PROJETO ‘VOZES’ – O combate à insegurança alimentar no Espírito Santo
Ana Clara Gonçalves, Karol Costa e Kayra Miranda
“Metade da humanidade não come; e a outra não dorme, com medo da que não come”
Josué de Castro
Essa frase foi dita pelo geógrafo brasileiro Josué de Castro em 1946 no livro “A geografia da fome” e representa o cenário brasileiro atual. Nos últimos anos, muito tem se falado sobre o termo insegurança alimentar, mas o que esse termo significa?
A insegurança alimentar e nutricional é entendida principalmente como a falta de acesso à alimentação adequada e de qualidade que atendam às necessidades do cidadão para uma vida ativa e saudável.
Dados do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan), aponta que 33,1 milhões de pessoas não têm garantia do que irão comer. São 14 milhões de novos brasileiros no quadro da fome. A pesquisa aponta também que a parcela da população que está mais vulnerável são pessoas pretas e pardas.
No Espírito Santo, também segundo dados da Penssan, existe um baixo índice de insegurança alimentar, sendo que 8,2% da população capixaba passa fome, porém, somando aos outros estados do Brasil, os números são tão alarmantes que levaram o Brasil novamente ao mapa da fome da Organização das Nações Unidas (ONU).
O geógrafo Josué de Castro, um dos principais nomes que tornou pública a existência da fome no Brasil, no ano de 1966 já alertava que o único caminho para a sobrevivência da população era a luta contra o sistema que promove a insegurança alimentar, que, contudo, era ameaçada pelos próprios excessos, abusos e cegueiras do poder econômico.
O videocast “Vozes: um olhar sobre questões sociais – Episódio Insegurança Alimentar” produzido pelas alunas do 4º período de Jornalismo da FAESA Centro Universitário Ana Clara Gonçalves, Karol Costa e Kayra Miranda para as matérias Projeto Integrador III, Produção e Distribuição de Conteúdos para Mídias Digitais, Produção para Audiovisual I e Produção e Edição em Mídia Sonora, trata sobre o combate à insegurança alimentar no Espírito Santo, entrevistando a nutricionista Jacyara de Oliveira, o professor e diretor do Instituto Raízes Jocelino Junior e a assistente comunitária Pauliane de Souza. Confira o episódio completo abaixo:
Assim, para combater a insegurança alimentar, o Instituto Raízes atende diversas comunidades da Grande Vitória com o projeto “Saco vazio não para em pé”, criado durante a pandemia de Covid-19. Segundo Jocelino Júnior, diretor do instituto, era comum receber fotos, vídeos de geladeiras e despensas vazias e pedidos de ajuda nas redes sociais do projeto.
Essa situação de receber fotos nos tocava, pois poucos tinham o que comer. A população mais pobre do Brasil não ficou em isolamento social, pois essas pessoas continuaram trabalhando. A periferia brasileira não parou
Jocelino Júnior
É de suma importância, então, que, em cenários como esse, políticas públicas sejam instauradas e reavaliadas para que haja intervenção do Estado em uma situação considerada problemática. O agravamento de questões como alta do preço dos alimentos, desemprego, pandemia, baixo incentivo a agricultura familiar, entre outros, torna cada vez mais difícil o acesso regular a alimentos por grande parte da população brasileira, que já se encontra em situação de vulnerabilidade social.
Edição: Karol Costa
Imagem do destaque: Karol Costa/Arquivo Pessoal