Opinião – O Telefone Celular é uma extensão do corpo humano

Natan de Oliveira

É perceptível na sociedade contemporânea que o telefone celular é uma extensão do corpo humano e que essa tecnologia auxilia as pessoas em diferentes momentos da vida, desde quando acordam até quando vão dormir. Em alguns casos é indispensável, pois os smartphones são considerados instrumentos essenciais no mundo corporativo.

Hoje, indissociável da vida humana, o celular foi criado em 1973 pelo engenheiro da empresa Motorola Martin Cooper . O modelo Dynatac 8000X, que oferecia ferramentas simples, comparando com a infinidade de possibilidades que se é possível obter hoje com a evolução tecnológica, foi o primeiro celular disponível comercialmente.

Dynatac 8000X foi o primeiro celular disponível comercialmente (Foto: Getty Images)

Um marco muito importante para a tecnologia que revolucionou o mercado e a forma como a sociedade utiliza o celular foi o lançamento do primeiro iPhone, smartphone da empresa Apple, no ano de 2007. O iPhone foi desenvolvido por Steve Jobs e a equipe dele. Eles formularam um design inovador, elegante, evoluído tecnologicamente e com uma interface intuitiva que influenciou outras empresas a seguirem engenhos parecidos, mudando, assim, a forma como as pessoas interagem com os celulares

Iphone 2G foi o primeiro da smartphone da Apple (Foto: Divulgação/Apple)

A palestrante, autora best-seller e professora Martha Gabriel conta na palestra “Cibridismo: O mundo on-offline” que a sociedade vive o fenômeno de estar conectada o tempo todo e não querer parar de adentrar nesse cenário. Martha explica também que o celular é uma extensão do corpo humano, já que uma boa parte das pessoas não conseguem ficar distantes do aparelho. Mesmo que não o utilizem em certos momentos, as pessoas sentem a necessidade de saber que estão conectadas e são pertencentes a sociedade em rede.

Martha Gabriel relata ainda que o uso do celular rompe a ideia de que precisa-se ir a algum lugar para obter conexão. Antes era necessário ir até a um computador ou ambiente específico, como as famosas Lan Houses, para estar conectado. Hoje, isso não é necessário, pois a internet está disponível às pessoas a todo momento

A mobilidade, segundo Martha Gabriel, fragmenta os indivíduos. Com um smartphone na mão, é possível fazer muitas atividades diferentes o tempo todo e estar em lugares diferentes, independente do ambiente físico que o indivíduo se encontra, rompendo, dessa maneira, as barreiras geográficas. Isso transforma a forma como o ser humano se relaciona no mundo. 

Palestra “Cibridismo: O mundo on-offline” de Martha Gabriel

Durante os séculos, o homem criou extensões para ampliar as capacidades humanas. Uma plataforma digital aumenta a possibilidade de comunicação e também repercute algo no on, mesmo que o indivíduo esteja no off. O que é publicado nas redes está sujeito a interações a todo momento. As redes continuam ativas independentemente de você estar online ou offline. É uma extensão da personalidade do indivíduo, uma ampliação da individualidade e do ser.  

Nós não temos a escolha se devemos usar mídia social. A questão é a forma como vamos usá-la

Erik Qualman, escritor e especialista em tecnologia digital

Pensando num cenário atual, é possível identificar algumas atividades cotidianas nas quais o celular está presente. Os relógios despertadores foram substituídos pelo despertador do celular, assim como o mapa foi substituído pelo GPS, que também se encontra no aparelho. Com o celular é possível acompanhar o tempo de sono, realizar o controle de atividades físicas, socializar, obter conhecimento, se entreter, entre outros. Quase tudo que é necessário para viver em sociedade é possível com o acesso ao smartphone

Seguindo uma lógica filosófica, no livro “Os Meios de Comunicação Como Extensões do Homem”, o professor e teórico da Comunicação Marshall McLuhan relata a ideia de que os meios de comunicação estão vinculados ao corpo e todo meio ou mídia é uma extensão dele. Os meios de comunicação estendem partes do corpo humano, como a voz, os ouvidos, a visão, a memória etc. 

Para McLuhan, todos os indivíduos são influenciados pelas extensões tecnológicas e muitos chegam a ter um relação de dependência com elas, o que também pode ser relacionado com a ideia do celular como extensão dos seres. 

Retrato de Marshall McLuhan (Foto: Getty Images)

McLuhan foi o primeiro filósofo a tratar dos impactos que a revolução tecnológica teve na sociedade e na vida humana. Ele levantou uma linha de raciocínio sociológica e filosófica que mostra a ideia de que as empresas e a lógica de mercado tendem a unificar o mundo corporativo aos avanços tecnológicos, assim como os costumes pessoais de cada indivíduo aproximam-se dessa crescente. Dessa forma, o mundo se torna cada vez mais moderno e os celulares se potencializam ainda mais como extensões do corpo humano.

Os homens criam as ferramentas, as ferramentas recriam os homens

Marshal Mcluhan

Edição: Natan de Oliveira

Imagem do Destaque: Getty Images