Descarte inadequado do lixo eletrônico

Kathleen Vieira

O avanço tecnológico permitiu que novos aparelhos surgissem para facilitar o cotidiano das pessoas. Contudo, essa tecnologia que sempre inova para atrair novos consumidores, junto com o consumismo desenfreado da sociedade e com a falta de locais de coleta correta dos Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (REEE), que é todo produto elétrico ou eletrônico que é descartado, está contribuindo para a destruição do planeta Terra.

Diferente do que grande parte da população sabe, o e-lixo, outra designação que o lixo eletrônico recebe, além de celulares, computadores e pilhas, também inclui televisores, geladeiras, máquinas de lavar, pequenos equipamentos como torradeiras, batedeiras, aspiradores de pó, ventiladores, entre outros. Segundo dados do relatório The Global E-Waste Monitor 2020, da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2019 o mundo produziu 53,6 milhões de toneladas desse tipo de lixo, um aumento de 21% em apenas cinco anos. Além disso, o relatório também prevê que, em 2030, o e-lixo chegará a 74 milhões de toneladas.

Relatório do The Global E-Waste Monitor 2020 prevê que, em 2030, o e-lixo chegará a 74 milhões de toneladas (Foto: Kathleen Vieira)

Desse total, apenas 17,4% foi coletado e reciclado, sendo que o Brasil é o quinto maior produtor de lixo eletrônico no mundo. Com 2.143 toneladas no ano, fica atrás de China, EUA, Índia e Japão.

A bióloga Pâmela Gonçalves afirma que os REEE que são descartados de maneira indevida podem infiltrar-se e contaminar o solo, o lençol freático e também a fauna e a flora das regiões próximas ao descarte, pois apresentam grande concentração de metais pesados, como chumbo, níquel, mercúrio, cobre, prata, entre outros. Além disso, por serem biocumulativos, não são metabolizados na cadeia alimentar e podem chegar até o ser humano.

Quando absorvidos pelas pessoas, por meio da cadeia alimentar, depositam-se no tecido ósseo e gorduroso, podendo provocar doenças que variam de lesões cerebrais a disfunções renais e pulmonares

Pâmela Gonçalves
Coleta seletiva no MPT-ES (Foto: Kathleen Vieira)

Apesar de muitos não levarem a sério os riscos do e-lixo, ainda é possível encontrar quem faz a diferença. O Ministério Público do Trabalho do Espírito Santo (MPT-ES), por meio da Portaria PGT nº 531, passou a implantar uma gestão adequada de resíduos, viabilizando a implantação de uma coleta seletiva solidária e o reaproveitamento de material reciclável.

O Assessor do Procurador-Chefe do MPT-ES e integrante da Comissão de Gestão Socioambiental do MPT, Marcelo Furtado, explica que há a Divisão de Tecnologia da Informação (DTI) do MPT-ES que informa quais os materiais que ainda podem ser utilizados ou reaproveitados e que depois são destinados a outros órgãos do serviço público federal.

Marcelo Furtado, assessor do Procurador-Chefe do MPT-ES (Foto: Kathleen Vieira)

O assessor relata também que eles realizam a correta destinação do lixo eletrônico gerado no MPT e na residência de membros e servidores. Furtado ressalta que a instituição entende os deveres do poder público e da coletividade na defesa e na preservação do meio ambiente para as presentes e futuras gerações e que, com isso, busca promover atividades para minimizar o impacto ambiental.

O Programa MPT Socioambiental promove o estímulo à adoção de critérios socioambientais a fim de minimizar o impacto de suas práticas administrativas e operacionais no meio ambiente

Marcelo Furtado

A estudante de biomedicina Maressa Afonso faz o descarte correto de pilhas e baterias há cerca de nove anos e o que a incentivou a mudar as atitudes foi descobrir os males que o e-lixo pode causar. “Comecei a descartar o lixo eletrônico em locais apropriados quando soube que se descartado de maneira incorreta pode liberar um líquido tóxico que pode ir para os lençóis freáticos”, explica a estudante. Ela também acredita que é muito importante que a população saiba dos locais de descarte para que a poluição dos lençóis freáticos e mananciais sejam evitados.

Educação ambiental

Pâmela Gonçalves acredita que a educação ambiental, tanto em espaços formais de educação como em espaços não formais, é a primeira grande aliada para a diminuição dos números do e-lixo descartado incorretamente.

A conscientização sobre o descarte correto do REEE e a aplicação do 7Rs da sustentabilidade: Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar, Reciclar, Responsabilizar e Respeitar podem começar a mudar a realidade do planeta Terra quando o assunto é e-lixo

Pâmela Gonçalves

Edição: Karol Costa

Imagem Destaque: Pixabay