Câmeras onipresentes na sociedade

Bruno Laurindo

A população tem dividido espaço com dispositivos que registram imagens em tempo real. O exemplo disso é a câmera de vigilância que grava imagens 24 horas por dia. Outro exemplo é a própria câmera do Smartphone que é o item mais usado pela população e o lugar já é certo no bolso ou na bolsa dos usuários. Esses equipamentos onipresentes, além de importantes para a sociedade de uma forma geral, estão sendo aproveitados por jornalistas, pois são fundamentais na captura de flagrantes desvendando ocorridos e até solucionando crimes.

Com a ajuda desses dispositivos, o jornalista, após apuração profunda, consegue transformar fatos em notícias . Alguns desses profissionais vão além e usam essas imagens para serem exibidas nos telejornais, possibilitando uma maior cobertura de temas que antes não poderiam ser abordados diante da limitação das equipes de reportagem em fazer a cobertura jornalística.

Professor William de Oliveira (Foto: Arquivo Pessoal)

O professor do curso de Jornalismo da FAESA Centro Universitário William de Oliveira relata que esses dispositivos são ferramentas poderosas para a sociedade e as imagens produzidas passaram a ser fundamentais para o jornalismo. “A partir de uma boa checagem e apuração de que imagem é essa, qual o contexto de que ela foi feita e se ela é autêntica, é possível fazer jornalismo de uma maneira espetacular”, conta o professor.

Por meio da onipresença de câmeras, rompe-se uma limitação com a expansão e a ajuda de um número incalculável de novos repórteres cidadãos que presenciam os mais diversos fatos registrados nos próprios equipamentos portáteis. A atitude contribui para a produção de minidocumentários como modo de propagar os acontecimentos que ganham visibilidade ao serem exibidos nas emissoras de televisão, criando, assim, um jeito novo de fazer jornalismo.

A atratividade das imagens reside no impacto causado pelo reconhecimento do registro amador, transferindo ao espectador uma sensação de vivência do fato. Essas imagens são bem inferiores a uma câmera profissional, mas ao registrar um flagrante torna-se essencial para que um acontecimento vire notícia.

Professor Paulo Soldatelli (Foto: Bruno Laurindo)

O professor do curso de Jornalismo da FAESA Centro Universitário Paulo Roberto Soldateli, afirma que essas câmeras, mesmo com imagens de baixa qualidade, passam mais credibilidade, causando impacto ao telespectador. “O jornalista nem sempre está presente durante o ocorrido e, geralmente, essas câmeras registram o flagrante que é chamado de momento decisivo. Um indício importante de que o fato aconteceu”, explica o professor.

Os efeitos de sentido gerados por esses tipos de imagens baseiam-se no cumprimento de uma sensação de veracidade. Esse tipo de conteúdo documenta algo que efetivamente aconteceu, legitimando a inserção desses materiais no noticiário. Em meio ao quadro crítico de insegurança vivido na sociedade, a população busca nas tecnologias meios para garantir a autoproteção. Assim, a iniciativa ajuda a encontrar novas formas de denúncias por meio do vínculo criado entre telespectador e jornalista

As imagens das câmeras de segurança, muitas vezes, registram o fato que é o “momento decisivo” (Foto: Unsplash)

Câmeras de vigilância trazem sensação de segurança

A população tem se beneficiado, cada vez mais, das câmeras de vigilância que estão por todas as principais cidades do Brasil. Em Vitória, capital do Espírito Santo, elas estão por todos os lados, sejam no shopping, na fachada de prédios e até nos postes e semáforos. Esses tipos de equipamentos transmitem uma sensação de segurança para a população uma vez que o registro é feito em tempo real, 24 horas por dia.

Câmeras de vigilância têm sido, então, fundamentais contra a violência na sociedade, pois, na maioria das vezes, somente a presença dela inibe a ocorrência de crimes ou de algum tipo de infração. Há um senso de “documento” ou “prova” nas imagens registradas por essas câmeras que contribui para um aumento e aprovação cada vez mais na sociedade.

Nesse sentido, então, no mundo líquido moderno, há um crescimento de um sentimento chamado mixofobia, que é o medo de conviver com o diferente, ou seja, o medo de misturar-se com todos aqueles que, de alguma forma, representam uma ameaça à sociedade. Assim, cresce uma espécie de redundância. Isso é a condição daqueles que são descartados pelo progresso econômico. Essa redundância significa uma condição na qual o indivíduo é descartado. Os redundantes são todas aquelas pessoas que, de alguma forma, são vistos como alguém que deve ser tratado como caso de polícia e não de políticas públicas.

Professor Vitor Nunes (Foto: Bruno Laurindo)

O professor da FAESA Centro Universitário Vítor Nunes Rosa explica que no Brasil os redundantes são pessoas em situação de rua, usuários de drogas que moram nas ruas. “Essas pessoas são consideradas uma ameaça constante. Tudo isso gera um sentimento de mixofobia, o medo de conviver com os diferentes”.

Ainda de acordo com Vitor Nunes, o sentimento de mixofobia acaba produzindo a arquitetura do medo que é exatamente uma nova composição social formada pelas cercas elétricas, muros altos, sistemas de videomonitoramento e grades. Toda uma arquitetura para expressar a proteção transmitindo uma ideia de segurança.

Para o técnico especialista em câmeras de videomonitoramento Felipe Lima, as câmeras têm o poder coercitivo, pois as pessoas antes de cometerem ilícitos procuram ver se o ambiente é monitorado ou não. “Vários casos já ocorreram. As pessoas que querem pratica atos ilícitos arrancam todo o sistema de monitoramento e destroem essas imagens para poder apagar a prova desses crimes”, destaca Lima que também é supervisor de segurança privada.

Supervisor de segurança Felipe Lima (Foto: Bruno Laurindo)

As câmeras, além de trazerem proteção, funcionam como vigias, pois são adventos que se popularizam a cada dia, tornando-se indispensáveis para a manutenção da segurança. A maior parte dos crimes que acontecem em ambientes urbanos são captados por esses tipos de dispositivos. Esses equipamentos ajudam na solução de crimes de maneira que tornam-se indispensáveis para a segurança pública e também para a segurança privada.

Segundo Felipe Lima, as câmeras de videomonitoramento ajudam colaborando para a segurança pública, protegendo a sociedade 24 horas por dia. “Desde o momento que você sai da sua casa até o momento que você volta, você foi monitorado por diversas câmeras que, agora, fazem parte da estrutura da sociedade”.

Edição: Karol Costa

Foto Destaque: FreePik