Papa Francisco: a simplicidade que mudou o mundo
Primeiro pontífice latino-americano, o argentino Jorge Mario Bergoglio deixou um legado de humildade, coragem e aproximação entre a Igreja e os povos do mundo.

Ana Caroline de Moraes
Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, morreu aos 88 anos, um dia após a celebração da ressurreição de Cristo. Sua partida deixa um legado como um dos papas mais marcantes da história recente, guiado pela simplicidade e pelo compromisso com os mais vulneráveis.
Nascido em Buenos Aires, filho de imigrantes italianos, Jorge Bergoglio levou para Roma a experiência de quem conhecia de perto a realidade dos pobres. Em 2013, ao ser eleito papa, escolheu o nome Francisco, homenageando São Francisco de Assis, símbolo de humildade, paz e amor aos desfavorecidos.
Logo nos primeiros gestos, quebrou protocolos. Recusou luxuosos aposentos do Palácio Apostólico, preferindo viver nas acomodações mais simples da Casa Santa Marta. Trocou carros oficiais por veículos simples e caminhou entre o povo, em visitas a hospitais, presídios e campos de refugiados. Lavou os pés de mulheres, imigrantes e pessoas de outras religiões, mostrando que a fé se constrói no serviço.
Ainda no primeiro ano de seu pontificado, emocionou milhões de jovens ao vir ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro. Francisco atravessou as praias de Copacabana em um carro aberto, recebendo o carinho de uma multidão que via, nele, um papa próximo, simples e cheio de esperança.
Sua voz ecoou além dos templos. Com a encíclica “Laudato Si’”, alertou o mundo para a crise ambiental. Trabalhou pela aproximação diplomática entre Cuba e Estados Unidos e defendeu um novo olhar para temas como imigração, desigualdade e acolhimento de minorias.
Em 2016, num gesto histórico durante o Ano da Misericórdia, mesmo enfatizando a gravidade do aborto, autorizou que todos os padres pudessem absolver esse pecado, reafirmando a mensagem de misericórdia e inclusão.
Fiel à simplicidade até o último instante, Francisco pediu, antes de morrer, um funeral sem luxos e um caixão modesto e um adeus coerente com toda a vida que levou.
Com coragem e ternura, Francisco rompeu barreiras, derrubou muros e resgatou a essência do Evangelho: fez da Igreja Católica uma casa aberta a todos.