Jairo Peçanha: a voz imortal do esporte capixaba

Jairo Mendes Peçanha, 75, é radialista esportivo há 45 anos. Trabalhando atualmente na Rádio e Televisão Espírito Santo (RTV/ES), Jairo é referência na área esportiva no Estado. Conheça um pouco da história do radialista que mistura amor pelo rádio e pelo esporte

(Imagem: Núcleo de Publicidade do Lacos/Alyson Ferreira)

Karol Costa

Sentados no sofá do camarim do estúdio da TVE Espírito Santo, começo a conversa com o radialista Jairo Mendes Peçanha. Capixaba da gema, começou a carreira profissional como administrador de empresas. Apaixonado por esporte e pelo rádio desde a infância, o “Professor”, como é chamado pelos colegas de trabalho, mudou de profissão em 1978, quando fez um curso de radialismo em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

No mesmo ano, “seu” Jairo deu início a lendária carreira de radialista integrando a primeira equipe de esporte da CBN no Brasil, junto com os colegas Wanderley Alpoin e Jorge Buery, nomes que fez questão de destacar.

O projeto deu certo. Hoje, todas as rádios CBN do Brasil têm a editoria esportiva. Foi muito marcante para nós participarmos daquela equipe

Jairo Peçanha
Jairo Peçanha na Rádio e Televisão Espírito Santo (Foto: Kariana Ferreira)

Em 1979, trabalhou no programa de variedades da Rádio Capixaba. Já em 1985, ingressou definitivamente no esporte na Rádio Vitória e não parou mais. Em 1993, passou pela Rádio América, também fazendo parte da primeira equipe de esportes da emissora, indo logo depois para a Rádio Tribuna. Ainda nos anos 1990, entrou para o time da RTV/ES onde atuou na Rádio Espírito Santo, local onde trabalha atualmente. Na mesma rede, apresentou o programa TVE Esportes com o colega Paulo Duarte.

Era um programa muito versátil. Nós estávamos sempre à frente em relação às notícias e acabávamos pautando as outras emissoras que também cobriam esporte. Tenho ótimas lembranças desse tempo

Jairo Peçanha

As recordações sobre os 45 anos de profissão também trouxeram à tona memórias da infância. Jairo, hoje aos 75, relembra como descobriu que queria trabalhar com jornalismo esportivo. “Quando eu era menino, eu ia para o Estádio Governador Bley, em Jucutuquara. Estava com uns 12 anos e tinha um rádio portátil Mitsubishi. Os adultos do Rio Branco não me deixavam pagar ingresso. Então, o que eu fazia: entrava, dava os meus jeitinhos e ia para as cabines onde os radialistas estavam trabalhando. Eu sintonizava entre uma emissora e outra. Na época tínhamos quatro a cinco emissoras que cobriam esporte capixaba. Eu ficava atento ao movimento dos radialistas: o que faziam e como faziam. Sempre fui apaixonado”.

Por falar em Rio Branco, pergunto ao Professor como é conciliar a torcida pelo time do coração e a isenção na profissão. Torcedor fiel do Capa Preta, Jairo nunca escondeu esse fato. Entretanto, o compromisso incansável com a precisão das informações o transformou em uma referência inquestionável no cenário esportivo capixaba.

Eu separo uma coisa da outra. Temos que ter essa ética no trabalho. Se acontecer algum deslize, eu vou informar. Gosto do clube, mas temos que ser isentos nessas questões

Jairo Peçanha
O radialista Jairo Peçanha e a aluna de Jornalismo Karol Costa (Foto: Kariana Ferreira)

A credibilidade e a autenticidade do radialista renderam homenagens. Em 2021, o Rio Branco Atlético Clube nomeou a sala de imprensa com o nome de Jairo Peçanha. “Foi uma homenagem do presidente Paulo Pacheco. Eu sempre agradeço por lembrarem de mim, mas nem por isso eu sou omisso aos problemas do clube”, afirma.

Além do notável trabalho no rádio, ele também se destacou como cronista esportivo. Nos anos 1970, escreveu para o extinto jornal Correio Popular, de Cariacica. Já nos anos 1980, entrou para a Associação dos Cronistas Esportivos Capixabas (Acec), sendo um associado até hoje.

Contudo, nem só de esporte sobrevive Jairo Mendes Peçanha. Amante de trabalhos voluntários, o Professor também dedica tempo para ajudar aqueles que mais precisam. Sem se fixar em apenas um local, Jairo já participou de projetos em Vitória, Serra, Bahia, Alagoas e Rio Grande do Sul. “Eu sempre gostei e sempre me envolvi com projetos sociais. Nosso tempo é muito curto aqui na terra. Então, enquanto pudermos fazer algo para ajudar o outro, seja crianças, adolescentes ou idosos, é sempre válido”.


Esse conteúdo faz parte da série “Vidas que Contam”. Os textos apresentados descrevem o Perfil de Pessoas Anônimas e foram elaborados por estudantes do curso de Jornalismo da FAESA Centro Universitário. As produções tiveram a orientação do professor Fabiano Mazzini na disciplina de Jornalismo Literário e Livro-reportagem.

Edição: Janderson Vicente Júnior

Imagem do Destaque (Home): Núcleo de Publicidade do Lacos/Alyson Ferreira