‘Caminhos de Marias’: Setembro Amarelo em foco
Bruno Caetano
Uma mulher é vítima de violência a cada quatro horas no Brasil. O dado alarmante faz parte do último boletim “Elas vivem: dados que não se calam” da Rede de Observatórios da Segurança. Como parte dos esforços ao combate à violência de gênero, os núcleos do Laboratório de Comunicação e Mercado (LACOS) dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da FAESA Centro Universitário embarcaram em uma campanha intitulada “Caminhos de Marias” para implementar projetos relacionados a esse tipo de violência.
A iniciativa busca guiar meninas e mulheres em uma jornada de autoestima, bem-estar e amor próprio. E, a partir dessa base, combater a violência de gênero e promover uma maior qualidade de cuidados: saúde, segurança e proteção. Como resultado, todos os Núcleos do LACOS estão desenvolvendo conteúdos para trabalhar as temáticas referentes ao Setembro Amarelo, o Outubro Rosa e o Dia Internacional de Luta Contra a Violência Doméstica.
A idealizadora do Projeto e Assistente de Comunicação do LACOS, Fernanda Sant’Anna, compartilhou que a inspiração para o projeto “Caminho de Marias” surgiu de conversas informais com meninas na FAESA sobre relacionamentos, abuso e toxicidade. Nesse contexto, surgiu o desejo de abordar o tema de forma mais abrangente na universidade.
Pensei que seria interessante termos um projeto que permitisse as meninas explorarem essa temática, possibilitando, assim, uma compreensão mais profunda e a oportunidade de identificar eventuais problemas em suas próprias vidas
Fernanda Sant’Anna
O Projeto, agora, começa a abordar temas como relacionamentos e violência psicológica e, além de abordar questões do patriarcado, vários outros temas como saúde serão explorados, abrangendo não somente saúde mental, mas, também, saúde física feminina e feminismo. “O projeto é uma extensão do caminho iniciado pelas mulheres: a busca pela igualdade e pelos direitos. Estamos trabalhando muito para continuar esse caminho”, afirma Fernanda.
Setembro Amarelo
O suicídio é uma realidade crescente e que afeta cada vez mais pessoas e famílias no mundo. Assim, o mês de setembro é dedicado ao “Setembro Amarelo”, uma campanha que visa a conscientização e a prevenção do suicídio. Ao longo desse período, o foco está em destacar a relevância de abordar esse tema e em promover iniciativas para tratar dessa questão delicada.
Na sociedade atual, as mulheres são frequentemente alvo de diferentes formas de violência. Agressão física, violência doméstica, abuso psicológico e muito mais. Por isso, é fundamental considerar as desigualdades e disparidades que impactam a vida humana e podem impactar as tendências suicidas.
A especialista e psicóloga Marcela do Nascimento Ferraz afirma que gatilhos emocionais, relacionamentos, história familiar, história de vida e fatores sociodemográficos são considerados ‘fatores de risco’. “É importante notar que muitas vezes a mulher demonstra sinais prévios de sofrimento, tais como mudanças no comportamento, no humor e na expressão de sentimentos negativos”, explica.
Assim, em pleno século XXI, a disparidade de gênero no suicídio tem sido observada no Brasil. Descobriu-se que homens e mulheres sofrem causas variadas de mortalidade. As mulheres apresentam um registro mais extenso de tentativas de suicídio. Por outro lado, os homens apresentam menos tentativas, mas uma maior prevalência de suicídios consumados.
Os danos psicológicos causados pela violência e trauma de gênero representam riscos significativos para as mulheres. Esses fatores podem desencadear sentimentos de desamparo, perda de propósito e desesperança. Tudo isso pode contribuir para o comportamento suicida
Marcela Ferraz
A psicóloga destaca que um dos principais desafios na prevenção do suicídio é a negligência continuada causada pela desinformação. Ela enfatizou que quando as mulheres procuram ajuda terapêutica, muitas vezes são confrontadas com ceticismo e falta de apoio por parte das pessoas que as rodeiam, enfraquecendo, assim, as redes de apoio. Portanto, os psicólogos enfatizam a necessidade da educação familiar e sua importância na prevenção do suicídio.
Edição: Bruno Caetano
Imagem do Destaque: Brenda Pereira/Núcleo de Publicidade do Lacos