A bissexualidade na comunidade LGBTQIAP+

Ester Tavares

Em um conceito básico e didático, a bissexualidade é uma orientação sexual válida, que se refere a uma pessoa que é atraída tanto por pessoas do mesmo gênero quanto do gênero oposto. As pessoas bissexuais são frequentemente invalidadas. Na maioria das vezes, essas pessoas sentem que são ignoradas tanto dentro como fora da comunidade LGBTQIAP+ e esse comportamento pode ter um impacto significativo na saúde mental e no bem-estar delas.

A psicóloga Fernanda Kely expõe que a bissexualidade é tida com desconfiança pela comunidade. Pelo fato de ser percebida, equivocadamente, sendo uma combinação da hétero e da homossexualidade, a bissexualidade é comumente considerada uma ameaça à coerência da identidade e do movimento homossexual e, por isso, pessoas bissexuais, muitas vezes, se veem marginalizadas dentro da comunidade LGBTQIAP+.

Já a psicóloga Bianca Santos utiliza a psicanálise freudiana para abordar o conceito da bissexualidade como uma questão psíquica. Bianca explica que bissexualidade não deve ser vista como uma confusão de gêneros, mas como a coexistência de dois no psiquismo masculino e feminino e em configurações singulares ou plurais.

(Imagem: Freepik)

A invisibilidade dos bissexuais também é frequentemente influenciada pela mídia. Personagens bissexuais são muitas vezes mal representados ou retratados com promiscuidade, confusos ou apenas experimentando. O estudante de jornalismo Henrique Castanheira conta que já ouviu falas problemáticas dentro e fora da comunidade. Henrique relata que ouviu de um colega gay que homens bissexuais são gays que querem se sentir diferentes e não se assumir de verdade. “E já ouvi o clássico que bissexual é tudo infiel”, diz o estudante. 

Wanessa Medeiros

É essencial que todos se unam para combater a invisibilidade da comunidade bissexual com o intuito de garantir que todas as pessoas se sintam respeitadas e aceitas. A vendedora Wanessa Medeiros salienta a dificuldade do processo de aceitação e a pressão da sociedade. Wanessa lembra que ela não acordou de um dia para a noite dizendo que era bissexual, ela sempre foi. “Se tivesse mais abertura para se falar de todas as sexualidades mais pessoas se reconheceriam”, garante Wanessa.

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