Exposição fotográfica “Retratos de Vênus” em Vitória
Isabela Wilvock
Amanda Bolonha tem 23 anos e iniciou à carreira fotográfica aos 13. Contudo, apenas com 18, tornou-se oficialmente profissional na área. A capixaba mudou-se para o Rio de Janeiro, onde tudo teve início. Vítima de relacionamento abusivo, começou a fotografar as amigas por brincadeira, pois era proibida de sair com outras pessoas que não fossem mulheres. Além disso, também era impedida de registrar a si mesma.
As fotos chamaram a atenção na internet e, consequentemente, a fotografa começou a viajar o Brasil. Dentre os lugares visitados estão: Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Atualmente, ela realiza exposições e até o dia 18 de outubro “Retratos de Vênus” estará em exibição na Casa Stael, localizada em Vitória.
Amanda consegue refletir e emocionar por meio das capturas. A expressividade é a marca pertinente das fotografias, mediante a sensibilidade demonstrada. As mulheres fotografadas servem de inspiração para o trabalho que faz.
Meus vértices de tristeza influenciam o meu trabalho. Caso eu esteja muito triste, sei que meu trabalho vai ser muito bom. Contudo, se estou estável, será mais ou menos
Amanda Bolonha
“Retratos de Vênus”
O nome da exposição remete à Vênus de Milo (A estatueta de Alexandre de Antioquia tem os braços cortados e está nua), exposta no Museu do Louvre. Defensora do empoderamento feminino, Amanda contou o objetivo em fazer uma homenagem a todas as mulheres que fotografou, ao trabalho e à ela mesma, além, é claro, de encorajá-las a fazerem o que quiserem, sem opiniões alheias.
Essa é a 13° exposição realizada pela fotografa. Ela nunca teve a intenção de fazer uma, mas foi algo que aconteceu. A primeira foi há dois anos e, hoje, traz a ela grande satisfação. O intuito em fazer as exposições se deu na internet, pois a artista sente que houve o desfavorecimento da fotografia.
Tem o mecanismo da câmera, do Photoshop e do Google que ensina tudo. Todo mundo pode ser fotógrafo hoje, mas trazer para o real é diferente. Tudo é pensado, desde o material usado para revelar as fotos, até a iluminação usada
Amanda Bolonha
A maioria das fotos são mesclagens entre amigas, que demoraram a entender o processo de posar para ela, e de mulheres, que já aceitaram ou estão em processo de aceitação com o próprio corpo. Amanda trabalha junto com as mulheres a autoestima e o amor próprio.
Karine Celestino, 22, é amiga de Amanda e também foi fotografada. Elas estudaram juntas e por intermédio do Instagram se reencontraram. Karine entrou em contato para fazer um ensaio, na intenção de recuperar a autoestima. Ela procurou fazer algo sensual porque era a primeira vez, mas revela o desejo em fazer outros seminus.
Tive uma experiência maravilhosa. Foi confortável e me senti maravilhosa, bem poderosa. As fotos tiveram um efeito muito grande em mim e me aceito mesmo com todas as “imperfeições”. Não preciso da opinião de outras pessoas
Karine Celestino
Algumas mulheres que estão com as fotos expostas estiveram presentes na exposição. Agatha Becelli, 23, é uma delas. Ela conheceu Amanda na faculdade e acompanhava o processo das fotos. A sintonia entre elas surgiu ao fazer os retratos. A intenção era demonstrar algo bonito, mas triste, pois era o sentimento que perpetuava a vida de Agatha naquele momento.
Eu sei que nenhuma dessas fotos são por acaso e todas elas contam uma história. Elas ocorrem não só pela estética, mas como uma forma de aceitação ao corpo feminino. Me emociono ao olhar para as minhas fotos e lembrar da história por trás delas
Agatha Becelli
Dentre as pessoas que foram prestigiar a exposição, estava Gabriela Melatte, 24, que acompanha o trabalho de Amanda há muito tempo. “As fotos são lindas e tem muita sensibilidade nelas. Vejo muita representatividade, empoderamento e mensagens importantes por trás de cada uma”, diz a publicitária.
Edição: Andressa Alves/Lacos – Núcleo de Jornalismo
Foto do Destaque: Isabela Wilovock/Lacos – Núcleo de Jornalismo