Fotojornalista ressalta o olhar obstinado para alcançar os sonhos e eternizar os momentos

Conheça um pouco da história de vida e da trajetória profissional de Thiago Soares. Ele é egresso do curso de Jornalismo da FAESA e, hoje, é fotojornalista do Folha Vitória

Sofia Galois

A busca pelos sonhos somada à resiliência são fatores que levaram um fotojornalista recém-formado a alcançar voos mais altos do que as lentes da câmera poderiam capturar. Apesar das dificuldades vividas, o olhar obstinado de Thiago Soares, 35 anos, foi, e continua sendo, uma força motivadora para aqueles que estão ao seu redor.

Estou vivendo um sonho, literalmente. Todo dia passo por uma experiência nova. Para mim não há como descrever. Sou muito grato por todas as oportunidades. Eu ouvia da galera que eu era meio doido, pois era o primeiro a chegar no estágio e o último a sair. Eu tinha um sonho e corri atrás. Sabia que era a minha chance

Thiago Soares
Thiago Soares é egresso do curso de Jornalismo da FAESA (Foto: Sofia Galois)

Formado pela FAESA Centro Universitário, em 2022, no curso de Jornalismo, a realidade desse capixaba nem sempre foi positiva. Thiago nasceu em 1989, no município de Vitória, e presenciou desde cedo os problemas causados pelo alcoolismo do pai que levaram a alguns episódios de violência doméstica. Devido à gravidade da situação, Dona Creusa, mãe de Thiago, deu entrada no divórcio.

Foi a partir desse evento que Thiago, com 8 anos, passou a ter a responsabilidade de cuidar do irmão, Gilson, de 6 anos, e realizar as tarefas de casa enquanto a mãe trabalhava para sustentar a família. “Nós sempre tivemos uma condição financeira estável. Meu pai trabalhava em uma empresa siderúrgica. Mas com os problemas com o álcool e o divórcio, começamos a passar dificuldades porque ele não ajudava com a pensão e minha mãe trabalhava sozinha para nos sustentar. Ela foi uma guerreira”.

A mesma força de vontade, passada de mãe para filho, que ensinou o significado da palavra perseverança para o jornalista. Durante a adolescência, trabalhou como office-boy e se formou no ensino técnico de informática aos 18 anos. Na sequência, Thiago atuou como embalador em um supermercado e, aos poucos, foi assumindo novas responsabilidades e conquistando novos cargos na empresa. “Acima de mim eram apenas os donos do supermercado. Eu administrava alguns funcionários e tinha uma equipe para comandar. Claro, foram 15 anos dentro da mesma empresa. Eu me esforçava muito, tenho orgulho disso e sempre agradeço a oportunidade que me foi dada“, relata Thiago Soares

Apesar do conforto adquirido com o emprego, Thiago ainda sentia o vazio de um sonho não realizado. A paixão pela fotografia sempre esteve presente e alcançou maiores proporções com a descoberta do fotojornalismo.

Eu sempre gostei de fotografia, mas quando conheci o fotojornalismo, que mostra a realidade sem interferência na cena, foi uma paixão à primeira vista. Eu não conseguia pensar em outra coisa

Thiago Soares

A decisão de começar a faculdade veio acompanhada de dúvidas. Contudo o esforço e o encanto pela paixão recém-descoberta impulsionaram a decisão. Thiago explica que antes de entrar na faculdade, olhou a grade do curso de jornalismo e resolveu começar, em 2018, aos 29 anos, a frequentar as aulas. Durante o curso, ele se dedicava e buscava fazer o melhor dentro das possibilidades do cotidiano. Contudo, quando conheceu a disciplina de fotojornalismo ficou encantado e teve a certeza que ali era o “porto seguro”.

Mesmo ainda no emprego fixo, o fotojornalista tomou a decisão de aproveitar ao máximo cada oportunidade oferecida pela FAESA para se aperfeiçoar ainda mais. “Os professores são as maiores testemunhas de que eu vivi realmente a faculdade. Não foram apenas 4 anos. Participei de todos os projetos, mesmo trabalhando 8 horas por dia no supermercado. O tempo que eu tinha livre aproveitava para estudar e me dedicar aos projetos”, relatou.

Durante esse período, a maior dificuldade vivenciada por Thiago foi a dependência dos familiares. Thiago conta que precisou abdicar do emprego em um momento devido ao estágio obrigatório. Ele estava acostumado a ter as próprias coisas, tinha um padrão de vida e precisou reorganizar toda a vida. E foi nesse período que ele se sentiu realmente livre para buscar o sonho. Era uma oportunidade única.

Se eu não tivesse feito estágio obrigatório no Folha Vitória, eu poderia estar desempregado agora. Felizmente, tudo deu certo

Thiago Soares
Sofia Galois e Thiago Soares na redação do Folha Vitória (Foto: Arquivo Pessoal/Thiago Soares)

Apesar de entrar como estagiário de redação no jornal online Folha Vitória, Thiago aproveitava qualquer oportunidade para ir às ruas fotografar e foi assim que o fotojornalista vivenciou um dos momentos mais marcantes da carreira. “Lembro que na época acompanhei de perto o caso dos seis ônibus incendiados nas ruas da Grande Vitória em um intervalo de poucas horas. Eu era um simples estagiário. Vi tudo aquilo na prática e na emoção. Quando voltava para a redação com as imagens, as editoras e chefes me elogiavam. Era muito gratificante”.

O capixaba relata que apesar dos prêmios que conquistou na faculdade, as experiências mais marcantes foram quando pode ir para a rua vivenciar o fotojornalismo de fato. Para ele, isso foi melhor do que qualquer concurso. O estágio ofereceu muitas oportunidades para Thiago aprender e desenvolver o fotojornalismo.

A paixão e dedicação visíveis em Thiago foram diferenciais marcantes que levaram o jornal Folha Vitória a contratá-lo como o primeiro fotógrafo oficial da redação após a formatura.

Sou alguém realizado. Faço jornalismo por amor e, ainda, consigo ter meu empreendimento e deixar minha família estável. Não sei dizer o que me falta. Sou muito grato e realizado por todas as oportunidades e por todas as pessoas que me ajudaram

Thiago Soares

Confira abaixo olhar de Thiago Soares e imagens fotográficas que marcaram a vida dele:

Tendo como maiores inspirações os fotojornalistas Fernando Madeira, Vitor Jubini e Zanete Dadalto, a quem, carinhosamente, considera uma “mãe” na fotografia. Thiago cita a importância do olhar fotográfico. “Zanete sempre diz que por meio do olhar na fotografia é possível congelar um minuto. Vivi muitas cenas emocionantes, como, por exemplo, uma porta-bandeira abraçando a bandeira da escola de samba que amava enquanto chorava. Também fotografei uma família em situação de vulnerabilidade com a criança feliz com um brinquedo quebrado. Vivenciar aquilo é um misto de sentimentos que me encanta cada vez mais no fotojornalismo. Não importa a pauta, eu tento buscar o que há de verdadeiro naquele momento”, declara.

Mesmo após tantas conquistas, o fotojornalista não considera parar de estudar sobre a profissão e se dedicar a aprender outras técnicas. Afinal, ele acredita que sonhos devem ser buscados e não apenas pensados. E Thiago deixa um conselho para as pessoas.

Se a pessoa tem um sonho, só vai depender dela. Não serei eu ou outras pessoas que irão colocar ela lá. Você quer ser um fotojornalista? Então, busque isso, estude de verdade. Até hoje leio muito sobre o assunto. Por mais que você saiba sobre um tema, nunca fique parado. Se você gosta de algo e é isso que quer para a sua vida, não pare de se dedicar

Thiago Soares

>>>> Esse conteúdo faz parte da série “Vidas que Contam”. Os textos apresentados descrevem o Perfil de Pessoas Anônimas e foram elaborados por estudantes do curso de Jornalismo da FAESA Centro Universitário. As produções tiveram a orientação do professor Fabiano Mazzini na disciplina de Jornalismo Literário e Livro-reportagem.

Edição: Natan de Oliveira

Imagem do Destaque: Núcleo de Publicidade do Lacos/Alyson Ferreira