Caco Barcellos: “Precisamos voltar ao jardim de infância do jornalismo”
Em palestra no Espírito Santo, o criador e diretor do programa Profissão Repórter reforçou o compromisso do jornalismo com a verdade e com a sociedade

Heitor Robers
Nascido em Porto Alegre, o gaúcho Cláudio Barcelos de Barcellos, mais conhecido como Caco Barcellos, esteve em Vitória, capital do Espírito Santo, na terça-feira (02/07).
Com 51 anos de carreira, o jornalista, idealizador, apresentador e diretor do programa Profissão Repórter, e escritor dos premiados Rota 66 e Abusado – O Dono do Morro Dona Marta, palestrou no lançamento do 28º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta. Estudantes e profissionais da área esgotaram os ingressos do evento e encheram o auditório para escutar as experiências e refletir sobre o papel do jornalismo na atualidade.
Durante a conversa, Caco apontou o que é considerado por ele essencial na prática do bom jornalismo. Citou a apuração como um dos principais pilares e falou da importância de contar as histórias partindo do lide, que ele classifica como o Jardim de Infância do Jornalismo.
Você tem que contar a história a partir de quatro, cinco informações. Onde, quando, como aconteceu e, sobretudo, por que aconteceu
Caco Barcellos

Caco também contribuiu falando sobre um importante papel do jornalismo: amplificar as vozes daqueles que são menos ouvidos.
Todas as pessoas com quem a gente conversa são importantes, mas as imprescindíveis estão longe do poder. É na rua, na casa das pessoas. Essas é que são essenciais. É quem recebe a consequência de um ato de uma pessoa poderosa
Perguntado sobre a atuação do jornalista na atualidade, no contexto das hard news – notícias factuais, que precisam ser apuradas e divulgadas com mais velocidade -, o apresentador do programa Profissão Repórter reconhece a importância dessa vertente, mas se vê na contramão desse segmento. O programa apresentado por Caco é semanal e tem um processo de produção mais lento, demandando mais tempo de apuração e de investigação do que um telejornal diário.
O jornalista também citou as principais ferramentas do profissional: os olhos, para registrar o que está acontecendo, a boca, para perguntar e apurar, e os ouvidos, que são, na visão de Caco, os principais, para escutar o que as pessoas estão dizendo e poder ampliar isto para o mundo.
O gaúcho falou da chegada dos novos aparelhos e das novas tecnologias no meio jornalístico, que ele classifica como jornalismo high tech. Para Caco, as novidades surgem para agregar e auxiliar a produção jornalística, mas a missão principal continua clara para ele.
Acho que essa é a nossa missão: no local dos acontecimentos, na rua. O trabalho artesanal ou mais simples para mim ainda é o mais relevante
Caco Barcellos
Imagem do Destaque: Caio Vasconcelos