Rap Capixaba: o começo de tudo
Pollyana Cuel
Old School, New Shchool: você já ouviu falar desses termos? É dessa forma que o rap tenta explicar a história de forma mais organizada. Para contar como o rap chegou no Espírito Santo, é importante lembrar que o movimento Hip Hop nos Estados Unidos serviu como base para o mundo. Em meados dos anos 80, o Miami Bass e o Boombap, estilos de produção musical, influenciaram os DJs capixabas.
Nessa época, os DJs tocavam esses ritmos e o eletrofunk nas festas que aconteciam no Parque Moscoso, no Centro de Vitória, para as pessoas dançarem. O público era composto por adolescentes e jovens de periferia que trabalhavam no bairro e nas redondezas. A princípio, apenas a dança break era feita. Quando um grupo de amigos assistiu ao filme “Beat Street”, exibido em 1984, e traduzido no Brasil como “A loucura do ritmo”, conheceram outros elementos do Hip Hop, como o rap e o grafite.
No começo dos anos 90, o Espírito Santo organizava poucos eventos de rap. Os que aconteciam eram restritos às comunidades. Por conta disso, as letras muito cantadas na época se perderam, já que não foram gravadas. DJ Renegrado Jorge é um dos rappers mais influentes da década de 90. Ele decidiu organizar um concurso de rap, dando, assim, um espaço para o coletivo se encontrar.
Portas abertas
Renegrado Jorge já trabalhava na rádio universitária FM em 1996 e decidiu criar um programa voltado para o rap: o “Universo Hip Hop”. Junto dele, estava Lbrau, um outro nome de destaque no momento. Foi devido a esse programa que os rappers capixabas começaram a ter voz, pois os locutores pediam às pessoas letras de rap, dando a oportunidade de serem gravadas por eles. Hoje, o programa ainda está no ar aos domingos, porém é feito somente por Lbrau.
Essas e outras informações se encontram no livro “Rap: A Força da Fala”, lançado em maio de 2019, por Fredone Fone, 38 anos, artista visual e músico. Ele entrou na cena do hip hop em 1995 com o grafite e contou que um dos maiores marcos do rap foi a abertura das portas de casa por LBrau para fazer uma batalha de rappers, com direito a jurados. Esse evento foi considerado uma escola para os músicos.
Anderson Nascimento, 45 anos, conhecido como Dududurap, faz parte do grupo de rap mais antigo e ainda em cena no Estado, os Suspeitos na Mira. Desde meados dos anos 80, Dududurap faz parte não somente da história do estilo musical, mas, também, da trajetória de muitos rappers capixabas. Os rappers da velha e da nova escola sempre citam o grupo os Suspeitos na Mira quando o assunto é a influência local.
Anos 2000
Foi no começo dos anos 2000 que o rap Old School – Velha Escola – que tratava 100% de discursos de protesto, luta de classes e periferia ficou de lado. Uma New School – Nova Escola – entrava em cena. No Rio de Janeiro, o grupo Quinto Andar revolucionou o cenário ao lançar as músicas produzidas de forma caseira em mp3. A maior popularização da internet permitiu que o rap se expandisse pelo Brasil.
André Luiz Angelo Martins, 41 anos, ou somente Adikto, é um nome forte no cenário capixaba da New School. Em 2005, ele participou da Liga de MCs e se destacou na batalha. Já em 2009, conseguiu ganhar o Prêmio Hutúz, sendo os dois eventos importantes para o mundo do rap. Ainda em 2009, Adikto, que também é professor, criou o projeto Escola de Rima, dando vida aos novos rappers capixabas.
Edição: Diogo Cavalcanti