Namorar ainda está na moda?

A prática surgida na antiguidade sofreu mudanças com o passar do tempo e divide opiniões na atualidade

O Dia dos Namorados é considerado a 4ª data mais importante para o comércio no Brasil (Foto: Gera Cejas @geracejas.fotografo/Pexels)

Heitor Robers

Surgido no passado, quando os relacionamentos deixaram de acontecer somente por interesses políticos, o namoro se adaptou de acordo com as mudanças culturais e sociais de cada época. No Brasil, o Dia dos Namorados é comemorado em 12 de junho, mas como as mudanças estão afetando os namoros?

Segundo a Pesquisa proprietária Globo, realizada para o dia dos namorados de 2023, 62,5% da população brasileira afirma estar em algum tipo de relacionamento, destes: 59% são casados, 27% estão namorando, 11% se encontram em um relacionamento casual e outros 3% são noivos.

Os dados provam que a maioria dos brasileiros estão em um relacionamento, e os que namoram só perdem nos números para os casados. Entre os jovens, apenas 20% estão namorando, mas, por que será? Afinal, namorar saiu de moda?

O que pensam os jovens?

O LACOS procurou estudantes da área da comunicação para descobrir o que pensam sobre o tema.

Opções escassas

Gabriela Gomes (Foto: Arquivo pessoal)

A estudante de jornalismo Gabriela Gomes, de 18 anos, está solteira e acredita que não é tão simples encontrar um par na atualidade:

Eu acho que hoje em dia tem poucas pessoas que estão dispostas a se entregar 100% no relacionamento e sem terminar na primeira briga, então não acho que saiu de moda, eu só acho que estão escassas as opções.

Para ela, os relacionamentos antigamente eram mais sérios e duradouros, além de serem mais regrados.

Tinha que pedir para mãe, pedir para pai, tinha que conhecer a família. Era mais regrado. Então, acho que hoje em dia é muito: bora ver no que vai dar e tal. 

Relacionamentos para durar

Patrick Sanches (Foto: Arquivo pessoal)

Patrick Sanches, de 21 anos, é estudante de jornalismo e está namorando há 5 anos. Para ele, o namoro não saiu de moda, mas acredita que hoje é mais difícil manter um relacionamento duradouro e com futuro.

As pessoas só querem farra e é muito difícil encontrar alguém que tenha uma visão de futuro. Hoje em dia, as pessoas só querem viver o presente, e não estão pensando lá na frente.

Patrick também enxerga mudanças na forma como aconteciam os relacionamentos antes e como acontecem hoje.

Eu acho que o namoro antigo tinha mais essa pressão de ser duradouro, porque não tinha essa cultura de ficar, era só namorar e casar antigamente, hoje em dia isso foi mudando.

Envolvimento sem compromisso

Cecília Gatto (Foto: Arquivo pessoal)

A estudante de Design Gráfico de 19 anos Cecília Gatto namora há 1 ano e sente que o namoro ganhou um peso maior que antes. Para ela, a cultura do ficar influenciou nisso.

Eu sinto que o namoro tem sido deixado de lado, porque hoje em dia você consegue ter as coisas boas ou mais quentes de um namoro sem ter que assumir a responsabilidade e as coisas ruins de um namoro. Por exemplo, quando você está ficando com alguém.

Para a jovem, a cultura do ficar mudou a forma de enxergar o casamento e o namoro

Hoje, o período de ficar antes de namorar é o período de namorar antigamente, e namorar de hoje em dia é o período de casar de antigamente. Eu não sei se a geração de hoje quer menos responsabilidade ou quer menos compromisso, mas eu sinto que namorar ganhou um peso muito maior.

Mudança no foco

Pedro Cerqueira (Foto: Arquivo pessoal)

O estudante de Publicidade e Propaganda Pedro Cerqueira, de 21 anos, está solteiro e enxerga um foco maior dos jovens em outras áreas.

Acho que namorar saiu um pouco de moda por conta que a gente, principalmente jovens de 19 a 25 anos, estão muito focados em construir mais a carreira. Claro, existem exceções, mas eu acredito que o foco hoje está diferenciado.

Ele complementa, comparando o desejo e a visão das gerações atuais com as mais antigas.

Antigamente, o pessoal tinha mais vontade de construir uma casa, de ser casado, de ter filhos mais cedo. Acredito que hoje em dia a gente mudou um pouco o pensamento. Às vezes a gente tem até a oportunidade de namorar, só que não prefere mesmo porque pode desviar o foco do que realmente a gente quer.

Como Bauman enxerga isso?

O conceito “Amor Líquido”, desenvolvido pelo sociólogo Zygmunt Bauman, refere-se à superficialidade das relações sentimentais e à fragilidade das raízes emocionais que os seres humanos tendem a estabelecer.

Livro Amor Líquido, de Zygmunt Bauman (Foto: Heitor Robers)

Algumas características da “Sociedade Líquida”, conceito também desenvolvido por Bauman, ajudam a entender melhor a visão do Sociólogo sobre o amor e os relacionamentos na sociedade contemporânea:

  • Falta de compromisso;
  • Necessidade de liberdade;
  • Vínculos superficiais;
  • Satisfação imediata;
  • Fragilidade dos relacionamentos.

O que você pensa?

E você, como enxerga tudo isso? Será que namorar realmente não está mais na moda? Ou será que a forma como os relacionamentos acontecem é que mudou?

Fique de olho

Para ficar ligado em assuntos, curiosidades e questionamentos relacionados ao Dia dos Namorados, não perca a sequência que o LACOS preparou focando nesta temática.

Imagem do destaque: Gustavo Fring/Pexels