MORAL, PSICOLÓGICA, PATRIMONIAL, SEXUAL OU FÍSICA? CONHEÇA OS TIPOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E SAIBA ONDE BUSCAR AJUDA
Hugo Dadalto
O Espírito Santo registrou no ano passado 56.437 ligações para o 190 denunciando casos de violência doméstica. De 2021 para 2022, o Estado registrou um aumento de cerca de 10% dos casos de mulheres vítimas de agressão física. Nesse mesmo período, outras 600 mulheres foram violentadas psicologicamente. Todos esses dados são do 17° Anuário de Segurança Pública 2023 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Além entender a gravidade da situação enfrentada pelas mulheres capixabas por meio desses números, compreender quais os tipos de violência que podem ser cometidos contra a mulher é um passo importante na identificação desses crimes. A Lei Maria da Penha, um dos principais artifícios de proteção da mulher e que está há 17 anos no Brasil, apresenta, no artigo 7, cinco tipos distintos de violência que podem ser praticados: Física, Psicológica, Sexual, Patrimonial e Moral. Conheça abaixo um pouco sobre cada um dos tipos de violência.
Violência Física:
A violência física é toda e qualquer ação que possa afetar a saúde corporal da mulher. Puxões de cabelo, queimaduras, apertões nos braços, tapas, socos e empurrões são alguns exemplos dessa prática. Vale lembrar que esse tipo de violência nem sempre deixa marcas explícitas na vítima que foi lesionada. Por isso, é necessário um cuidado mais atento para identificá-la.
Violência Psicológica:
Perseguir a mulher, fazer ameaças, evitar que ela tenha contato com amigos e familiares, manipular ou ridicularizar, se enquadram dentro desse tipo de agressão. Ela é praticada por meio do dano emocional da mulher, visando fazer com que ela se sinta diminuída e numa posição de submissão ao agressor.
A coordenadora do Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência (Cramsv), Fernanda Vieira, contou, em sua participação no episódio especial do Podcast Caminhos de Maria elaborado pelo LACOS, que muitas vezes a mulher acaba não percebendo que está sofrendo essa agressão e gradativamente a saúde mental e física vai se agravando.
Essa mulher vai vivendo nessa relação, vai normalizando isso como supernormal e, daqui a pouco, vemos os quadros de adoecimento, transtornos, preocupação. E que vai trazer, em algum momento, as consequências dessa violência para ela
Fernanda Vieira
Como parte dos esforços ao combate à violência de gênero, os núcleos (Jornalismo, Publicidade e Audiovisual) do Laboratório de Comunicação e Mercado (LACOS) dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da FAESA Centro Universitário elaboraram uma campanha intitulada “Caminhos de Marias” para implementar projetos relacionados a esse tipo de violência. A A idealizadora do Projeto é a Assistente de Comunicação do LACOS Fernanda Sant’Anna
Violência Sexual:
Nesse tipo de violência, a vítima pode ser forçada a qualquer tipo de relação sexual que não deseja e que ocorre sem o consentimento. Isso pode ser feito via ameaça, uso de força ou intimidação. Além disso, obrigar a mulher a utilizar métodos para evitar uma gestação ou forçar a interrupção dela também fazem parte dessa prática criminosa prevista em lei.
Violência Patrimonial:
Quebrar, esconder, controlar o dinheiro, reter documentos e objetos da mulher, sejam eles de valor ou não, que impeçam ela de garantir as necessidades básicas caracteriza a violência patrimonial. A destruição de aparelhos celulares está entre as práticas mais comuns dentro dessa classificação.
Violência Moral:
Nessa agressão, a vítima pode sofrer atitudes vexatórias por parte do homem. Calúnias, ofensas, acusações de traição, desvalorização do modo como a mulher se veste e exposição da vida íntima são alguns exemplos. Essa prática ainda pode ser feita por meio das redes sociais, expondo fotos pessoais.
A professora do curso de Psicologia da FAESA Centro Universitário Mônica Nogueira, participante do Podcast Caminhos de Maria ao lado de Fernanda, explica que essas atitudes são realizadas pelo homem devido a construção histórica patriarcal da sociedade brasileira. Ela completa que, muitas vezes, as ações são vistas como individuais de um determinado casal ou de uma mulher específica e acabam sendo banalizadas.
A própria desigualdade entre homens e mulheres vai fazer com que essa cultura da violência se apresente muito claro nas relações afetivas
Mônica Nogueira
Onde posso buscar ajuda?
Em casos de emergência, disque 190. Para o registro e encaminhamento de denúncias que possam ser registradas nos órgãos competentes para lidar com esses casos, disque 180.
Em Vitória, as vítimas podem buscar apoio nos serviços públicos municipais destinos a atender especificamente esses casos.
Casa Rosa – Centro Especializado de Atenção à Saúde da Mulher e Família em Situação de Violência
Rua Hermes Curry Carneiro, 249, Ilha de Santa Maria
(27) 3332 – 3290 (27) 98107-0192
Funcionamento: De segunda à sexta-feira, das 7 às 17 horas
Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência (Cramsv)
Avenida Maruípe, 2544, na Casa do Cidadão, em Itararé
(27)98125-0138
Funcionamento: De segunda à sexta-feira, das 8 às 17 horas
Edição: Hugo Dadalto
Imagem do Destaque: Brenda Pereira/Núcleo de Publicidade do Lacos