“Adolescência” série da Netflix que reflete os desafios da juventude moderna
Ana Caroline Moraes
A Netflix lançou um dos dramas mais impactantes do ano: “Adolescência“, uma minissérie que já é considerada um marco na TV britânica. Criada por Stephen Graham e Jack Thorne, a produção nasceu de um incômodo real. Graham, chocado com notícias de adolescentes cometendo crimes brutais, decidiu explorar o que leva um jovem a atravessar essa linha violenta. Inspirados no livro Cries Unheard, os criadores investigaram a influência de figuras misóginas da internet e como discursos de ódio moldam nossa atual geração.
Para entendermos melhor esse impacto, entrevistei um pai e pedagogo, uma estudante de psicologia e uma jovem, que compartilharam as visões sobre a influência das redes sociais e a construção da identidade juvenil, temas que são centrais na série. Mais do que um drama policial, “Adolescência” é um alerta. A série escancara como jovens podem ser manipulados por discursos violentos e deixa o questionamento: estamos realmente prestando atenção no que acontece dentro das telas?
A jovem Gabriela Gomes acredita que nos dias de hoje, os adolescentes estão cada vez mais nas redes sociais e afirma que o consumo excessivo pode se tornar preocupante. “A onda de padrões e maneiras de como devemos agir tem crescido cada vez mais. Meninas pregando a ideologia do ‘corpo perfeito’ e caso você não se encaixe nesse padrão, recebe comentários sobre sua aparência”, reflete Gabriela.
O pai e pedagogo Vanecyr Rodrigues reforça que os pais precisam prestar mais atenção nas atitudes dos filhos e, principalmente, conversar com eles que o consumo excessivo de celular e redes sociais pode ser prejudicial.
Já a estudante de psicologia Yasmin Santos, afirma que a adolescência é uma fase de formação de identidade. Para ela, os jovens estão construindo quem são, e esse acesso constante a discursos de ódio podem gerar insegurança, baixa autoestima e até mesmo o desejo de isolamento social. “A internet se tornou um universo paralelo, o que passa a ser visto acaba se tornando uma verdade absoluta”, explica Yasmin.
A trama acompanha Jamie Miller (Owen Cooper), um garoto de 13 anos detido pelo assassinato brutal de uma colega de escola. A série não se limita a um suspense sobre culpa ou inocência, mas destaca a pressão social, a solidão dos adolescentes e o impacto da masculinidade tóxica. Graham também atua na série como o pai do jovem, enquanto Erin Doherty interpreta a psicóloga infantil Briony Ariston, uma peça chave na narrativa.
Desde a estreia, “Adolescência” dominou o ranking da Netflix, tornando-se a série mais assistida do fim de semana em diversos países. A crítica especializada não poupou elogios: o The Times chamou a produção de “perfeição total”, enquanto o The Guardian destacou o “realismo devastador”. O diretor Paul Feig descreveu o episódio inicial como “uma das melhores horas de televisão dos últimos anos”.
A grande inovação visual da série é o formato em plano-sequência, que elimina cortes e coloca o espectador dentro da tensão dos personagens. Owen Cooper, estreante na TV, entrega uma atuação visceral, transitando entre a fragilidade e a explosão emocional de maneira impactante e trazendo a emoção para o telespectador.
Você já assistiu esta série que chocou o mundo e deu visibilidade a um problema que está crescendo na sociedade? Acompanhe nosso site para receber mais resenhas