OPINIÃO – Obsolescência Programada

Bruno Caetano

A charge (imagem acima) da cartunista Laerte enfatiza a questão da obsolescência, mostrando um dispositivo autodenominado líder, isolado e de ponta, que logo é superado por outro aparelho com uma funcionalidade distinta e totalmente inovadora.

A evolução tecnológica, então, trouxe consigo uma variedade de funcionalidades em produtos que impulsionaram nosso desenvolvimento. No entanto, é interessante considerar que, atualmente, isso não é necessariamente uma prioridade. Em vez disso, o estímulo ao consumo contínuo é promovido, encorajando os consumidores a substituírem produtos com maior frequência. Isso é feito de várias maneiras, como projetar componentes com vida útil limitada, dificultar ou impossibilitar reparos e atualizações ou simplesmente lançar novos modelos com recursos adicionais para tornar os modelos anteriores menos atraentes.

A sociedade contemporânea é impulsionada por uma cultura do descartável, na qual os produtos são projetados para terem vida útil limitada e dificuldades de reparo ou atualização. Essa mentalidade de descarte tem implicações significativas não apenas no contexto tecnológico, mas também em outras áreas de nossas vidas.

A chamada modernidade líquida, caracterizada pela obsolescência programada e pela incessante busca por novidades, nos faz refletir sobre o caminho que estamos trilhando como sociedade. Estamos realmente priorizando o desenvolvimento sustentável e a satisfação genuína das necessidades humanas ou estamos presos em um ciclo de consumo desenfreado e insatisfação constante?

É fundamental repensar nossas relações com a tecnologia e o consumo, buscando uma abordagem mais consciente e responsável. Isso envolve questionar a real necessidade de adquirir novos produtos, valorizar a durabilidade e a possibilidade de reparo, além de promover práticas de consumo mais sustentáveis. Somente assim poderemos superar a lógica da modernidade líquida e construir uma sociedade mais equilibrada e harmoniosa.

Edição: Cauã Vieira

Imagem do destaque: Twitter/@LaerteCoutinho1