Os desafios para implantar um sistema de moda sustentável no mercado fast fashion brasileiro
Ana Clara Fucci
Você sabe de onde vem a roupa que está vestindo agora? Quem confeccionou? Qual a composição? As peças são escolhidas na arara ou no site e raramente é pensado em todo o processo envolvido na produção que é gigantesco e inclui diversas etapas. Conhecer um pouco mais a fundo o processo de produção da peça é o “pontapé inicial” para perceber que a moda ainda não caminha em consonância com os princípios da sustentabilidade.
Até o século XVIII, as peças de vestuário eram feitas para ter uma maior durabilidade e isso custava tempo e dinheiro. Com a Revolução Industrial, os processos foram sendo facilitados pouco a pouco em razão de uma busca por um capital cada vez mais lucrativo, criando um mercado de tendências de ágil popularização. Essa é a característica essencial da moda “fast fashion”, que trabalha com o barateamento tanto da mão de obra quanto da matéria prima na indústria têxtil.
As grandes fabricantes investem em coleções na qual prevalecem os produtos de maior sucesso inspiradas em estilistas que acabaram de lançar as peças e imediatamente reproduzem em grande escala. O modelo fast fashion no Brasil pode ser observado em grandes fabricantes, como Renner, Riachuelo e C&A. A professora do curso de moda do FAESA Centro Universitário Julia Mello diz que é praticamente inviável ser sustentável sendo “fast fashion” no contexto da produção em série.
O incentivo ao consumo excessivo e o descarte rápido por si só já prova a insustentabilidade da tendência. Em contrapartida ao “fast fashion”, foi criado o movimento “slow fashion”, que visa produzir produtos com uma maior vida útil e qualidade superior, utilizando materiais biodegradáveis como matéria-prima. É o caso da “Az Marias”, uma marca que trabalha em prol do meio ambiente, utilizando resíduos e sobras têxteis de várias fontes da moda para confecção das roupas. Para a fundadora da “Az Marias”, Cíntia Maria, o desafio para adotar o “Slow Fashion” se dá na mudança de pensamento da sociedade com o consumo excessivo que está presente no mundo há muito tempo.
A aluna do curso de Moda do FAESA Centro Universitário Lara Ferreira também acredita que o maior desafio se encontra na mente das pessoas. Lara prioriza o rápido esquecimento, a falta de responsabilidade com a vida e a empatia como os principais obstáculos. Já para Isabella de Souza, outra aluna do curso de moda da FAESA, um dos maiores desafios é a manutenção do capitalismo que impede que todos tenham acesso a melhores produtos e, também, a falta de acesso à informação relativa à moda sustentável.
Aderir, então, ao modelo slow fashion é conceber uma moda consciente, pensada por designers e modelistas cientes das atividades e dos impactos que elas podem gerar, visando uma manufatura de produtos com responsabilidade social e ambiental baseadas numa cadeia de produção de desenvolvimento sustentável.
Edição: Loren Peterli
Imagem de Destaque: Site Oasislab