Pesquisa revela Influência das Redes Sociais no Comportamento da Geração Z

O estudo, realizado com 200 jovens de escolas particulares e públicas, demonstrou que as redes sociais moldam a forma como a Geração Z se relaciona, consome informação e constrói a identidade

Otília Almeida, Felipe Campo Dall’Orto, Laisa Barreto e Ana Lara Kapitzky (Foto: Arquivo Pessoal)

Camila Buzzette

Os nativos digitais, pessoas que tiveram acesso à tecnologia desde o nascimento, não conseguem mais separar a vida online da offline. Pesquisa sobre o tema indica que os celulares já viraram uma extensão do corpo humano e jovens da Geração Z podem passar até 8 horas por dia conectados às redes sociais. Esse comportamento gera ansiedade e tem outros impactos na saúde mental e na vida social desses jovens. 

A pesquisa sobre como as redes digitais moldam e determinam as relações sociais da Geração Z foi realizada na FAESA Centro Universitário e coordenada pelo professor da Unidade de Comunicação Social Felipe Dall’Orto e contou com a participação das alunas do curso de Psicologia da FAESA Anna Lara Kapitzky Dias, Laísa Rocha Barreto e Otilia Maria dos Santos Almeida. O estudo durou cerca de um ano e entrevistou aproximadamente 200 jovens, entre 16 e 29 anos, espalhados por escolas particulares de Vitória e escolas públicas de Cariacica. 


A pesquisa foi publicada como Artigo Científico na Revista Interdisciplinar Cadernos Cajuína e, também, divulgada no podcast PODZER, disponível no Spotify


A pesquisa aponta que o tempo em que os jovens passam conectados à internet influencia na forma como o mundo é percebido por essa Geração. A vida cotidiana se transformou em um lugar sem fronteiras físicas, que facilita interações sociais e acesso aos conteúdos. O Instagram, X (Twitter), TikTok, YouTube e o Whatsapp são as principais fontes de informação, acesso a novas tendências e ao entretenimento.  O alto uso das redes sociais causa uma visão fragmentada da realidade gerada por essa associação da realidade junto ao mundo virtual.

Gráfico retirado do artigo científico da pesquisa

O professor Felipe Dall’Orto expõe que essa conexão exacerbada faz com que a Geração Z tenha acesso a todos os conteúdos de forma simples e fácil. O que dá a sensação de que eles sabem todas as informações sobre todos os conteúdos. “O desenvolvimento do senso crítico a respeito do uso das redes é cada vez menor”, diz o professor. Segundo Felipe, os indivíduos dessa geração não possuem, necessariamente, a habilidade para entender tudo que têm acesso. Assim, há muita informação para pouca capacidade de compreensão.

É uma geração que tem acesso a muitas informações, mas que não necessariamente tenha a capacidade de interpretar essas informações. Ou seja, há muito texto, mas pouco contexto

Felipe Dall’Orto
Gráfico retirado do artigo científico da pesquisa

O estudo buscou analisar, também, como as mídias geram diversos impactos no emocional dos jovens, algo que, muitas vezes, passa despercebido pela Geração Z. Dados da pesquisa revelam que cerca de 68% dos entrevistados já consumiram produtos indicados nas redes sociais por influenciadores, principalmente os relacionados a beleza e moda. Também foi apontado que, em média, 67% desses jovens já compararam as próprias vidas com as representadas nas redes sociais. Contudo, grande parte dos entrevistados afirmaram não serem diretamente influenciados pela rede, fato que é refutado pelos resultados das pesquisas.

Se feito de forma inconsequente, essa imersão nos isola de questões importantes ao nosso redor e nos coloca numa necessidade de aprovação por parte de pessoas que vivem realidades muito diferentes

Felipe Dall’Orto

Assim, é evidenciado por meio dos resultados que a Geração Z é composta por jovens que buscam, constantemente, a sensação de pertencimento e eles utilizam das redes sociais para essa validação. “A Geração Z utiliza as redes para se sentir pertencente e estabelecer conexão. É uma Geração que vive as realidades online e offline ao mesmo tempo, de forma acelerada, com mais fluidez e com desejo de fazer parte dos processos e, não apenas, receber os resultados“, afirma o professor Felipe Dall’Orto.

Anna Lara (Foto: Arquivo Pessoal/Instagran)

A aluna de psicologia Anna Lara Kapitzky relata que a pesquisa foi de extrema importância para a compreensão da relação da Geração Z com as mídias sociais. “Estar conectado traz a sensação de pertencimento, pois não é mais possível separar a vida online da offline. Com as informações chegando cada vez mais rápido, a sensação é de que estamos perdendo alguma informação se não estamos conectados”, explica Anna.

Por meio desses resultados foi possível compreender, de forma mais assertiva, que os indivíduos da Geração Z construíram as próprias personalidades a partir das influências das redes sociais. Segundo o estudo, essa influência reflete nos comportamentos sociais e gera impacto na autoimagem, crenças e valores de cada jovem e adolescente. Por conta disso, o professor Felipe Dall’Orto reforça a importância de buscar entender cada vez mais o impacto das redes sociais na vida cotidiana. 


Edição: Redação do Lacos

Foto do Destaque: Arquivo Pessoal/Felipe Dall’Orto