Artigo opinativo/Crônica – A magia do verbo: palavras que conectam pessoas e ideias
Jullia Mól
Embora à primeira vista a escrita possa parecer um ato individual e isolado, a construção de um texto é um ato social de interpretação consciente do mundo ao nosso redor. Quem escreve deve sempre ter em mente a expectativa do leitor, as convenções do texto e procurar compreender o contexto (onde e quando) de quem se espera alcançar.
A publicidade é um tipo específico de linguagem com as próprias características, mas, como toda linguagem, ela é como um código que será decodificada pelo receptor da mensagem. Um bom texto publicitário deve informar, surpreender e acima de tudo dialogar com o público de maneira autêntica. A cada realidade retratada, a linguagem publicitária se adapta, aproximando a escrita da fala cotidiana, permitindo desvios de norma e neologismos.
Juntas, as palavras e outros signos contam histórias que podem comunicar mensagens com um alto impacto emocional e tornar memorável uma boa campanha de marketing ou uma marca. Essa ressonância perdurável pode ser criada por uma série de elementos da publicidade que combinados ajudam a criar envolvimento e impulsionar o relacionamento com o consumidor. Contudo, em primeiro lugar, é preciso ter a clareza do que se pode oferecer ao público e o que se está tentando alcançar.
Como uma vitrine, o título é o primeiro elemento a ser visto e, por isso, deve ser traduzido de modo com que ali seja falado o mais importante. Além de frequentemente incorporar as figuras de linguagem como hipérbole e metáfora, o título também se relaciona com as funções de linguagem, dando intenção ao emissor da mensagem. Essas funções podem ser emotivas, informacionais ou poéticas por exemplo. O título pode destacar os benefícios do produto, despertar o interesse do público com uma pergunta, insinuar a solução de algum problema. Procure descobrir o que não está sendo dito e diga ao cliente.
O slogan publicitário diz ao mundo, de maneira inteligente, quem você é e o que representa. Ele funciona como um gancho que leva o cliente a compreender o diferencial da marca, sendo também um elo de comunicação entre o lugar já ocupado pela empresa na mente do consumidor e o lugar que se deseja ocupar agora. Se imaginamos a marca como uma pessoa, o nome é como ela se apresenta ao público e o slogan é o que ela diz de interessante logo depois.
Assim, por meio do sistema de signos, o marketing é constituído pelo conjunto da linguagem não-verbal com a verbal com uma grande troca entre esses elementos. Em muitos casos, os signos vão apresentar um caráter figurativo e icônico, como no marketing de oportunidade. Também chamada de marketing viral, essa estratégia consiste em aproveitar uma data, acontecimento e, hoje, até um meme para trazer visibilidade à marca e gerar engajamento. E embora esse conceito fale justamente sobre aproveitar as oportunidades para divulgação da empresa, é importante saber que nem todas as situações são oportunas para o estilo de negócio.
O mais importante mesmo é saber que escrever é como mágica, capaz de transformar tudo. Divirta-se e deixe-se levar pelo prazeroso processo da escrita. Nunca se esqueça da magia do verbo. Essa magia pode transformar a feiura em beleza, fazer as pessoas se sentirem calorosas quando seus corações estão frios e pode transformar o que pensam de você.
>>> Esse texto faz parte de uma série de produções opinativas sobre Publicidade e Criatividade feitas por estudantes de Publicidade e Propaganda da FAESA Centro Universitário. As produções tiveram a orientação do professor Victor Mazzei.
Edição: Isabela Wilvock
Imagem de Destaque: Gabi Palmejani e Vitória Gava / Núcleo de Publicidade