho. Eu posso estar onde eu quiser e fazer o que eu quiser. Hoje, estou aqui. Sei que sou boa no que faço e pretendo inspirar outras mulheres
Evanilda Barcelos
O presidente da A Cooperativa de Agricultores Familiares de Cariacica (CAFC-ES), Davi Dutra de Barcelos, relata que os laços do Grupo 7M com a CAFC estão alinhados aos princípios cooperativos, mostrando a força do Cooperativismo nas mãos dessas mulheres. Davi Dutra explica ainda que quando acontece a união da experiência da cooperativa e a dedicação e criatividade dessas mulheres, a instituição consegue transformar a banana em oportunidade de renda e fortalecimento da agricultura familiar, garantindo ainda o protagonismo de tantas mulheres que se dedicam no trabalho agrícola.
Os Sabores da Banana Conquistam Consumidores
Confira abaixo o vídeo de Jacyara Oliveira contando todo o percurso que a banana faz para chegar até a prateleira e nas mãos dos consumidores:
Nas prateleiras de mercados, mercearias e comércios de Cariacica e cidades vizinhas, os produtos do Grupo 7M ganham espaço e despertam a curiosidade dos clientes. Chips, farinhas, doces e biscoitos feitos à base de banana carregam não apenas o sabor da fruta, mas, também, o cuidado e a dedicação de quem os produz.
O reconhecimento ultrapassa as feiras e mercados da região e mostra a força do trabalho das cooperadas. Hoje, o Grupo 7M vende os produtos para a Le Chocolatier, marca referência de bombons e chocolates, que identificou na qualidade e na autenticidade do grupo um diferencial competitivo. A presença em uma vitrine tão prestigiada reforça não apenas a excelência dos alimentos produzidos, mas também o valor do Cooperativismo como motor de transformação social.

Para os comerciantes, oferecer os produtos do Grupo 7M significa valorizar a economia do próprio Estado e, ao mesmo tempo, fortalecer o vínculo com os clientes que buscam alimentos artesanais, carregados de identidade local. É o que percebe diariamente a proprietária da loja de produtos naturais Canto dos Grãos, localizada na Praia da Costa, Karla Vieira.
Os clientes gostam muito do produto e a gente sempre enfatiza que é um trabalho diferenciado, feito por um grupo de mulheres que têm um cuidado enorme com a matéria-prima. Elas são muito atentas à higiene e ao ambiente onde tudo é produzido
Karla Vieira
Karla conta também que conheceu o grupo por indicação de um amigo e que, desde então, a parceria tem sido de grande valor. Para a empresária, o trabalho realizado pelas mulheres do Grupo 7M é de excelência e o atendimento prestado é sempre acolhedor. O que levou a firmar a parceria com o grupo foi a apresentação dos produtos que convenceu de imediato, tanto a ela quanto aos clientes.
Ronaldo Monteiro, fiel consumidor há mais de 10 anos, admira o trabalho feito pelo grupo 7M e ressalta que cada compra tem um valor simbólico: “Eu sou cliente fixo delas, compro banana-passa, a farinha de banana, banana chips, bombom de banana e quase toda a linha que elas produzem. Meu produto favorito é a banana-passa. Acredito que comprando delas, eu estou colaborando com o trabalho riquíssimo. Estou ajudando também os produtores regionais e, ainda, estou levando um produto de qualidade para minha família”, diz.
Para as integrantes do Grupo, ter os produtos aceitos por comerciantes locais e por uma marca já consolidada é a prova de que o trabalho desenvolvido no campo, muitas vezes invisibilizado, pode ganhar espaço em grandes mercados sem perder a essência. Essa conquista amplia a confiança das agricultoras, fortalece a marca no cenário capixaba e inspira outras cooperativas a acreditarem no próprio potencial.
Com cada nova parceria, o Grupo 7M não só amplia a rede de consumidores, mas, também, consolida sua posição como exemplo de inovação no meio rural. A banana, antes vista apenas como fruto abundante da região, transformou-se em símbolo de qualidade, empreendedorismo feminino e desenvolvimento econômico sustentável.
Agricultores Familiares de Cariacica

A Cooperativa de Agricultores Familiares de Cariacica (CAFC-ES) foi fundada em junho de 2017, em Cachoeirinha, com o objetivo de melhorar o acesso ao mercado, organizando a produção e a distribuição dos produtos. Hoje, a Instituição é um exemplo de sucesso na comercialização de produtos da agricultura familiar no município. Com 320 cooperados, a CAFC-ES envia semanalmente cerca de 60 toneladas de mercadorias, incluindo bananas e derivados, para comércios de diversos locais, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro.
Na cidade de Cariacica, os agricultores fazem parte do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Eles distribuem semanalmente, em todas as unidades municipais de ensino, verduras, legumes, frutas, pães e biscoitos para a composição diária dos cardápios da merenda escolar nas escolas da rede municipal.
Além disso, a cooperativa visa proporcionar ao público uma sensação de segurança ao se juntar à empresa. A CAFC-ES se preocupa em cuidar das dores dos outros e preza pelo valor: manter as coisas em ordem e sob controle. A instituição ainda carrega uma missão: “cuidando de tudo e de todos”, fornecendo estabilidade e estrutura. Desse modo, a cooperativa cuida e zela por três tipos envolvidos: os colaboradores, a natureza e o consumidor.
Opinião das autoras da Reportagem – Falar sobre essa cooperativa, junto com o Grupo 7 Mulheres, foi uma oportunidade única. O tema sobre mulheres na agropecuária é muito relevante. Ver a força, a dedicação e o cuidado delas é inspirador. Essa é uma área em que a maioria são homens e saber que existem mulheres que fazem a diferença e lutam para ocupar esse espaço é extremamente significativo, principalmente, para nós, que também somos mulheres e entendemos como é isso. Nós fomos até o local onde elas realizam o trabalho e a visita foi enriquecedora. Poder ouvir cada uma foi algo que nos tocou profundamente. As histórias de vida, marcadas por lutas e superações, nos emocionaram. Esse diálogo não foi apenas uma entrevista, mas uma conversa íntima e profunda. Sentimos isso pela forma como as mulheres se abriram e compartilharam as experiências conosco. Somos gratas por elas terem nos permitido viver esse momento e felizes por termos criado um ambiente confortável e seguro para que pudessem contar as histórias. Esse trabalho mostrou que uma cooperativa é muito mais do que um grupo que busca igualdade: é um espaço que promove empoderamento e protagonismo feminino. Essa Cooperativa não estava no banco de pautas, nós pesquisamos e a encontramos. O que nos chamou a atenção foi que, mesmo sendo uma organização com poucos cooperados, o trabalho que realizam é grande e incrível, especialmente pelas mãos das mulheres. Quem imaginaria que a banana poderia se transformar em tantos produtos de qualidade, conquistar inúmeros consumidores e, ao mesmo tempo, ajudar a mudar a vida dessas mulheres, fortalecendo a agricultura familiar, algo ainda pouco valorizado? Por fim, nosso objetivo com a Reportagem é mostrar a força dessas mulheres, apresentar o trabalho dessa Cooperativa, contribuir para um mundo mais consciente e reforçar que nós, mulheres, devemos ocupar espaços, estar onde quisermos e fazer aquilo que desejarmos. Mais do que isso, queremos mostrar que somos capazes de atuar em qualquer área e que nosso trabalho é essencial para todos, seja em casa ou no campo. Nós somos fortes!
Diagramação: Redação Lacos
Edição Final: Letícia Santos
Imagem do Destaque: Montagem/Jacyara Oliveira e Letícia Santos