livros são aliados dos estudantes universitários

Ana Carolina Magalhães Effgem

Fernanda Gonçalves Sant’Anna

Seja para escrever um texto, estudar para uma prova ou referenciar o trabalho acadêmico, todas as disciplinas de qualquer curso superior possuem uma bibliografia de apoio. E essa bibliografia é que ajuda na formação profissional e também na construção humanística do universitário. A leitura, então, é fundamental e imprescindível no processo da aprendizagem e na busca dos saberes.

A professora do curso de Jornalismo da FAESA Centro Universitário Emilia Manente acredita que o aluno não consegue ter um bom vocabulário para escrever se não estiver atrelado a uma boa dose de leitura. A docente de texto jornalístico tem um projeto nas duas disciplinas que ministra para o segundo e terceiro períodos da graduação, chamado “Livro de Leitura do Semestre”.  Além da bibliografia das disciplinas, os discentes leem um livro ligado ao jornalismo e o apresentam para a turma.

Para o segundo período do curso de Jornalismo, Emilia divulga uma lista de livros, todos escritos por jornalistas e que ajudam os alunos a ampliarem o olhar sobre a profissão e o repertório. Para o terceiro período, a professora vai mais longe nas indicações. Ela conta que além do jornalismo, eles têm discutido racismo estrutural, feminismo, ideologia de gênero e outros assuntos em evidência na sociedade. A docente acredita que todas as leituras contribuem para ampliação do repertório dos alunos, tanto para debate de ideias, como, também, para a escrita de um bom texto.

A leitura ajuda o aluno a ter um bom vocabulário (Foto: Arquivo Pessoal/Nicolle Barbosa)

Não só de livros acadêmicos vive o universitário. A estudante de Letras Português Pamela Prates afirma que, normalmente, lê por volta de três livros ficcionais por mês. A leitura, para a universitária, desempenha um papel de identidade. Pamela conta que desde que se entende por gente tem contato com a leitura, já que a mãe tinha uma banca de revistas. Ela diz que consegue equilibrar a leitura técnica com a ficcional, mas prefere os ficcionais, que são os livros que ela lê mais rápido.

Por outro lado, existem os estudantes que não admiram essa prática e realizam apenas as leituras obrigatórias do curso universitário. Um desses exemplos é o estudante de Direito Gabriel Vargas. Ele prefere usar o tempo disponível com jogos eletrônicos ou séries de TV. O estudante não enxerga a leitura como um hábito prazeroso, mas entediante. “Leio somente o que é necessário, nas disciplinas, para aprender o conteúdo”, afirma Vargas.   

Pluralidade literária 

Imagine um universitário que pode ter acesso a 105 mil exemplares de mais de 28 mil títulos de livros impressos e digitais e em mais de 40 áreas de conhecimento. Esse é o acervo literário da biblioteca da FAESA. A Coordenadora da Biblioteca da FAESA, Alessandra Patuzzo, conta que antes da pandemia da covid-19, em média, eram emprestados cerca de 5 mil livros técnicos por mês. Alessandra explica que a procura pelo empréstimo é sazonal, acontece mais pelos alunos calouros, que estão chegando no centro universitário. Além disso, os discentes que estão produzindo o trabalho de conclusão de curso também são os que mais retiram os livros.

A coordenadora da Biblioteca da FAESA, Alessandra Patuzzo (foto: arquivo FaesaDigital/Nina Wyatt)

A Coordenadora da Biblioteca relata que antes da pandemia, o local promovia ações e encontros com os alunos e funcionários para incentivar a leitura. Alessandra comenta que, com isso, os alunos se destacam mais, têm uma melhor escrita e uma melhor comunicação. A profissional acredita que os livros ficcionais também acrescentam para os alunos. Por isso, a Biblioteca contém uma estante com sugestão de títulos logo na entrada. O acervo ficcional conta com mais de mil títulos e são emprestados cerca de 100 a 200 títulos por mês.

Mudanças dos hábitos  

Em meio a pandemia da Covid-19, em que a situação é preocupante e dolorosa para muitos brasileiros, as pessoas têm buscado meios de relaxar a mente e se desligar, mesmo que por alguns minutos, da realidade. Os livros têm se destacado durante o isolamento social. Para muitos, as histórias têm sido uma forma de respiro e também a única viagem segura e possível nas atuais circunstâncias. 

Hábitos de leitura foram reconstruídos na pandemia (Foto: Arquivo Pessoal/Nicolle Barbosa)

A estudante de Jornalismo da FAESA Centro Universitário Nicolle Barbosa afirma que por conta da pandemia e a rotina toda adaptada em casa tem mais tempo para leitura. Segundo a universitária, a leitura ficcional tem sido um momento de prazer e relaxamento. Ficção científica é o que a jovem mais tem lido, mas, também, diz que gosta de ler romances e livros que a abstém do mundo de notícias ruins. Ela explica que a motivação para leitura na situação atual é saber que esse momento é importante para a saúde mental e bem-estar. A aluna acredita que após ler se sente mais relaxada, com a mente mais leve e tem mais energia para realizar as atividades do dia. 

Para a Psicóloga Luana Miranda, com a pandemia, as pessoas foram obrigadas a encarar mais momentos ociosos, sendo os livros um refúgio. A psicóloga comenta que a leitura atiça a criatividade, o pensamento crítico, melhora a concentração, além de estimular a memória. Em um momento em que é preciso lidar com o ócio, medos e incertezas, Luana afirma que a leitura pode ajudar as pessoas a se conectarem com o agora, com a imaginação e com a possibilidade de recriar o próprio mundo a partir do que está sendo lido e pode ajudar na diminuição de ansiedade.

Para quem quer manter o hábito de leitura durante o momento pandêmico, os clubes de livro por assinatura se tornaram uma opção, pois os associados recebem os exemplares em casa. Em 2020, segundo a empresa de tecnologia especializada na oferta de soluções para e-commerce, Betalabs, o setor de clubes de assinatura cresceu 60% em relação ao ano de 2019. O segmento dos livros representa 27% do total desses clubes. Com a pandemia, o comércio online ganhou força, uma vez que, com as lojas parcialmente fechadas, a compra virtual virou a opção mais viável. 

A universitária de biomedicina Mariana Mota relata que fez parte de um clube do livro de curadoria. Ela recebia um livro indicado por uma pessoa renomada do mundo da literatura. A jovem diz que recebia o exemplar junto a uma revista, que explicava o contexto histórico em que o livro foi escrito, informações do autor e curiosidades. Além disso, recebia também um presente que representasse o livro enviado. Mariana explica que cancelou a assinatura por motivos financeiros, mas que pretende retomar a assinatura assim que possível. 

Edição: Fernanda Gonçalves Sant’Anna

Foto do Destaque: Freepik