Origens e importância da música produzida no Espírito Santo
José Modenesi
Após a invasão dos portugueses ao Brasil passou a ser registrado, de maneira documental, os caminhos da música produzida em território brasileiro. O CD “Vitória Instrumental” traz na contracapa um breve texto em que Rogério Coimbra apresenta essa informação afirmando que a música brasileira começou no Espírito Santo, inaugurada e inicialmente produzida no Estado, possivelmente entre 1549 e 1551.
Coimbra conta que, ao descobrir que Ary Vasconcellos iniciou o trabalho “Raízes da Música Popular Brasileira” apontando Francisco de Vacas como a primeira referência oficial da música popular brasileira, ele pôde concluir que a pedra fundamental da música popular brasileira foi lançada na nobre capitania.
Para se aprofundar na história musical do Espírito Santo, o jornalista, músico e escritor José Roberto Santos Neves redigiu o livro “Os Sons da Memória”, que mantém vivas a cultura e a música brasileiras. O livro, para além desse registro da história musical do Estado, é uma leitura crítica de 40 discos que marcaram época no Espírito Santo.
Para José Roberto, o livro redigido por ele é uma forma de dar voz para a música da região e também é uma crítica musical. Ele relata ainda que buscou dar espaço e destaque para nomes da música que, um dia, poderiam acabar sendo esquecidos.
Eu selecionei discos representativos da discografia da música do Espírito Santo, resgatando, principalmente, nomes que correm o risco de cair no esquecimento
José Roberto
Além disso, para o jornalista, o cenário musical do Estado, atualmente, é composto por uma diversidade de ritmos e a nova geração de músicos é formada de muitas pessoas talentosas. José Roberto completa dizendo que o cenário da música do Espírito Santo é muito positivo e trabalha com diversidade e com talento em vários campos e gêneros musicais.
A importância da música para um povo é evidente e inegável. Ela faz parte da cultura de todas as nações e gera interação entre as pessoas além de ser, para muitos, sinônimo de oportunidade. O jornalista, radialista e compositor Francisco Velasco afirma que a música é a carteira de identidade de cada povo.
Velasco também ressalta que a música entrega se o povo que canta é triste, feliz, calmo ou revoltado, refletindo, dessa forma, as vivências de cada sociedade. Para ele, a carteira de identidade do povo brasileiro é uma “bela carteira” pela riqueza e pela importância cultural.
Entregue à carreira musical desde os 6 anos, quando participou do programa “Paraíso Infantil”, a cantora espírito santense Dorkas Nunes relembra com orgulho dos desafios e das conquistas ao longo da trajetória. Ela enxerga na música a oportunidade de ecoar uma voz para o mundo, cantar além das fronteiras e também uma forma de derrubar barreiras por meio do próprio som.
Para ela, apesar de sempre ter sido respeitada nas bandas que participou, driblar o machismo e conquistar espaço foi a maior dificuldade, mas a missão de Dorkas a fez continuar.
A minha missão é cantar e levar alegria para um povo tão sofrido. É como respirar
Dorkas Nunes
Diante dos relatos, pôde-se perceber a grandiosidade e a importância da música brasileira criada e produzida no Espírito Santo. Inevitavelmente, observar o trabalho de quem participa da música do estado é uma forma de entender o olhar dessas pessoas que enxergam no cenário musical otimismo, beleza e oportunidade.
Edição: José Modenesi
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