“Setembro é tempo de…” – Autocuidado e Prevenção
O autocuidado anda lado a lado com a saúde mental e física. Ao praticar o autocuidado, a pessoa aprende a controlar as emoções, a desafiar os pensamentos negativos e a construir uma vida mais equilibrada e feliz
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Vitória Fernandes e Lara Elis
A valorização do autocuidado é uma saída para quem procura ajuda, busca refúgio em si mesmo e necessita de autoconhecimento. Praticar o autocuidado é essencial para a pessoa reconhecer os próprios sentimentos, contribuindo, assim, para conter pensamentos intrusivos e salvar vidas, sendo necessário para uma sociedade cansada mentalmente e fisicamente no cotidiano.
Nesse contexto, em uma sociedade cada vez mais acelerada e a cultura do imediatismo impregnada no ser humano, a saúde mental fica de lado no cotidiano da maioria das pessoas na sociedade. Com intuito de diminuir o problemas, a aplicação do autocuidado nos relacionamentos sociais, físicos e mentais registra um equilíbrio do corpo e da mente. Assim, revela uma pessoa com melhor qualidade de vida, confiante e segura com a redução do estresse e ansiedade.
O autocuidado pode ser praticado de diferentes formas: políticas públicas, comunidades, profissionais de saúde, famílias e indivíduos. Na comunidade, praticar atividades, a exemplo de: esportes, artes, lazer e entre outros. Já com grupo de pessoas promove o bem-estar e resiliência coletiva. A família pode favorecer o senso de acolhimento, sendo um apoio mútuo para a pessoa. Além disso, solicitar suporte, apoio emocional e ajuda médica é um dos caminhos para manter a mente segura e evitar a autolesão. Em políticas públicas o Centro de Valorização da Vida (CVV) – 188 oferece apoio emocional e prevenção ao suicídio gratuitamente.
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A psicóloga Rose Duarte trouxe a definição do conceito do autocuidado e questões envolvendo a saúde mental, principalmente de jovens e adolescentes, além de dicas para prevenção. A psicóloga explica que a saúde mental e a autoestima afetam diretamente o autocuidado praticado pela pessoa, sendo indispensável. A saúde mental é essencial para qualidade da capacidade de percepção, baseada na realidade, para avaliar o mundo ao nosso redor.
Rose afirma ainda que a autoestima e o autocuidado “falam por mim”, sendo a estima que a pessoa tem por ela e avaliação própria. Assim, juntos, a saúde mental e autoestima trazem com clareza a importância do autocuidado.
O autocuidado a própria palavra fala por si mesma. É aquele cuidado que ofereço ao meu corpo, minha mente e minha alma. É o tempo que reservo para poder olhar para mim e ouvir meu corpo emocional e físico
Rose Duarte
A psicologa explica também que as relações sociais, físicas e mentais proporcionam ações de cuidado, com o objetivo dos jovens conseguirem entrar em um processo de amadurecimento para lidar com as dificuldades que sempre será parte da vida. Ela relata que um dos problemas é que no mundo virtual tudo ser possível e na realidade é muito difícil conquistar o que é almejado. Então, muitas vezes, o jovem não está preparado para lidar com problemas e os quadros de ansiedade, potencializando a depressão. Por fim, essas pessoas encontram o suicídio como o caminho mais fácil.
Rose Duarte cita algumas dicas de autocuidado: o tempo de qualidade, do lazer e responsabilidade para dividir as tarefas; manter boas relações e convívios saudáveis; fazer esporte; criar experiências e construir habilidades. Ela termina com a frase: “Os pensamentos alimentam os sentimentos e, muitas vezes, pensamos em alguma coisa antes de sentir”.
O estudante universitário Gabriel, nome fictício, 20 anos, revelou que muitas questões mentais podem começar na escola. Uma pessoa excluída ou desprezada pode ter o desempenho afetado e ser socialmente isolado. Gabriel afirmou que o apoio profissional psicológico foi o primeiro passo para começar o tratamento. Ele relata que visitar uma psicóloga, no primeiro momento, é importante para cuidar da saúde mental e tentar entender a raiz de tudo com o objetivo de superar e viver.
Acredito que sem o autocuidado não estaria aqui. Por muito tempo ignorei esse sentimento e ficou mais profundo com o passar dos anos
Gabriel
Gabriel citou algumas dicas para manter o autocuidado constante e destaca o mais importante é: não desistir. Continuar frequentando a psicólogo, sair de casa mesmo se for apenas para “jogar conversa fora” e relaxar são hábitos simples, mas ajudam muito.
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A estudante do ensino médio Clara, nome fictício, 19 anos, contou sobre a experiência de aplicar o autocuidado e relatou sobre a dificuldade antes de conhecer a importância do autocuidado. Ela definiu sendo um sentimento de impotência, pois cada trauma durante o processo era difícil. Clara foi internada três vezes e retrata que fazer terapia e consumir os remédios regularmente ajudaram no período. Atualmente, ela afirma que aprender a praticar o autocuidado foi essencial para a recuperação. O apoio emocional recebido pelos amigos próximos foi importante.
A preservação e o autocuidado se correlacionam, pois o cuidado consigo mesmo é essencial para manter a saúde mental em dia. Dados da Organização Pan Americana da Saúde (Opas) indica que 30% da população das Américas tem ou terá alguma doença mental. E o transtorno mental mais presente na população brasileira, em maioria jovens de idades entre 12 a 19 anos, é a ansiedade e a depressão.
O Governo Federal oferece instruções sobre formas de prevenção do suicídio que são de fácil acesso a todos que procuram um momento para conversar ou serem ouvidos. Buscar meios confortáveis de diálogos e redes de apoio são recomendações básicas, mas necessárias de serem lembradas. É preciso parar, refletir e mudar os conceitos. As pessoas requerem aprender que cada um tem o próprio tempo além de conhecer os próprios limites e prioridades.
Edição: Vitória Fernandes
Imagem da Home (Capa): Núcleo de Publicidade/Alyson Ferreira