Uso das fanfics para incentivo literário
Ana Clara Gonçalves
Com o surgimento da internet, o foco de discussão e o campo de atuação da literatura têm permitido novas descobertas e se deslocado do meio tradicional. Novas formas de produções literárias, como o fenômeno das fanfiction – cujo objetivo é (re) escrever histórias baseadas em universos ficcionais ou em celebridades – sugerem a inserção de tecnologia nas escolas para se aproximar da realidade da juventude contemporânea e ampliar os olhares acerca do ensino de literatura na educação básica.
Confira os textos que fazem parte reportagem “Fan Fictions”. No primeiro texto da série especial “Fan Fictions”, o leitor conheceu um pouco desse universo literário: Desbravando o Universo das Fanfics . Já no segundo texto, as Fanfics reforçam as identificações sociais e ajudam no processo de aceitação e de inclusão: Fanfics para Expressão e Representatividade
As fanfics são compreendidas enquanto gêneros discursivos produzidos por jovens, em geral estudantes, e disseminados independentemente pelos mesmos com ajuda da tecnologia. Sobre o ensino de literatura, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) reforça a ideia de estabelecer um processo de aprendizagem a partir da diversidade cultural, sugerindo, inclusive, a inserção da tecnologia e das fanfics nas metodologias de aprendizagem.
A professora de língua portuguesa e doutoranda em literatura feminina de autoria negra Danielle Leal segue o pensamento proposto pelo BNCC e considera importante levar para as aulas textos diversos que são de interesse dos alunos, pois essa aproximação, em primeiro momento, é capaz de despertar e incentivar o gosto pela leitura, trabalhando, assim, não somente com textos canônicos ou consagrados pela literatura. Para ela, o trabalho deve ser feito de forma gradativa para que se possa engajar os alunos e formar uma comunidade de leitores.
Sendo considerados textos literários, por envolver os leitores, por proporcionar reflexões e utilizar a linguagem de forma diversa, Danielle explica que os gêneros digitais proporcionam uma inclusão de alunos em diferentes contextos e que aproximam a escola da realidade de cada um deles. Com os jovens estando cada vez mais conectados, esse universo só tende a crescer.
Além da faceta educativa, como incentivo literário, a estudante Thaissa Campos, 16 anos, expõem que as fanfics são muito usadas como meio de identificação social.
Sempre me senti fora da caixinha, mas, com essas amizades (outros leitores), eu me sentia bem. É bom poder conversar sobre algo que você goste com pessoas que sentem o mesmo. Você não se sente só
Thaissa Campos
Seguindo esse pensamento, a professora defende a criação de rodas de leitura e discussão, além de propor leituras coletivas e relacionar os livros com outras mídias, como filmes e séries, pode fazer com que os alunos se aproximem mais. Ideia essa que é reforçada e afirmada pela jovem estudante Thaissa.
Edição: Karol Costa
Imagem do Destaque: Núcleo de Publicidade do Lacos/Bruna Firmes