Pesquisa em Foco – “Análise da Poluição Luminosa e do Desperdício de Energia na Iluminação Pública de Vitória-ES”

Cauã Vieira

A poluição luminosa e o desperdício de energia na iluminação pública são problemas complexos e desafiadores que atingem cidades de todo o planeta e requer a colaboração de toda a sociedade para encontrar soluções. O município de Vitória, Espírito Santo, também apresenta os mesmos problemas das cidades do mundo e, por essa razão, a pesquisa intitulada “Análise da Poluição Luminosa e do Desperdício de Energia na Iluminação Pública de Vitória-ES” traz um olhar aprofundado sobre a situação da capital Capixaba, apresentando conceitos técnicos, características, consequências e soluções para diminuir o impacto dessa poluição.

Praia de Camburi à noite (Foto: Arquivo Pessoal)

A Pesquisa é coordenada pelo professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da FAESA Centro Universitário Ricardo Nacari Maioli e conta com a colaboração da ex-professora FAESA Fabiana Trindade da Silva. Ela atualmente está ampliando os conhecimento em um “pós-doc” na Louisiana State University (EUA). Ricardo explica que a Pesquisa é sobre um tema que é pouco difundido na sociedade, mas está presente e afeta diretamente na vida de cada pessoa. O Projeto apresenta o que é a poluição luminosa, explica as consequências desse problema e, também, o aborda sobre o prisma do desperdício de energia. A pesquisa, que começou em setembro e vai até agosto de 2024, analisa e caracteriza os sistemas de iluminação pública em trechos de Vitória e traz explicações técnicas sobre a situação luminosa nesses lugares.

A série de publicações “Pesquisa em Foco” faz parte do conjunto de ações do LACOS e do Mov.ie da FAESA e conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES). As pesquisas desenvolvidas são movimentos de incentivo à inovação, à criatividade e ao empreendedorismo e fazem parte do Programa Institucional de Iniciação Científica (PIC/FAESA) e do Programa Institucional de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIITI/FAESA). A iniciativa envolve alunos dos cursos de graduação da FAESA e permite o desenvolvimento de habilidades de cooperação, criatividade e aprofundamento dos conhecimentos.

O professor Ricardo Maioli explicou que Vitória tem uma grande quantidade de fontes de luz que são direcionadas para locais que não têm necessidade. Para o professor, a poluição luminosa está presente tanto na iluminação pública quanto em lugares privados. O arquiteto e urbanista ainda apontou algumas consequências oriundas da poluição luminosa, como, por exemplo: baixa percepção do céu, prejudica a biodiversidade, pode reduzir a visibilidade humana e pode causar problemas de saúde nos seres humanos (distúrbios do sono, por exemplo).

A pesquisa desenvolvida no ano passado gerou um artigo científico que será apresentado no “V Encontro Latino-americano e Europeu sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis – EUROELECS 2023” que acontece na Bahia neste mês de novembro. O Congresso tem como tema “Sustentabilidade do Ambiente Construído: Integrando Pessoas no Contexto das Soluções baseadas na Natureza”

A pesquisa também aborda ainda o processo de substituição de parte da iluminação pública por modelos com tecnologia LED, muitas vezes sem adequação ao sistema e apenas com troca de peças (lâmpadas). A troca do sistema de iluminação por LED tem alguns pontos positivos e negativos apontou o professor Ricardo Maioli. O LED possui uma luz mais dirigida, o que evita o fluxo luminoso para locais que não o necessita. Essa tecnologia ainda tem uma eficiência energética maior, gastando menos energia e impactando menos o meio ambiente.

Por outro lado, o professor acrescentou que a troca das luzes amareladas de vapor de sódio por lâmpadas LED de cor branca podem interferir no ritmo biológico dos seres humanos e de diversos animais e plantas, tendo em vista que os seres vivos não estão acostumados a esse tipo de iluminação.

É necessário que esse processo de substituição seja feito com todas as informações necessárias e de forma correta. Ainda existem diversas coisas a serem estudadas. Precisamos nos espelhar em outros países que têm estudos mais avançados e estão limitando a iluminação das ruas de maneira amarelada

Ricardo Nacari Maioli

O Projeto está na terceira edição e a equipe de alunas FAESA envolvida na pesquisa neste ano é formado por: Laura Dadalto Bissoli, Mariana Vieira Pimentel Aguiar e Liz Cristian Campaneli. Participa ainda a egressa FAESA Giovanna Citty Lombardi.

Confira abaixo alguns problemas detectados e apresentados na Pesquisa

Luz em excesso e mal direcionada. A luz é “jogada” para o mar e para a restinga, prejudicando a fauna e flora da região (Foto: Arquivo Pessoal)

Edição: Cauã Vieira

Imagem do Destaque: Núcleo de Publicidade do Lacos/Luke Sampaio