Projetos incentivam a leitura

Gabriel Barros

Seja na cabeceira da cama, no caminho para o trabalho ou até mesmo no tempo de lazer, o hábito pela leitura faz parte do cotidiano de muitas pessoas. Contudo, nos últimos anos tem perdido espaço. Dados divulgados por uma pesquisa do Instituto Pró-Livro, realizada em 2016, mostraram que os brasileiros trocaram os livros pelas redes sociais, televisão e plataformas de streaming (tecnologia que envia informações multimídia).

A pesquisa demonstrou que as regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil possuem o maior número de pessoas com hábito de leitura, 61% e 57%, respectivamente. Em seguida, está a região Norte com 53%, o Nordeste com 51% e o Sul com 50% de leitores habituais. A pesquisa aponta ainda que cada brasileiro lê, em média, 2,43 livros por ano e cerca de 30% da população nunca comprou um livro.

Os livros físicos estão “abandonados” nas estantes e projetos existem para influenciar a leitura (Foto: Gabriel Barros/ Núcleo de Audiovisual)

É para mudar esse cenário que há pessoas que trabalham em projetos para estimular o hábito de leitura. A bibliotecária Alessandra Patuzzo, estimulada pela professora de língua portuguesa a explorar o mundo literário, tem o desafio de incentivar outras pessoas a lerem. Ela participa de ações culturais, projetos e oficinas que visam aproximar as pessoas dos livros.

Hoje, nós vemos no ensino superior as pessoas com déficit muito grande na escrita e na fala, pois não criam uma rotina de leitura

Alessandra Patuzzo
A bibliotecária Alessandra Patuzzo aconselha as pessoas a lerem livros no dia a dia (Foto: Arquivo/ Núcleo de Fotografia)

A bibliotecária deixa, ainda, dicas para quem desenvolvendo o hábito no cotidiano. A pessoa deve começar por revista, histórias em quadrinho e textos simples que tratem de temas do interesse. Também é preciso entender a importância da leitura para que ela se torne prazerosa.

A biblioteca é uma importante fonte de conhecimento e deve ser mais valorizada pela sociedade (foto: Gabriel Barros/ Núcleo de Audiovisual)

A estudante Nathália Ferreira descobriu o prazer nas páginas de um livro a partir do incentivo da mãe e da madrinha. Quando pequena gostava das histórias de ficção científica, mas, atualmente, adora ler clássicos literários. A paixão que sente pelos livros levou a jovem a se voluntariar em projetos que promovem o interesse pela leitura.

Em 2018, Nathalia participou do projeto “Virando a página” que tinha como objetivo fundamental contribuir no processo de ressocialização dos detentos da Penitenciária Estadual de Vila Velha. A voluntária do projeto faz questão de destacar que, além da redução na pena, os detentos apreenderam novos valores e a explorar a imaginação.

O projeto é responsável por levar cultura aos detentos. Consequentemente, eles recebem conhecimentos, além de aprenderem valores (Foto: Arquivo pessoal)

Eles são considerados excluídos da sociedade e, por isso, não enxergam as oportunidades da vida. O projeto abriu as portas para eles

Nathalia Ferreira

O professor universitário Antônio Alves de Almeida criou o projeto e o levou para dentro dos presídios do Espírito Santo. Ele explica que o objetivo do “Virando a página” é disseminar a cultura e possibilitar uma ressocialização desses detentos.

Esse projeto é importante para que eles possam ver-se como cidadãos, como sujeitos que possuem direitos e possam ampliar seu repertório cultural

Antônio Alves de Almeida
O professor Antônio Alves foi o responsável pela criação do projeto e conta com a participação de estudantes como voluntários (Foto: Arquivo pessoal)

Existem outros projetos que, além de incentivar a leitura, buscam valorizar as boas ações. O projeto “Aumigo de livros” da professora Magali Gláucia Fávaro de Oliveira é um exemplo. Em 2017, ela vendeu alguns livros para arrecadar dinheiro com o intuito de ajudar animais em situações de rua. A partir disso, criou uma conta em uma rede social para dar visibilidade ao projeto. Hoje, ela recebe doações de livros e conta com o apoio de voluntários para ajudar os animaizinhos e estimular a valorização da leitura.

O “bazar aumigo de livros” vende livros com um valor mais econômico. O valor arrecadado ajuda os cães abandonados (Foto: Reprodução/ Instagram)

EDIÇÃO: Andressa Alves

FOTO DO DESTAQUE: Gabriel Barros