Revolução dos modelos de Startups
Os empreendedores se destacam cada vez mais com as startups, o que mais move eles é a vontade de solucionar problemas de forma inovadora, criativa e pela vontade constante de aprender

Camila Buzzette e Isabella Paiva
Movidos pela vontade de resolver problemas de forma criativa e inovadora, os empreendedores têm apostado cada vez mais nas startups como caminho para transformar ideias em soluções reais. Mesmo diante de desafios como a escassez de mão de obra qualificada e a alta taxa de mortalidade das empresas, o ecossistema das startups segue em expansão, impulsionado pelo uso da inteligência artificial e pela constante busca por conhecimento.
As startups são empresas voltadas a tecnologias e inovações em busca de resolver os problemas dos consumidores com soluções criativas. Para se encaixar nesse modelo, a empresa deve usar tecnologias que ofereçam o mesmo serviço para todos, com ajustes personalizados e atender o maior número de clientes possível de forma eficiente e não proporcional.
O desenvolvedor de aplicativos e Product Owner Lucas Fraga, 21 anos, afirmou que entrou no mundo das startups devido à vontade de solucionar problemas. Lucas participou de uma premiação em uma instituição de engenharia (Fortes Engenharia), em que ele trouxe uma ideia empreendedora. Após compreender que a ideia que tinha era de uma startup, ele começou a investir nesse ecossistema.

Os jovens que desejam inovar por meio de startups precisam compreender o que está em alta no mercado. De acordo com uma pesquisa realizada em 2024 pelo Portal SEBRAE, no cenário atual, as áreas mais promissoras para o empreendedorismo são: Saúde e bem-estar, Tecnologias inovadoras (Inteligência Artificial), Alimentação saudável e sustentável e negócios digitais ( e-commerce e marketing digital).
A fundadora da F2 Consultoria e professora universitária de administração, Fernanda Anchieta, 51 anos, afirmou que cerca de 70% das empresas fecham em menos de 2 anos. Nesse contexto, entender os principais erros e acertos é essencial para não adentrar nessa estatística.

Acredito que os erros mais latentes correspondem a definição da persona que querem atingir e a não elaboração de um plano de negócios, visando verificar a viabilidade do negócio, uma vez que 70% das empresas fecham em até menos de 2 anos.
Fernanda Anchieta
Diante desse cenário, o criador de startups Lucas Fraga declarou que uma das maiores dificuldades que encontrou foi captar recursos de mão de obra. Formado em Ciências da Computação, Lucas precisava, por exemplo, de alguém especializado em programação para dar continuidade ao projeto. Para isso, foi necessário sair do próprio círculo social e buscar profissionais de outras áreas.
As vezes a dificuldade não é nem com recursos financeiros, mas sim a mão de obra. Eu sou da área de ciência da computação, mas não vou serei a pessoa que vai colocar a ‘mão na massa’ de programar e nem meu ciclo social, o que da inicio a essa dificuldade em recrutar pessoas.
Lucas Fraga
Em contrapartida às dificuldades, a empreendedora e psicóloga Milena Nascimento, 42 anos, declarou acerca dos “pontos-chave” que fizeram a própria startup crescer. Foram eles: o foco em único público e canal, a visão clara e a longo prazo e o ritmo- constância- no negócio.

De acordo com dados disponibilizados pelo Sebrae Startups, em 2024, 78% das startups brasileiras utilizam IA, com algoritmos e dados para automatizar processos e fornecer insights. O professor universitário e bancário Schleiden Pinheiro, 52 anos, reafirmou a importância do conhecimento da inteligência artificial para inovar no mercado.

A Inteligência artificial vertical é uma estratégia que está em alta atualmente. O professor Schleiden explicou que as IAs que são utilizadas no dia a dia são abertas, englobam diversos conhecimentos. A inteligência artificial vertical é focada em um só assunto, então, por exemplo, se há a busca em fazer uma startup sobre o setor automotivo, a IA que deve ser utilizada é fechada nesse assunto específico.
O futuro das startups está relacionado com a inovação, a capacidade de aprender com os erros e a adaptação às novas tecnologias. Nesse contexto, a compreensão dos meios e estratégias no cenário empreendedor são fundamentais para o sucesso no empreendedorismo.
O Poder das Startups
Atualmente, os jovens apostam cada vez mais em ideias inovadoras para resolver problemas da sociedade, o que impulsiona a criação de startups. Na tentativa de tornar-se uma referência no empreendedorismo, é necessário analisar as experiências de quem está nesse ramo e quem está adentrando por agora.
A CEO da startup Global Touch, Julia Drumond, 38 anos, fundou a própria empresa após vivenciar a maternidade. Ao se tornar mãe, buscou uma ocupação que lhe trouxesse mais alegria, algo que o antigo trabalho já não a proporcionava mais. Assim nasceu a Global Touch, voltada para o intercâmbio empresarial.

Julia afirmou que uma das maiores dificuldades que enfrentou foi não compreender sobre o empreendedorismo e não possuir experiência no ramo. Para passar por esse obstáculo, ela resolveu ir em busca de um mentor para trazer uma metodologia e encontrando um modelo de negócio favorável a essa nova startup.
Comentando sobre esse tipo de desafio, a analista de inovação Isabella Calmon, 31 anos, destacou a importância do espírito empreendedor. “Vemos muitos jovens com boas ideias e projetos, mas que não conseguem transformar essas ideias em negócios. Isso porque não vemos esse espírito empreendedor neles”, afirmou.

Julia Drumond declarou, também, sobre o receio que tinha de não saber se o mercado estava aberto ao tipo de startup dela. Diante desse cenário de incertezas, Isabella Calmon, apresentou, também, as áreas mais promissoras para o empreendedorismo na atualidade, elas são: a inteligência artificial (IA), sustentabilidade, projetos de leis de bem-estar, a tecnologia nas áreas agro e medicinal.
Em busca de uma nova realidade, o desenvolvedor de aplicativos e Product Owner Lucas Fraga, 21 anos, se envolveu com o universo do empreendedorismo. Ele conta que, em 2022, participou de um concurso em um instituto de engenharia que buscava ideias inovadoras dentro de uma temática específica. A proposta dele se destacou, o que fez com o instituto buscasse investir nessa ideia.
Nessa época, o desenvolvedor de aplicativos não compreendia o que era de fato uma startup, mas por meio de estudos ele desenvolveu grande afeto à causa. A vontade dele de ajudar as pessoas a solucionar os problemas foi o que o motivou ainda mais a desenvolver a própria startup.
Não há prazer maior do que o de poder solucionar problemas e de realizar testes na área. Esses prazeres me fazem gostar muito de estar envolvido nesse ecossistema.
Lucas Fraga
Contudo, é válido destacar que Lucas Fraga já possuiu 4 startups, mas apenas uma segue ativa. Segundo dados do Sebrae de 2023, cerca de 70% das startups encerram as atividades antes de completar cinco anos. No entanto, de acordo com o Valor Agregado- portal de notícias sobre tecnologia e mundo corporativo- essa “taxa de mortalidade” pode ser evitada se houver melhora na estrutura e orientação especializada.
O mundo do empreendedorismo é repleto de altos e baixos, por isso a persistência e a determinação em meio a jornada, são de suma importância. Como é exemplificado por meio da história empreendedora de Lucas, que demonstra que não é de forma imediata que o sucesso vem, mas com a superação dos empecilhos que aparecem no caminho.
Empreender cedo: sonho e desafio
Empreender tem se tornado uma escolha cada vez mais comum entre os jovens brasileiros, impulsionados pelo desejo de autonomia, inovação e independência financeira. No entanto, transformar uma ideia em um negócio sustentável envolve uma série de obstáculos, sendo os financeiros os mais desafiadores.

Um estudo do Sebrae de 2025 mostra que 4,9 milhões de jovens entre 18 e 29 anos atuam como donos de negócio. Além do grande crescimento, o rendimento médio desses jovens atingiu o maior valor já registrado desde 2012, de R$2.567,00 mensais. Apesar de ser um número recorde, essa quantia equivale a menos de 31% do valor que os empreendedores adultos lucram por mês.
A fundadora da Jeny Make & Beauty e estudante de administração Jenyffer Thomas, 20 anos, citou as dificuldades que enfrentou no processo de criação da marca própria. Ela declarou ter fundado o estabelecimento aos 15 anos de idade, em 2020 e no início só tinha capital para comprar uma unidade de cada produto, mas, assim que o negócio foi crescendo, pôde investir o dinheiro arrecadado com as vendas da loja.

Jenyffer ressalta a importância do apoio dos pais, destacando que, em momentos de dificuldade, sempre pôde contar com a presença do pai, tanto no aspecto financeiro quanto emocional. Após cinco anos atuando com loja online, ela deu um novo passo e expandiu para um espaço físico, utilizando recursos previamente investidos, sem a necessidade de recorrer ao próprio dinheiro.
O fotógrafo e fundador da marca Rocca, João Schuckert, 20 anos, também começou a empreender cedo. Ele conta que, apesar de todo o planejamento, os momentos de instabilidade fazem parte do processo de construção da marca. Por se tratar de um negócio inovador, o investimento inicial saiu do próprio bolso. Com o crescimento da Rocca, os lucros começaram a surgir.

O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) oferece diversos cursos onlines gratuitos para auxiliar esses jovens a desenvolverem habilidades em gestão financeira, marketing e planejamento estratégico. Como, por exemplo, Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP).
O professor e bancário Schleiden Pinheiro, 52 anos, cita que um dos grandes problemas hoje, no Brasil, é um empreendedor, seja jovem ou não, montar um negócio sem considerar o valor da taxa de juros Selic, que, atualmente, está em 14,25%. Além disso, não saber como administrar e separar o dinheiro comercial do pessoal também é um grande impasse nesse cenário.
Schleiden afirma que a melhor forma de apoiar o jovem empreendedor é incluir a disciplina de educação financeira nas grades curriculares das escolas. Outro ponto fundamental para esse apoio são programas como: “Sebrae Jovem Empreendedor”, que oferece educação empreendedora, e-books gratuitos sobre planejamento, formação de parcerias e outros temas essenciais.
O crescimento da cultura empreendedora
Com o avanço da cultura empreendedora nas escolas e universidades, programas e iniciativas têm estimulado o desenvolvimento de habilidades e a criação de negócios desde cedo.
A educação empreendedora é fundamental para preparar os jovens para os desafios do mercado de trabalho e incentivar a criação de novos negócios. Uma pesquisa realizada pelo Sebrae, em parceria com a Fundação Roberto Marinho, em 2024, com professores de todo o país, revelou que 56% dos educadores ainda não tentaram incluir a educação empreendedora em sala de aula. Entre os principais obstáculos apontados estão a falta de tempo, mencionada por 46% dos entrevistados, e a ausência de interdisciplinaridade, citada por 40%.
Apesar dos impasses, a geração de jovens empreendedores tende a crescer com o decorrer dos anos. A popularização da cultura empreendedora nas escolas é um dos principais fatores que impulsionam esse aumento. Dados levantados pelo Sebrae, em 2024, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc) do IBGE, apontam que o número de jovens empreendedores cresceu de aproximadamente 3,9 milhões no fim de 2013 para cerca de 4,9 milhões no final de 2023, um salto de cerca de 1 milhão de pessoas.
O publicitário Henrique Hamerski, 48 anos, reconhece que a educação empreendedora tem sido inserida nos currículos escolares e universitários, ensinando desde o conhecimento de ferramentas de empreendedorismo até o desenvolvimento de habilidades empreendedoras. Dentro desses atributos, incluem-se, por exemplo, a proatividade e o espírito de liderança, características essenciais para que os jovens alunos enxerguem o mercado de maneira variada.
O empreendedorismo tem a ver com características empreendedoras. Essas ferramentas são fáceis de serem ensinadas, é necessário colocar a ‘mão na massa’, desenvolver e realizar.
Henrique Hamerski

A coordenadora pedagógica de projetos de empreendedorismo da Escola Siena, localizada na Serra, Cristina Dutra, reforça as falas de Henrique. Ela aponta que, para trabalhar as características empreendedoras, basta que o professor esteja atento a elas. Ela também afirma que as aulas de empreendedorismo podem ser trabalhadas de maneira interdisciplinar, envolvendo, principalmente, as disciplinas de Matemática e Português. Dependendo do produto a ser criado, matérias como Ciências e Artes também podem ser incluídas.

Cristina é coordenadora do projeto “Empreender e Inovar é Só Começar” e expõe que os alunos participantes dessa proposta demonstram maior empoderamento com o passar dos anos. Dutra afirma que muitos alunos começam a criar as próprias empresas e, por isso, resolveram criar um projeto à parte chamado “Empreendedor Mirim”, no qual os alunos, durante o horário escolar, podem expor e vender produtos.
Nossos alunos demonstram muito mais autonomia, autoconfiança e planejamento. Podemos notar ano a ano como vão se empoderando cada vez mais dessas características.
Cristina Dutra
Projetos como esse reforçam a importância do crescimento do empreendedorismo nas escolas e universidades, causando um impacto positivo no desenvolvimento profissional dos jovens. Outro projeto que vem ganhando mais destaque é o Programa de Educação Empreendedora do Sebrae/ES, uma iniciativa que visa fomentar a cultura empreendedora entre estudantes, professores e gestores educacionais no Espírito Santo.
Jussara Pancieri, coordenadora do Programa de Educação Empreendedora do Sebrae/ES, relata que a iniciativa tem gerado impactos significativos no desenvolvimento de competências e habilidades empreendedoras entre os jovens. Ela diz que, somente em 2024, mais de 80 mil estudantes do ensino fundamental e superior foram impactados por meio das ações do programa no Espírito Santo.

Jussara afirma, ainda, que as metodologias aplicadas estimulam a autonomia, o protagonismo e a tomada de decisão consciente. Mudanças concretas foram observadas nos alunos, como comportamento, mentalidade e atitudes. A partir delas, os alunos demonstram maior clareza sobre os propósitos e constroem, de forma mais assertiva, os próprios projetos de vida. O projeto realiza parcerias com instituições de ensino para promover ações.
Portanto, mesmo com tantos projetos que valorizam a educação empreendedora, é necessário maior divulgação deles a fim de que mais jovens desenvolvam habilidades para empreender. Envolver a comunidade escolar e aplicar matérias de empreendedorismo na grade curricular é um grande passo para o futuro.
Empreendedorismo Jovem e Redes Sociais
Com o passar dos anos, as redes sociais se expandiram e passaram a exercer um papel cada vez mais relevante, gerando uma grande influência entre o público juvenil. Consequentemente, o número de jovens empreendedores também cresce, tendo em vista que as mídias sociais são os principais canais de vendas e marketing. De acordo com uma pesquisa realizada no ano de 2024 pela ABDI e pelo SEBRAE, cerca de 50% dos pequenos negócios utilizam mídias digitais para vender produtos ou serviços.

O empresário e fundador da Apparel Plug Alexander Silva, 22 anos, afirma que as redes sociais tiveram um papel primordial para dar o primeiro passo da marca. Ele diz que esse é o meio perfeito para que as pessoas conheçam o que o negócio tem a oferecer, já que as mídias sociais trazem a sensação de proximidade. Alexander também cita que muitos clientes foram atraídos para a loja pelo meio online, conquistando consumidores de todo o Brasil.

A jornalista e social media Victoria Singui analisa e corrige erros que jovens empreendedores cometem no início das carreiras. Ela destaca o quão importante é considerar várias métricas de engajamento, pois elas mostram os “insights” da empresa. No meio juvenil, Victoria afirma que um dos tipos de conteúdo que mais ganha destaque são os de bastidores, pois isso faz com que o espectador se sinta parte da marca.

As trends (tendências) e os memes são os principais métodos de interação entre as pessoas que utilizam as redes sociais, justamente por causa da velocidade da internet, da cultura digital participativa e dos algoritmos das mídias sociais. Singui reforça essa ideia ao afirmar que esses artifícios são cruciais para o engajamento e o compartilhamento dos conteúdos das marcas, já que criam uma conexão forte com o público jovem e mostram a autenticidade da marca.
Dentro desse contexto, a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) realizou um estudo em parceria com a Opinion Box e concluiu que o comércio eletrônico dentro das mídias está crescendo de forma significativa. Em 2023, as vendas por meio de redes sociais no Brasil cresceram 35%, atingindo R$100 bilhões. Em 2024, a tendência é que haja um crescimento de 20%, chegando a R$120 bilhões.
Para consolidar esses dados, a publicitária Carine Cardoso, 49 anos, diz que a internet é fundamental para quem deseja começar um negócio ou inovar em uma empresa que já está inserida no mercado. Ela afirma que é de suma importância que os jovens entendam que o marketing é o que faz a marca se diferenciar das outras e atrair novos públicos de maneira cativante.
Independente do tamanho do negócio ou produto, é importante entender que o marketing precisa trabalhar a área de serviço desse negócio para que esse cliente seja atendido e favorecido da melhor forma possível.
Carine Cardoso

Crescer nas redes sociais não é uma tarefa simples, mas, com a estratégia certa, uma marca pode mudar o rumo completamente. Carine destaca a importância do planejamento de conteúdo, da constância nas postagens e da repetição estratégica de temas para ampliar o alcance. Com o direcionamento adequado e uma equipe capacitada para investir nas mídias digitais, os resultados positivos tornam-se visíveis.