SOLIDARIEDADE: Importância de redes de apoio para mães solo
Suporte com filhos, acesso à informação, apoio profissional e troca de experiências

Danilo Muniz e Janderson Vicente
O Brasil possui 72 milhões de unidades domésticas, de acordo com o censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desse total, mais de 11 milhões são compostos por um responsável com filhos e sem cônjuge. São pais e mães solo que não residem com alguém que possa auxiliar na criação dos filhos. Para piorar, 72,4% das mães solo no Brasil sobrevivem sem nenhuma rede de apoio, segundo os dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Uma rede de solidariedade pode ser tanto familiar quanto social. Elas são importantes, pois oferecem suporte para criação dos filhos, cuidados mentais e oportunidades de trabalho, o que colabora para o desenvolvimento das famílias monoparentais. Com esses ideais, grupos, coletivos, instituições e páginas nas redes sociais ganham espaço na vida de mães solo que buscam refúgio. Esses ambientes se tornam lugar de apoio e troca de experiências.
Uma mãe para outras mães
A criadora do perfil @maesolo.oficial no Instagram, Márcia Cardoso, 46 anos, é mãe de dois filhos adolescentes. Ela se separou há 12 anos e enfrentou dificuldades com o genitor dos filhos. Márcia teve a ideia de criar a página em 2023. Atualmente, o perfil tem mais de 250 mil seguidores na rede social. Antes, a influenciadora vivia em uma relação tóxica e sofria com a dependência emocional do ex-marido.

Com a página, ela começou a receber mensagens de mulheres que buscavam saber mais da história dela. A pedido das seguidoras, ela faz lives com especialistas sobre temáticas variadas a fim de orientar o público de maneira mais precisa. Márcia se sente realizada ao perceber que, por meio dos conteúdos veiculados, mães solo se sentem acolhidas, mais determinadas, confiantes e dispostas a lutar.
Associação Materna
O apoio traz conforto e segurança para as famílias monoparentais, além de amenizar os desafios cotidianos, relata a fundadora e presidente da Associação Materna, Wanda Grecco, 69 anos. Ela presta ajuda prática, emocional e espiritual a essas famílias desde 2000, pois sentiu a necessidade de fazer a diferença na vida dessas pessoas. No dia a dia, Wanda presencia a realidade de muitas mulheres.

A ausência do pai pode gerar o sentimento de insegurança e solidão nos filhos. Isso afeta profundamente a vida deles. Nas idas à instituição, Wanda, sempre que pode, traz um pouco de calor humano e conselhos para a vida dessas famílias. Dentre muitos episódios de tristeza, ela encontra alegria na solidariedade, crente de ser uma forma de oferecer oportunidades para essas famílias sofridas.
Informações e promoção

A socióloga Rafaela Soares, 43 anos, considera importante a existência dessas redes de apoio, visto que permitem que mulheres tenham acesso à informação como, por exemplo, vagas em creches, emprego e estratégias para lidar com o dia a dia sozinhas. Para ela, esses grupos funcionam como meio de socorro a curto e médio prazo, sem substituir o papel fundamental das políticas públicas.
A rede de solidariedade pode ser usada, também, para promoção de serviços das próprias acolhidas, já que quase cinco milhões, ou 45%, de mães solo trabalham de maneira informal, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Rafaela destaca que a geração de oportunidades e de renda é crucial, pois existe uma demanda grande e urgente das famílias em vulnerabilidade social.