“Setembro é tempo de …” – A história e a importância do Setembro Amarelo
Setembro é o mês destinado ao autocuidado, ao acolhimento, à inclusão e à construção de redes de apoio. O laboratório de comunicação e mercado (Lacos) participa da campanha com o intuito de promover uma corrente de afeto e solidariedade
Danilo Muniz e Janderson Vicente
A campanha Setembro Amarelo é uma iniciativa nacional focada para a prevenção do suicídio e o bem-estar mental. O propósito é elevar a conscientização e incentivar a procura por ajuda. Durante o mês, são promovidas várias atividades e eventos para informar e orientar a população sobre sinais de alerta e maneiras de apoio. O valor da campanha está em salvar vidas e oferecer suporte a quem está em sofrimento emocional, gerando, assim, uma rede de afeto e compreensão.
O que originou a Campanha?
Setembro é conhecido pela valorização da vida. Desde 2003, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o dia 10 de setembro como o Dia Mundial da Prevenção Do Suicídio. A data foi criada pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio (IASP) e, por conta disso, o nono mês do ano se tornou o mês do acolhimento e da solidariedade no Brasil. O Setembro Amarelo foi implementado no país pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
A campanha nacional do Setembro Amarelo foi iniciada em 2015, mas a história por trás da data é mais antiga. Há 30 anos, um triste acontecimento chamou a atenção das pessoas. Mike Emme era um adolescente talentoso de 17 anos, morador do Colorado, nos Estados Unidos. Reconhecido pelo talento em mecânica e por ser carinhoso, ele restaurou um carro esportivo, Mustang 68, deixando-o amarelo.
Mike, infelizmente, passava por problemas emocionais – motivo que o fez partir em 1994. Consternados, amigos e familiares no dia do velório distribuíram uma cesta de bilhetes decorados com laços amarelos. Dentro deles havia uma mensagem: ‘’Se você precisar, peça ajuda’’. As pessoas próximas do jovem não conseguiram identificar a situação mental de Mike. Essa ação foi responsável por desencadear um importante movimento em prol da vida. Inspirado no caso, o Laço Amarelo foi adotado como símbolo do movimento. Coincidentemente, na psicologia das cores a cor amarela representa a atenção.
Durante o mês de setembro, diversas ações são realizadas em todo o país. O Cristo Redentor, monumento histórico do Rio de Janeiro, é tradicionalmente iluminado de amarelo em função da campanha. O prédio do Congresso Nacional também se juntou ao movimento. Segundo as informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente um bilhão de pessoas no mundo – ou uma em cada oito pessoas – enfrenta pelo menos um transtorno associado à saúde mental.
Para entendermos melhor o assunto conversamos com a psicóloga clínica e professora de Psicologia, Lorena Schettino Lucas. Graduada há 8 anos, Lorena também é mestra e doutora em Psicologia com foco na temática da prevenção do suicídio. A psicóloga acredita que o maior trunfo da campanha é a parte de divulgação de serviços públicos e particulares – exemplo do SUS e CVV.
Lorena considera, também, que a ideia do movimento tem que amadurecer bastante, apesar dos efeitos apresentados por pesquisas atuais revelarem que muitos objetivos têm sido atingidos. A professora reforça a necessidade de cuidado na disseminação de conteúdos sobre o tema para não gerar efeitos contrários. Para ela, o cuidado com a saúde mental precisa ser estendido por todo o ano.
A gente precisa de mais articulação da sociedade e do poder público para cuidarmos da saúde mental da população de forma mais efetiva
Lorena Schettino
Lorena salienta ainda que nem todas as pessoas que precisam de ajuda externalizam e que esses sinais vão variar de pessoa para pessoa. Diante disso, o apoio de amigos e familiares têm que vir sem julgamentos. Ela finaliza destacando que jornalistas e publicitários devem se atentar à sensibilidade do tema e tratar o assunto elencado à saúde pública.
O meu doutorado foi totalmente voltado para isso, de como que é importante a gente ter ali um alinhamento, tanto das áreas de saúde como das áreas midiáticas e publicitárias. A forma principal de divulgação do Setembro Amarelo vai ser por meio da imprensa. É claro que a gente tem o boca a boca para divulgar, mas a imprensa vai ser fundamental. O jornalismo e a publicidade devem atuar não somente em setembro, mas nos outros meses do ano também. Eles devem atuar como agentes de prevenção de suicídio
Lorena Schettino
Setembro é o mês para falar e também ouvir. Conversamos com Sthefany, nome fictício, uma jovem de pouco mais de 20 anos que viveu momentos desafiadores, mas, hoje, se encontra em um momento mais positivo da vida. Recentemente diagnosticada, ela conta que sofreu muito no período em que enfrentava dificuldades psicológicas. Ela afirmou que já chegou perto do ‘’fundo do poço’’. Sthefany também conta que após o último período de crise – que tentou desistir da vida – reconheceu que precisava de apoio e buscou por conta própria.
Ela ficou internada por um tempo, fase necessária para se recuperar. Ao retornar para a vida social, ela recebeu muito apoio e carinho de amigos, familiares e conhecidos. Ela cita a grande mobilização em falar sobre o assunto em ambientes que frequentava, mas que não era debatido e passou a ser. Por ser uma amante da cultura, encontrou nas artes um ponto de fuga. Atualmente, a jovem segue com o tratamento, com casos raros de ausência na terapia. Sthefany termina salientando que deseja que o ano, e não apenas o setembro, seja amarelo, para que o respeito pela vida alcance a sociedade a fim democratizar o acesso à assistência emocional.
Setembro Amarelo somente vai virar realmente uma campanha quando mexer nas políticas públicas
Sthefany
Campanha universitária
Em setembro, o Lacos se integra na corrente de apoio mútuo em benefício da vida criada pela FAESA. Lançada neste mês, a campanha ‘’Setembro é Tempo de …’’ adota os princípios do bem-estar pessoal, acolhimento, inclusão e rede de apoio. O objetivo da iniciativa é reforçar as ações e propósitos promovidos pelo mês da solidariedade.
Mensagens inspiradoras escritas por alunos e funcionários são colocadas em um painel na entrada do Núcleo de Aplicações Tecnológicas (NAT). Nos elevadores, salas e corredores estão espalhados cartazes de divulgação da campanha. Com o lema ‘’A cada passo, uma nova chance’’, o pôster, dispõe do número de contato do Centro de Valorização da Vida (CVV) e, também, da Clínica da escola de Psicologia da FAESA.
Conversamos com a professora, planejadora de estratégias de marketing e coordenadora do Núcleo de Publicidade do Lacos, Carine Cardoso, para compreender como se deu o processo de elaboração do projeto e quais são as expectativas da equipe. O intuito é estimular as pessoas a tirarem um pouco de tempo para refletir sobre as questões abordadas na campanha.
A coordenadora explica que o movimento é para sensibilizar as pessoas sobre questões ligadas à saúde mental. Ela ressalta que publicitários e jornalistas precisam ter conexão com a sociedade. E encerra enfatizando a importância das profissões e como a campanha serve para os alunos pensarem no exercício da profissão deles.
Eu enquanto um profissional de publicidade, enquanto criativo que vou fazer uma campanha, de que forma que eu posso usar essa campanha como uma ferramenta para levar mais informação sobre uma questão tão relevante na sociedade que é a saúde mental? E o jornalista, de que maneira pode produzir conteúdos que podem trazer informações e ajudar as pessoas a tomarem decisões?
Carine Cardoso
Se precisar de ajuda, não hesite em buscar
Centro de Valorização da Vida (CVV) – Telefone: 188
Clínica da escola de Psicologia da FAESA – Telefone: (27) 99817-5148
Edição de texto: Janderson Vicente Júnior
Imagem do Destaque (Home): Núcleo de Publicidade do LACOS/Alyson Ferreira